por Sulamita Esteliam
Preliminarmente: tive que interromper as postagens aqui no blogue por conta de um incidente oftalmológico; uma espécie de “derrame” no olho esquerdo que torna a fixação do olhar em tela, uma verdadeira tortura.
Como é me é impossível escrever sem olhar para a tela, vou protelar mais uns dias o retorno, o tempo que for necessário para me recuperar plenamente.
Não obstante, já que abri o portátil, atualizo as informações sobre a execução do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em missão ambientalista e em defesa dos povos indígenas e da floresta na Amazônia.
O que se percebe é o esforço em se usar cortina de fumaça sobre o andamento das investigações, para dizer o mínimo.
A começar pelo Coisa-ruim, que inegavelmente tem responsabilidade política sobre essas mortes; e de todos os ativistas ambientais, defensores dos povos indígenas e de seus territórios. e de direitos humanos que foram emboscados ao longo do seu desgoverno.
É fundamental não esquecer que foram assassinados dois humanistas, que procuravam clarear o que se passa na floresta, o que contrariou interesses dos que lucram com as atividades ilegais. É preciso cobrar o aprofundamento das investigações para que se faça justiça.
As mortes foram confirmadas pela Polícia Federal na quarta-feira, 15. Amarildo Oliveira da Costa, o primeiro suspeito a ser preso, confirmou a participação no crime e indicou o local onde os corpos, esquartejados, foram enterrados na mata profunda. O irmão dele, Oseney da Costa Oliveira, e um terceiro suspeito também estão presos.
Fez-se a reconstituição do crime e os restos mortais foram levados em avião da FAB para o Instituto de Criminalística para identificação dos corpos.
Contudo, extraoficialmente membros da PF descartam, que tenha havido um mandante para o crime, o que é absolutamente inverossímil.
Avaliam também que a eliminação dos dois também não envolveu uma quadrilha, mas já admitem a participação de mais cinco homens, que teriam ajudado a enterrar os corpos.
O colega Fernando Brito, questiona no Tijolaço, se oito pessoas não caracterizam formação de quadrilha. Transcrevo parte do texto, e fecho com ele:
“(…)
Alguém pode imaginar que, assim, sem um vínculo criminoso contínuo e organizado, se “arranja” um lote de cinco pessoas dispostas a se embrenhar na mata para esconder corpos?
“Ô fulano, tudo bem? será que você não chama o Zé, o Antônio, o Juca e mais um pra a gente ir enterrar uns caras que eu matei lá no igapó?”
Se a PF está certa em procurar esta quina de criminosos que se juntaram à trinca assassina, então temos diante de nós uma quadrilha que, antes deste crime bárbaro já tinha práticas ilegais em conjunto.
E o que os aquadrilhava? Caça e pesca ilegais? Tráfico de animais silvestres, de drogas, o quê?
Antes que se saiba que grupo era esse, capaz de mobilizar oito homens para dar sumiço a corpos, e quais era suas ligações é impossível que se diga, como fez a PF em nota oficial que os indícios são de que “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”.
Como é que se juntam oito homens para enterrar corpos despedaçados sem um agrupamento criminoso já em pleno funcionamento?
Tem todo o sentido a pergunta feita por Caetano Veloso na homenagem que fez a Bruno e Dom em seu show de ontem: “por que parar as investigações?”.
O que se quer sepultar nas matas fechadas do Javari, que esta quadrilha de oito é maior e que se liga a outras, sem as quais não fariam o comércio que defenderam de quem os denunciava?”
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Outras fontes recorridas: