Informação e memória: antídotos contra a mentira, a alienação e a idiotia

por Sulamita Esteliam

Antigamente, melhor, no início deste milênio, a gente meio que “descobriu” que comunicação é disputa de hegemonia, e quem é da área, e tem compromisso com a verdade, partiu para a luta dentro do princípio de que a informação é direito humano.

Hoje, a gente disputa com robôs e com humanos teleguiados, alimentados ou impulsionados por algoritmos. A batalha é extremamente desigual.

A liberdade e a velocidade da internet criaram campo fértil para a disseminação de mentiras, replicadas com a precisão algorítmica*

Minha geração e a geração subsequente de jornalistas e comunicadores, mulheres e homens, trabalhou duro para trazer à luz a narrativa correta na perspectiva das minorias; que na verdade é a massa trabalhadora, a maioria da população.

Bom não esquecer de que a história sempre é contada na ótica dos vencedores, dos donos da bola. E a mesma imprensa que reivindica liberdade de expressão e o direito de opinião pública, tem dono; e o patrão não reza na cartilha dos interesses da maioria, e sim do poder econômico e político.

Destarte, é fundamental que contemos a história da nossa gente sob a ótica da nossa gente e com o vocabulário que expresse a cultura e a linguagem da nossa gente. Esse é o combustível que nos alimenta.

O pioneirismo é da imprensa sindical, que sobreviveu à mordaça dos 21 anos da ditadura civil-militar de 1964-1985. Nesse período, a imprensa alternativa tinha cara de jornal tabloide, como Movimento, De Fato, O Pasquim, os mineiros Jornal dos Bairros e O Cometa Itabirano, o gaúcho Coojornal…

A redemocratização e o crescimento do sindicalismo combativo revigoraram a comunicação também nos movimentos sociais, retomados com vigor. A imprensa sindical reúne um verdadeiro exército de jornalistas e comunicadores em todo o país; fiz parte desse batalhão.

Em meados da primeira década desses anos 2000, o movimento por mídia livre ganhou corpo, na perspectiva de que a informação é direito que transita em via de mão dupla.

A mídia alternativa ganhou expressão a partir do movimento nacional de blogues progressistas, capitaneados pelo Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, em 2010.

Eis a barricada que resistiu e enfrentou as manipulações grotescas que, com a participação aberta da mídia venal, alimentaram as tentativas e violações constitucionais, e os golpes contra a democracia brasileira desde 2005.

Faço essas digressões para recomendar duas coisas:

#BrasilContraFake

1. Se liguem na campanha #BrasilContraFake criada pela Secom – Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Antes de com partilhar qualquer informação sobre as ações do governo Lula, cheque: https://www.gov.br/secom/pt-br/fatos/brasil-contra-fake 

Por exemplo:

“É falsa a informação de que vacinas contra Covid-19 causam mal súbito. É falso que houve morte por miocardite em decorrência de vacinas contra a Covid-19 no Brasil. É falso que Lula decretou o fim dos aplicativos de entrega. É falso que o Ministro da Justiça tenha encontrado com traficantes no Complexo da Maré. É falso que a cantora Ludmilla captou R$ 5 milhões da Lei Rouanet. É falso que o Governo Lula fará cortes no Bolsa Família, programa que ele mesmo criou.” Cidades atendidas pelo Eixo Norte da Integração do Rio São Francisco não estão desabastecidas.

Leia também: O direito à informação correta, por Paulo Pimenta, ministro da Secom

Pra não esquecer

2. Pra Não Esquecer – O governo Bolsonaro em Charges. Se você mora ou vai estar em Belo Horizonte neste abril, não deixe de visitar a exposição realizada pelo Cartuminas, coletivo que reúne os artistas da terrinha nessa arte do traço de humor e crítica política, sobretudo.

Em parceria com a Casa de Jornalistas, lá estão 104 desenhos de 37 cartunistas e publicados em importantes veículos de imprensa do país. Acervo histórico sobre a realidade política e social do Brasil sob desgoverno.

Tempos sombrios que precisam ser sempre lembrados, para que sejam compreendidos em toda a sua dimensão e nunca mais se repitam.

Em cartaz até o dia 28, de segunda a sexta das 13h às 21h, e aos sábados das 9h às 13h – Av. Alvares Cabral 400, Centro. Aberta dia 30 de março, com trilha sonora dos blocos Fita Amarela e Toca Raul, foi grande sucesso.

A partir do dia 13, sempre às 19 horas das quintas feiras haverá palestras e debates sobre temas diversos: Meio Ambiente e Justiça Climática; Desinformação & Fake News; Ameaças à Democracia e Perspectivas de Reconstrução Nacional.

Coordenação e mediação dos professores da UFMG Leonardo Avritzer, Eliara Santana e Rachel Callai Bragatto, autores do livro Eleições 2022 e a Reconstrução da Democracia no Brasil, Editora Autêntica.

37 artistas participam da mostra: Alves, Amorim, André Fidusi, Aroeira, Arte Villar, Baptistão, Benett, Brum, Bruno Lanza, Carol Cospe Fogo, Cau Gomez, Céllus, Cláudia Kfouri, Dahmer, Duke, Dum, Fernandes, Genin, Gilmar, Guto Respi, Iotti, Jota Camelo, Jean Galvão, Laerte, Laz, Lor, Lute, Melado, Nando Motta, Nani, Nelson Cruz, Nilson, Quinho, Ricardo Coimbra, Rico, Rômulo Garcias e Valf.

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*”Um algoritmo nada mais é que uma sequência de instruções ou comandos realizados de forma sistemática com a finalidade de resolver um problema ou executar uma determinada tarefa. Ou seja, é criado para resolver “problemas”, com instruções bastante simples e exatas.

Na internet, os algoritmos são responsáveis por processar grandes volumes de informações em tempo recorde. Eles são utilizados, por exemplo, para classificar conteúdos em redes sociais, fazer buscas mais eficientes ou criar recomendações personalizadas.

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