por Sulamita Esteliam
Há pouco ouvi um pipocar ligeiro, raquítico, de fogos de artifícios. É hábito da terra soltar foguetes para celebrar. Mas celebrar o quê? O último debate do segundo turno da campanha presidencial?
Tenho quase certeza que é coisa de seguidores do despresidente-candidato. O pouco que acompanhei pelo Twitter e pela página do ex-presidente Lula, me diz o mesmo: só ele se preocupa com propostas. O Coisa-ruim faz o que sabe fazer: mentir e provocar.
Debate é jogo de pura figuração a que não me dispus neste turno. No primeiro turno vi o último, por puro comichão de anos de abstinência. Agora, achei melhor cuidar do sono da netinha, que anda me saindo uma militante de primeira categoria.
Enquanto a avó cozinha e cumpre o papel nosso cotidiano de dona Maria, ela trela pela casa, desmancha min’has instalações para fazer as delas, naquilo que minha geração nominava “brincar de casinha”.
“Sua casa é muito interessante, vovó!
E quando ela retorna e percebe que não repus a arrumação original, sorri e pergunta: “Gostasses, foi!?”
Hoje Agatha Luna me presenteou com um painel sobre a fórmica de minha mesa de trabalho. Mandou que eu fechasse os olhos para ver a surpresa no “isquitório”.
A flor e a árvore já estavam lá desde a semana passada, quando esteve por aqui com a mãe. Dei um flagra nela ontem, tentando freneticamente apagar o desenho. E disse que não precisava se afligir: o desenho melhorou a velha mesa. Foi o quanto bastou para o mural.
Pela hora do almoço, insistiu em que Euzinha experimentasse tocar a música do Lula, lá, brilha nossa estrela num pio vermelho de plástico. Não consegui.
Mas introduzi à capela música “nova” para os ouvidos dela, que repetiu a plenos pulmões, como se soubesse que há vizinhas do contra:
“É só você querer, que amanhã assim será: bote fé e diga Lula, bote fé e diga Lula, agora é Lu-la!”
Refrão efetivo do jingle da campanha de 2002.
Mas ela não desiste facilmente e agora à noite, hora em que bate a saudade da mãe – que precisou viajar por alguns dias – ela me pediu para ensiná-la a assoviar.
Tentei mostrar como se faz, sem muito sucesso para ela; disse que com o tempo conseguirá, eu também não conseguia quando criança novinha como ela.
Para compensá-la da frustração acumulada com sopros, assoviei a melodia do jingle atual da campanha do Lula, que revisita aquele de 1989, cravado em nossa memória para a eternidade:
E ela sorriu de um canto a outro da pequena boca, os olhos brilhando de pura felicidade e encantamento ao identifica.
Agatha faz 5 anos da 03 de novembro, dia em que minha mãe faria 90 anos. É de uma vivacidade que adorável. E tomou gosto por política, o que me deixa bem feliz.
Ela, meus netos curumins iguais, ou um pouco mais velhos, crianças e adolescentes de agora são o futuro da nação.
E é em nome delas que precisamos recomeçar, para mudar o rumo da nossa História. Ou não verão país algum que mereça o nome de Brasil.
Deixo a “Carta para o Brasil do Futuro”, resumo em 13 pontos de suas propostas de governo, divulgada nesta quinta-feira.
Os destaques das falas no debate podem ser lidos aqui.
**********************************************************************************