Minha lombar, a procrastinação e e a reprise do frevo da Lava jato: ‘O bandido era o juiz’

por Sulamita Esteliam

Ensaiei a semana inteira retomar as gravações para meu canal de Leitura Literária, desmobilizado há cerca de ano ou mais. Não consegui. Mais do que nunca, tenho sido atropelada pelas atipicidades e pelo correr do tempo. É o caso.

Até a velha dor lombar, que não aparecia há séculos, deu as caras. Veio junto uma crise alérgica que me empipocou mãos e ombros, e quebrou a rotina. E tome anti-inflamatório e antialérgico, velhos companheiros ressuscitados.

Conheço os sintomas do que a procrastinação traduz: ansiedade – por uma série de resultados que estão para acontecer e que fogem ao meu controle. Bem sei, mas não adianta eu repetir para mim mesma que o que é meu não se desvia de rota, está a caminho, virá.

Enquanto não chega, invento tarefas que não fazem parte do meu fazer cotidiano. Por exemplo: semana passada iniciei um lençol de cobrir, tamanho queen, que levei uma semana para terminar, por conta da má-vontade da máquina, parada há bom tempo.

Creio que vem daí a causa da dor lombar. Não obstante, digo que o virol – era assim que se chamava antigamente – ficou uma beleza.

Olho para o portátil, inerte sobre a mesa do escritório. Até ligo, mas fico na leitura do noticiário político, que tem andado bem interessante, diga-se.

Por exemplo: sabe aquele aquela juíza copia e cola, parceira daquele juiz e do procurador power-point-cupincha da força tarefa de Curitiba? E mais aqueles desembargadores apressadinhos do TRF-4?

Pois é: estão todos enquadrados e afastados das funções pela correição do seu Conselho Nacional de Justiça – por corrupção ativa, dentre outras cositas.

Comprovou-se, enfim, que o garrote na Petrobrás bancava um esquema conhecido de “cash back” para a quadrilha togada. Tudo em cumplicidade com agentes estadunidenses.

Fez-se um acordo, um arrumadinho fora das atas. Um verdadeiro cambalacho que garantia comissão sobre a multa milionária aplicada sobre a estatal brasileira por quebra de confiança do mercado de capitais, segundo as leis do Tio Sam.

A juíza copia e cola assinou embaixo quando assumiu a vaga do Moro, tornado ministro do Coisa-ruim – seu prêmio por tirar Lula do caminho nas eleições de 2018. Agora se arrepende e confessa que fez o que não devia. Arrependimento não mata, mas há consequências.

No Jornal GGN tem uma entrevista importante do colega Luís Nassif com o advogado André de Almeida, que, em princípio, atuou na ação internacional. Ele presenciou todos os encontros dos atores da Lava Jato com os agentes estrangeiros, e acabou vendo que se metera numa fria. Linco ao pé da postagem.

Veio-me à memória um clipe gravado em Olinda, no pré-Carnaval de 2020, do qual Euzinha e o maridão fomos parte.

O refrão pedia “Lula Livre”, e dava o mote: “O bandido é o juiz”. Explicitava o pleito e a razão: “Eu quero Lula Livre, e a liberdade abrindo as asas sobre o povo. Eu quero Lula Livre outra vez, este país merece ser feliz de novo.” 

É como dizia a minha finada avó: nada como um dia após o outro. Ou, o que é de cada qual está guardado – para o bem ou para o mal.

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Com:

Jornal GGN

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