por Sulamita Esteliam
É aniversário de 77 anos do Lula, assunto obrigatório do dia. Trata-se de história rica, edificante e uma vida plena a celebrar.
Até postei no Instagram um videozinho de parabéns para ele, por sugestão de uma parceira das Minas Gerais. Veja aí!
A coisa bombou em curtidas e comentários, a maioria agradáveis; mas confesso que nunca levei tanta bordoada em tão pouco tempo. Fiz questão de rebater alguns, e até me diverti, por um tempo: gente insana, que se desmancha ao primeiro toque.
Mas o que quero mesmo dizer é que Pernambuco vai ter uma governadora, pela primeira vez na sua história. Voto, apoio e torço por Marília Arraes.
E são várias as razões: por seu arrojo e coragem, por sua lealdade a Lula em momentos difíceis no passado, e agora; por se posicionar com firmeza contra o golpe na presidenta Dilma Rousseff, migrando de um partido, o PSB, para o outro, o PT, por discordar das diretrizes.
Votei em Marília Arraes no primeiro turno, apesar do partido Solidariedade, o galho onde encontrou pouso para disputar o governo, o que lhe foi negado no habitat anterior.
Voto solidário pela patacoada de que foi alvo no PT, o partido pelo qual foi eleita deputada federal, com meu voto e da minha família recifense.
Também votamos nela para prefeita do Recife ainda pelo PT, e sofremos juntos cada violência de que foi alvo durante a campanha mais pesada que pude presenciar nesses 25 anos de Recife.
A “menina” Arraes – leia texto anterior de Ruy Sarinho – é voluntariosa, como boa ariana. E o que nela pode ser considerado defeito, para mim é qualidade. Mulher nenhuma vence na política, ou em qualquer espaço masculino por excelência, se passando por boazinha.
Não vou falar de sua adversária, que conheço de ouvir dizer. Só sei que toda a direita, que há anos está em jejum de poder no estado, que apoia o Coisa-ruim, e que voltou a perder a disputa no primeiro turno, migrou para o ninho tucano da dona Raquel Lyra, ex-prefeita de Caruaru.
Estão feito urubu na carniça. E quem tem memória lembra, e hoje alguém postou algo a respeito no Instagram, o que foram os anos 90 no Brasil e em Pernambuco.Não dá para apertar 45.
A frente ampla que se agrega em torno de Lula, nesse momento, é absolutamente necessária, concordo que não há alternativa. Nem por isso precisamos deixar de buscar referências na História para fazer a escolha certa.
Só quero lembrar a algum eventual eleitor ou eleitora pernambucano que me leia: nessa eleição, é preciso ter lado explícito, muro não é posição defensável. É a vida das pessoas que está em risco. É o futuro de nossas crianças, suas crias, a prole da sua prole.
Mais do que tudo, é a democracia, ainda que frágil que está e jogo. Ninguém de bom senso pensa que o futuro governo Lula será a panaceia do Brasil, apos seis anos de estrago – dobradinha do Mordomo com o Inominável.
Trago aqui uma frase da colega Eliane Brum, ao receber o Prêmio Vladimir Herzog de Livro-reportagem do ano:
“Domingo vamos escolher entre a barbárie e o muito difícil.”
Não há neutralidade possível. Lavar as mãos é compactuar com o quanto pior melhor. E a moça de Caruaru não se pronuncia a respeito. É disso que se trata.
As mulheres pernambucanas, reunidas em movimentos coletivos, divulgaram “apoio crítico” à candidatura Marília Arraes. Apesar de ela não apoiar explicitamente causas feministas como o direito ao aborto, ou mesmo ter política antirracista clara.
Em entrevista ao Marco Zero Conteúdo, Mônica Oliveira, da Rede de Mulheres negras, explica a decisão:
“É fundamental que as mulheres estejam alinhadas, agora no segundo turno, com a candidatura mais afinada com a defesa da vida das mulheres, de políticas públicas efetivas para o enfrentamento à violência, políticas públicas que colaborem com a autonomia econômica das mulheres, que permitam e garantam o acesso a direitos sociais, econômicos e políticos.”
O outro lado consegue ser pior: a vice, vereadora Priscila Krause, é partidária do inominável e a seu lado estão todos os aliados do desgoverno, inclusive políticos com mandato conseguido nos pulpitos de igrejas fundamentalistas, inimigos das pautas identitárias e de gênero.
Apesar disso, se detecta o cinismo oportunista da manipulação de consciências, tão ao gosto desses setores, tipo para não perder os dedos. Pelas ruas, é perceptível uma associação bem ao gosto lá das Gerais: o Lulyrismo, que felizmente começa a ser revertido.
Contra isso, por exemplo, a campanha de Marília buscou o testemunho de Wolney Queiroz, lider da oposição ao desgoverno na Câmara Federal, e deputado mais votado em Caruaru, a terra da adversária na disputa. Ele é direto e reto: “Raquel mente, deslavadamente”!
Fontes requisitadas:
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