por Sulamita Esteliam
Não dá para passar pano: o nome é feminicídio, não é apenas tragédia familiar. Acontece todos os dias, Brasil e mundo afora, mas é preciso dar nome à brutalidade. E é preciso dizer que se origina no machismo patriarcal, que alimenta a misoginia, a covardia.
Não é porque é pai que pode usar de violência contra filha ou filho, cria e depois espanca e mata. Não faz sentido em qualquer gênero, mas contra a mulher é covardia. E é crime, sim, independentemente do DNA compartilhado, ou principalmente.
Não se pode compactuar com violência de qualquer natureza, não importa a intenção. O inferno está cheio de boas intenções. E a polícia, e a Justiça, tem que fazer valer a lei.
Pretendia escrever sobre mortalidade materna, que cresceu 77% neste país em dois anos, os anos da pandemia e do sucateamento do SUS pelo desgoverno genocida. Significa uma regressão aos níveis dos anos 90. Deixo o link ao pé da postagem.
Mas topei com o texto abaixo no Twitter. Tive que compartilhar.
Um fogão sujo, um soco e uma morte: a cultura da submissão feminina que destruiu uma família inteira
por Taty Valéria – no Paraíba Feminina
A notícia é um soco.
Na última sexta-feira (19), Michelle Macena, de 20 anos, tinha terminado uma faxina na casa em que morava com os pais e os irmãos no município de Uiraúna, sertão da Paraíba. Um dos irmãos de Michelle sujou o fogão que ela tinha acabado de limpar, gerando uma briga entre entre eles. O pai de Michelle, que resolveu intervir em favor do irmão, deu um soco no rosto de Michelle, que com o impacto da agressão, bateu com a cabeça na parede (ou no chão). Inconsciente, Michelle foi levada ao Hospital Regional de Sousa e faleceu no sábado (20) com traumatismo craniano.
Até a manhã desta terça-feira (23), ninguém havia sido ouvido pelo delegado Ilamilton Simplício, superintendente da Seccional de Cajazeiras da Polícia Civil da Paraíba. Numa entrevista a um programa de TV na manhã desta terça, o delegado informou que o pai de Michelle será indiciado por lesão corporal seguido de morte.
De acordo com informações extra oficiais, o pai da jovem tinha um histórico de relacionamento violento com os filhos, embora não exista nenhuma denúncia formal. Até o momento, o pai segue em destino desconhecido e não participou do velório e do enterro da filha. Como ainda não foi indiciado, não pode ser considerado foragido.
Apesar do fato estar sendo tratado como uma simples discussão familiar que saiu do controle, é importante deixar registrado alguns pontos:
O peso do trabalho doméstico que é jogado nas costas das mulheres;
O desrespeito com esse trabalho, invisível e não remunerado;
A total ausência de equidade no tratamento dos filhos homens com as filhas mulheres;
A banalidade da violência doméstica;
O pai queria realmente matar sua filha? Esse irmão teve intenção de causar esse desfecho trágico? Michelle exagerou na sua reclamação e poderia ter evitado a própria morte?
Cada uma dessas perguntas gera um tipo de incômodo diferente, mas deixa aberta a ferida causada por uma cultura que coloca as mulheres em situação de subserviência e que destruiu uma família inteira.
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Acesse na íntegra a matéria sobre mortalidade materna, referida na abertura da postagem.
Tenho a impressão que a violência masculina contra a mulher so tem aumentado com o bolsonarismo no poder. Existe reais estudos sobre isso, reais estatisticas? Se não me engano, o Brasil ocupa o quinto lugar no mundo como país feminicida e de violência feita à mulher.
Sim, é fato. O Instituto Patrícia Galvão tem dados a respeito
Sim, é fato. O desgoverno mais a pandemia do Coronavírus e do descaso contribuíram muito para a reverberação do machismo e da violência contra a mulher. O Instituto Patrícia Galvão tem estudos a respeito.
Obrigada pelo comentário e pelo acesso frequente., querida.
Vez por outra tento arranhar meu parco francês para ler suas postagem lá no seu blogue. Tentativa quase vã. Abração. 🤗😘
Obrigada você por estar sempre alerta e nos informando. Tenha uma boa tarde, por aqui já é noite.