por Sulamita Esteliam
Preconceito de classe e inveja. É o que traduz a má vontade explicita trazida a público pela mídia nativa, venal e a serviço da direita nociva, que se acha dona deste país, desde Pedro Álvares Cabral.
A visita de Lula a Portugal, propicia acordos de cooperação importantes na área de saúde,por exemplo. Não obstante, o assunto do dia, lembra o amigo Flávio Costa, no Twitter, é a gravata que Janja comprou para o marido em loja de luxo.
E ela se deu ao trabalho de explicar: “houve um acidente, e a loja mais próxima do hotel era…” a tal. Queriam que a primeira dama do Brasil, em visita oficial, fosse arrastar as sandálias pelas calçadas do comércio lisboeta. Francamente!
Aliás, a futrica em torno das ações da primeira dama é vexatória, e bem mostra a serviço do quê a nossa imprensa livre e tacanha se movimenta.
No tempo de Marisa Letícia, era a sua simplicidade e reserva, da qual desfaziam, que incomodavam. Agora é o espírito livre e participativo de Janja, socióloga e mulher nova, bonita, carinhosa, comunicativa e transparente, que atiça o ninho de escorpiões.
O que está por trás disso é o sucesso do Lula-estadista, o metalúrgico pé-rapado que ousa ir além do que já foram todos os letrados que o antecederam.
Ressalte-se que o espírito de porco golpista incorpora sapos estrangeiros, com a naturalidade de fazer corar o estrategista midiático do Coisa-ruim; ora em estado depressivo, diga-se, por que sente o cheiro nauseabundo das masmorras do abandono, antes que lhe visite o bardo teje preso!
Mas não vou ocupar mais do que duas linhas com traça. O que não pode ser relevado é que a rede CNN manipulou feio as imagens da invasão do Palácio do Planalto no 8 de janeiro, que flagram militares, inclusive o ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias.
Divulgadas como furo de reportagem semana passada, hoje está na cara que houve vazamento com o claro objetivo de confundir para não esclarecer. Tentativa aloprada de envolver o governo Lula com os atos terroristas que visaram golpeá-lo.
O ministro, homem da confiança de Lula, corretamente, se afastou do cargo, enquanto durar as investigações. Palavra do interino, Ricardo Capelli, que no Twitter defende Gonçalves Dias e traz outros generais para a cena golpista. As investigações dirão de que lado toca a banda.
O general Gonçalves Dias já se explicou à PF, e o que ele diz faz sentido: não conseguiria, sozinho, deter os predadores no terceiro andar do Planalto, daí que indicou o acesso ao andar de baixo, onde seriam presos.
Falta justificar por que não mostrou ao presidente da República as imagens solicitadas do gabinete durante a invasão.
Já está nas mãos de Alexandre Moraes, ministro do STF encarregado das investigações dos atentados contra os três poderes da República, a íntegra das imagens da invasão do Palácio do Planalto; mais de 900 horas de vandalismo.
O próprio Moraes determinou a quebra do sigilo do material.
Capelli, é bom lembrar, atuou como interventor na segurança do Distrito Federal, nomeado por Lula, pós-atos de terrorismo golpista.
O 21 de abril não nos deixa esquecer para que servem as traições. Aliás, o ser que desgoverna Minas Gerais é a expressão da miserabilidade de consciência cívica e da ignorância do decoro, né preciso dizer.
Não bastasse condecorar o ex-juizeco ladrão Sérgio Moro e o ex-procurador federal espertalhão, Deltan Dallagnol com a Medalha da Inconfidência, resolveu achincalhar com Minas e seus nativos. Até a Mírian Leitão, ícone global, que é da terrinha, se indignou com o vexame:
O vírus da negação e ignorância picarescas continua fortemente inoculado em viventes brasileiros. É fato que não nos permite descuidos e ingenuidades, por mais boa fé que se professe.
Tivemos experiência interessante, Euzinha e o maridão, na Praia de Boa Viagem neste feriado. Estávamos em nossa barraca predileta, quando fomos interpelados por um senhor, de seus 65 anos, curioso para saber quem a gente era.
Tudo porque um vendedor de camarões, que passara minutos antes, movido a idiotia, apregoava alto e som, e rindo, a frase provocativa: “Lula é ladrão, só é esperto”.
E acrescentara: “Eu que não trabalho para comprar minha picanha para ver se como. Faz o L!”
Prontamente fizemos o L, nós e várias banhistas no entorno. Euzinha, que não me contenho, interpelei o rapaz, em tom de gozação:
– E tu queria picanha de graça, é? Por que não usa a comissão das joias afanadas pelo chefe?
O rapaz, de seus 30 anos, bem vestido para o padrão dos trabalhadores da areia, me ignorou e seguiu com sua pregação; burra, por que aquela praia, embora possa não parecer, é frequentada majoritariamente por “Ls” de sunga, bermuda, biquini e canga.
Mas o senhor que se dirigiu a nós, se sentiu picado pela resposta que demos ao agente azul. Deixou a esposa e veio até nós. Perguntou:
– O que vocês são?
– A gente é Lula – respondemos em coro.
– Isso eu sei. Quero saber, o que vocês fazem. São daqui, de Boa Viagem?
– Euzinha sou jornalista e escritora, e ele – apontei para Julio – é da área de seguros, mas estamos aposentados. E, sim, a gente mora aqui, há quase 26 anos. Por quê?
– É que não é comum a gente ver pessoas de Boa Viagem usarem o boné do MST.
– Verdade. Mas meu boné faz sucesso por aí: recebo muitos “Ls” em troca – respondi, rindo. Ele devolveu o sorriso e o papo engatou por bom tempo.
Foi uma conversa variada e agradável, daquelas que fazem a gente duvidar da ruindade que é parte do ser humano. A mulher do senhor se manteve onde estava.
O homem conta que ele e a esposa vieram há 10 para Pernambuco, curtir a aposentadoria. As crias, adultas, ficaram em São Paulo.
– Sabe o primeiro passeio que fiz aqui? Visitei o lugar onde o Lula nasceu. Fiquei muito emocionado.
– O Lula emociona, me-nos emociona, não é bem?
– Isso mesmo: dom Lulão é especial – diz Julio.
A vez do homem dizer quem é:
– Sou reformado, da Aeronáutica. Eu e minha mulher abrimos uma loja de roupas femininas no centro da cidade. Mas o comércio anda muito ruim, ainda.
– Verdade, a pandemia e o Coisa-ruim fizeram um estrago daqueles. É preciso tempo para recuperar – observa o maridão.
– Lá pelo ano que vem, a coisa entra nos trilhos, creio. Por enquanto é operação tapa-buracos – ajunto eu.
– Tem razão, a gente vai tocando o bonde enquanto der.
O homem, que carrega o nome de contente e sortudo, voltou ao seu guarda-sol e à sua mulher arredia, mas de sorriso luminoso. Antes de ir embora, ele torna à gente, celular em punho, para trocarmos contato.
Quando a gente se retirava, horas depois do incidente que nos proporcionou o encontro nada usual, cruzamos com o vendedor de camarões, que retornava da jornada pela areia.
Nosso olhar se cruzou por breve instante. Ele desviou os olhos, rapidamente; o farol estava baixo.
Tarde feliz.
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Postagem revista e atualizada dia 23.04.2023, às 11h04m: correção de erros de digitação e inclusão de informações sobre participação militar na tentativa de golpe do 8 de janeiro.
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