por Sulamita Esteliam
Estamos de volta, depois de um rolê de duas semanas mais três dias na Macondo de origem. O portátil foi junto, mas só consegui abri-lo uma vez, e não foi apenas pelas restrições oftalmológicas, finda em alguns dias. Acabei tirando ligeiras férias: e curtir os netos, filho, filha, irmãs, tia, amigas e amigos possíveis, passear e descansar me fez muito bem obrigada. Ficou muita gente para ver, devido à restrições de tempo e saúde, pois a Covid não dá trégua. Depois conto mais.
Retorno com boas notícias, e elas falam de pertencimento e noção de cidadania, palavras que traduzem, históricamente, a gente pernambucana. As exceções só confirmam a regra.
Tentaram enfiar goela adentro duas homenagens absolutamente despropositadas, verdadeiro acinte à história recifense: ao Coisa-ruim que desgoverna o Brasil e à sua dileta parceira, Michele, que , por seus atos e omissões, recebe a alcunha de “Micheque”.
Só que se esqueceram de combinar com os recifenses: a Câmara Municipal, pressionada pelo povo mobilizado pela bancada da esquerda, disse não, e a Medalha do Mérito Olegária Mariano ficou para a láurea futura de quem a mereça.
A pressão popular e política também levou ao cancelamento da Medalha do Mérito José Mariano, que dá nome à casa, ao ser que ocupa a cadeira presidencial.
Seria, nas palavras da historiadora e professora, doutora pela UFPE, Luana Cavani Rosas ao Marco Zero Conteúdo: “um insulto à memória” do abolicionista mais querido de Pernambuco, ” uma vergonha, um vexame”.
Dupla derrota, portanto: o autor da proposta, Dilson Batista (Avante) bateu em retirada na véspera da votação. Já a vereadora-pastora Michele Collins (PP), pagou para ver e foi derrotada por 16 a 9 votos.
Apesar do meu propósito em não pronunciar ou escrever o nome do Capiroto, vale a hastag que abundou as redes sociais: #AquiBolsonaroNãoSeCria!
E terminou assim o fim da tentativa de “sequestro dos símbolos pernambucanos”, na definição da vereadora Liana Cirne (PT):
Nas redes, a também vereadora Dani Portela (PSOL) , que levou a campanha do contra às ruas, celebrou a vitória:
PS: Incorporo o vídeo sobre a mobilização na Câmara para a derrubada do projeto, postado pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB):
O colega Inácio França descreve o fim do imbróglio:
“Ao final da votação, a evangélica Michelle Collins estava inconformada e culpou o PSB pela rejeição à sua proposta. “O que houve aqui hoje foi uma voz de comando do PSB, junto com o PSOL, articulando contra, usando todo seu peso e poder para arrastar a bancada no voto contrário”, queixou-se a autora do projeto derrotado.
Três vereadoras de três partidos diferentes – Cida Pedrosa (PCdoB), Dani Portela (PSOL) e Liana Cirne (PT) se revezaram na tarefa de desconstruir a proposta com a ajuda de três homens, Ivan Moraes (PSOL), Osmar Ricardo (PT) e Rinaldo Júnior (PSB). Usando dados oficiais, as parlamentares mencionaram os altos custos do programa Pátria Voluntária, coordenado pela primeira-dama, destacando que o Governo Federal gastou mais dinheiro com a publicidade do projeto do que com as ações concretas.
Irônico, Rinaldo Júnior frisou que, durante a pandemia, o MST distribuiu no Recife mais refeições para a população de rua do que o Pátria Voluntária no Brasil todo. Rinaldo irritou Michelle Collins ao atacar a homenagem a Michelle Bolsonaro com trechos da justificativa usada pela evangélica, autora do projeto que levou a Câmara a criar a medalha Olegária Mariano em 2009. “Olegária Mariano foi uma abolicionista, uma libertária, uma mulher que transformou sua casa num quilombo para ajudar negros a escaparem da escravidão”.
Clique para ler a íntegra no Marco Zero Conteúdo.
E aqui para saber mais sobre “quem foi José Mariano”, também no MZ.
*******
Postagem revista e editada em 06.07.2022, `s 23h13: correção de erros de digitação e inclusão do vídeo de Cida Pedrosa.