por Sulamita Esteliam
Estupro é um crime abjeto. Pior do que estupro, só pedofilia – que é estupro elevado à categoria de monstruosidade. Acontece no mundo todo, todos os dias, em proporções arrepiantes. A vileza não conhece fronteiras, e fala línguas variadas. No Brasil, os índices são absurdos – aqui.
Mas o que vem acontecendo em São Paulo e no Rio de Janeiro, mais do que assustador, exige providências severas do poder público, e da própria sociedade que precisa mobilizar-se.
“É barbárie total”, resume minha amiga pernambucana, Ana Veloso, que me envia a reflexão a seguir.
Agradeço a deferência.
A Cultura do Estupro
por Ana Veloso*
Em 1999, o Fórum de Mulheres de Pernambuco realizou, junto com a Aliança Comunicação, uma campanha para denunciar uma onda de estupros dentro dos ônibus que circulavam pela RMR. Foram produzidos panfletos, anúncios para jornais e adesivos para carros. No material, além nosso repúdio ao que a professora Lola Aronovich, em palestra, na Católica, conceitua como “cultura do estupro”, uma série de orientações acerca dos serviços de saúde e segurança para as vítimas dessa brutal violência.
A campanha teve grande visibilidade e nós conseguimos que as autoridades tomassem medidas ágeis diante de tal barbárie. Com a mobilização social, evitamos que mais mulheres entrassem para a sórdida estatística da violação sexual.
A certeza da impunidade é combustível para a perpetuação das agressões. Mas essa cultura tem origem na reprodução de uma outra: a patriarcal.
Quando refletimos sobre as tantas faces da violência imposta às mulheres, observamos o quanto a nossa sociedade ainda precisa avançar para que possamos viver em liberdade, sem nenhuma forma de opressão que persista em interditar nossa existência!
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