por Sulamita Esteliam
O dia começou com a Polícia Federal cumprindo mandatos de busca e apreensão em casa de empresários defensores do golpe de Estado, na hipótese de vitória de Lula da Silva nas eleições presidenciais deste ano,
Ação determinada pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que ora preside o Tribunal Superior Eleitoral. Ou seja: ele preside as eleições gerais, e toda e qualquer outra neste país. Além de ser o responsável pelo chamado inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos, em andamento sob sigilo.
Moraes também bloqueou as contas bancárias dos nominados, mandou suspender seus perfis nas redes sociais, e ordenou a ouvida de cada um dos 11 dos golpe da derrota.
Fez mais: só comunicou a ação ao procurador-Geral da República na tarde da véspera. Augusto Aras, segundo a coluna do Guilherme Amado, do Metrópoles, acusou o golpe e reclamou do procedimento “não usual”, no que foi trucado por Moraes, que assinalou o “tempo hábil” do comunicado.
Talvez para evitar vazamento do tipo que permitiu o aviso da ação dos federais ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, meses passados.
Se foi por aí, atirou no que viu e acertou no que não viu: em alguns dos celulares apreendidos no grupo de empresários golpistas, apuraram repórteres do Metrópoles, foram encontradas troca de mensagens com o PGR Aras.
Aliás, o líder da oposição no Senado, pediu ao STF cópias das mensagens pelo zap-zap para apurar crimes de responsabilidades do procurador-Geral, contam Amado e Paulo Cappelli.
O jornalista Guilherme Amado foi quem deu o furo sobre o grupo de WhatsApp Empresários e Política, que sua coluna acompanha há tempos. Daí que flagrou a troca de mensagens sobre o golpe e, claro, noticiou. O resto é consequência.

De acordo com a coluna, Moraes pretende deixar claro que “não será tolerada qualquer atuação em favor do golpe, mesmo em discursos”. Pretende, desta forma, barrar movimentos que atentem contra a democracia; o que incluiria o 7 de Setembro.
Há quem diga que o ministro é valente. Outros questionam os aplausos à atitude. Ora, nem uma coisa nem outra: cumpre tão somente com seu dever constitucional, que é defender os valores da Lei Maior, nos quais incluem o Estado Democrático de Direito.
E age tempestivamente para quiçá evitar um dano maior, como ocorreu nas eleições gerais de 2018, por inércia – não vou chamar de conivência – do Poder Judiciário. Quem não se lembra?
Imperou a burla, a fraude, a mentira, a ilegalidade no financiamento de campanha, dos disparos em massa de mensagens com ataques mentirosos ao adversário principal. Todos os pleonasmos que se tem direito.
Note-se que são as mesmíssimas fíguras que apoiaram o golpe travestido de impeachment que apeou a presidenta Dilma Rousseff do poder – só que não têm mais o Paulo Skaff na cabeça da Fiesp para representá-los – e também financiaram a fraude eleitoral que colocou o Coisa-ruim na Presidência da República.
A lista dos empresários-alvos:
Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu – Fortaleza/CE
Ivan Wrobel, da W3 Engenharia, Rio de Janeiro/RJ
José Isaac Peres, do grupo Multiplan, Rio de Janeiro/RJ
José Koury, Shopping Barra World, Rio de Janeiro/RJ
Luciano Hang, da rede de lojas Havan;, Brusque/SC
Luiz André Tissot, da Sierra Móveis, Gramado/RS
Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii Shop, Sorocaba-SP
Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa, São Paulo/SP
Como se vê, da lista de visitados pela PF não constam dois notórios apoiadores do Coisa-ruim, desde 2018, e do golpe de 2016: Junior Durski, da rede Madero de restaurantes, Curitiba-PR e Flávio Rocha, da Riachuelo, Recife-PE.
Só para se ter ideia, a Multipplan administa, em 2022, nada menos que 20 shoppings centers, construídos pela empresa, principalmente no Sudeste e Sul do país;mas também no Distrito Federal, fora alguns empresariais. Só na capital mineira: BH Shopping, o primeiro da rede; Diamond Mall, Cidade e Pátio Savassi.

Consta que, no palácio vizinho fronteiço à Suprema Corte, as buscas e ouvidas dos empresários causaram bambeza nas pernas, tremedeiras pelo corpo e sunidos nas cabeças. Será por quê?
Sabe aquela piada do puxa-saco que a boca sangra quando chutam as partes baixas do patrão? Pois é; só que no caso são as tetas da viúva o alvo cobiçado pelos predadores de plantão. E a Maria e o Zé Povinho que se lasquem!
Não sei quanto a vocês, mas Euzinha destaco o fato de relevância que, para mim, abre pra valer a semana política. E com emoções em cadeia – o trocadilho é inevitável.
Ah, sim, teve a entrevista do inominável na bancada do Jornal Nacional, da TV Globo. Não assisti, não vejo TV.em benefício da minha sanidade mental e digestiva. Contudo, pelo que li nas redes, não houve surpresas: foi tudo um destilar de mentiras, sem o devido contraponto.
Incompetência dos âncoras Willian Bonner e Renata Vasconcelos? Claro que Não. É conveniência política da casa, que ambos seguem sem pestanejar. O dever jornalístico esbarrar no contrato milionário de que dispõem. Não existe freio melhor para calar consciências profissionais.
Paro por aqui.
*******
Fontes requisitadas: