por Sulamita Esteliam
No país da licença para matar até em festa de aniversário. No país da licença para estuprar, até na sala de parto, não adianta gritar por socorro, é preciso agir.
No país em que a humanidade parece exercer o gozo do estado da animalidade. E os seres desenvolvem gosto especial por excrementos de toda sorte. Nesse país-charco, fica difícil deixar florescer nosso lado Pollyana ou Pequeno Príncipe.
Contudo, mais que nunca é preciso agir: não com violência, mas com firmeza e foco, exigir um basta!
Tomemos como exemplo a atitude da equipe de enfermagem que denunciou o canalha-estuprador de parturiente: filmaram-no em ação para garantir a prisão em flagante. Luz no breu.
Certamente não foi a primeira vez que o médico-anestesista abusou de uma mulher indefesa, nas brumas da medicação além da conta. Prepararam-se: denúncia e provas num mesmo diapasão. Atitude.
É preciso cuidar da segurança, sim, de todos e de cada um. Estar alerta para inflitrados macaqueando ativista, proteger-se em grupos vigilantes.
Reforçar a segurança do Lula, principalmente, mas de todos os candidatos e militantes de esquerda, homens e mulheres.
Garantir a liberdade de expressão sem truculência ou transgressão da legalidade.
Eleição é festa da democracia, e campanha só é guerra metaforicamente. Não se pode fazer da intolerância política a moeda de troca.
A mídia nativa fala de extremos. Quer dizer: Batman como tema de festa é civilizado, Lula e o PT estão na categoria de extremo. Comparável a invadir festa alheia de arma em punho e matar o aniversariante. Mais Gotham City, impossível.
Ora, me poupe!
Acorda, TSE, PGR, STF! Que se garanta o livre exercício democrático, traçando limites claros para essa corja que segue o ser trevoso que desgoverna o Brasil. Ele é infectocontagioso, o vírus ambulante a ser combatido.
Já têm mais um cadáver para chamar de deles. Todavia, não se pode apequenar-se diante da barbárie. É preciso agir, com inteligência e determinação. Tudo que querem é nos acuar.
Nossa arma é o voto e as ruas. É assim que vamos apear essa horda que tomou de assalto, travestido de livre escolha, o poder, e que dissemina o ódio, a miséria, a desordem, a mentira, o caos.
Repito o mantra: nunca foi tão fácil escolher.
É preciso que não se perca em desvios de finalidade: a gente sabe o que é preciso ser feito.
O ato heróico do aniversariante petista, que impediu que o assassino transformasse sua festa em chacina, custou-lhe a vida. Não tem que ser uma tragédia, sempre.
Não podemos permitir que a impunidade sirva como combustível para a gente chorar outras Marielles, Andersons, Maxciels, Paulo Paulinos, Brunos, Doms, Marcelos…
Precisamos estar vivos para que outro dia amanheça com a gente de pé, cantando aquela canção do Chico, com um sorriso no rosto e com o coração tranquilo. Sempre dispostos a recomeçar.
Em tempo: hoje não vou lincar nadinha. Fique com o Poeta maior:
“Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrare
(Os Ombros Suportam o Mundo/ Sentimento do Mundo, José Olympio, 1940)
Eu que não fico na bolha e prefiro o combate com os bolsominions e alertar os inconscientes, sempre pergunto: “Sua vida era melhor ou pior no governo Lula? Se era melhor, não há dúvida sobre em que votar.” É fácil decidir: O Bolsô ou a Vida? Queremos viver.
O caminho é a vida, né amigo. Obrigada pela visita e gentileza do comentário.