por Sulamita Esteliam
O mordomo acaba de assinar medida provisória que parcela dívida dos municípios inadimplentes com o INSS, com desconto equivalente à bagatela de R$ 30 bilhões e parcelamento em 200 meses do restante. Coisa pouca, 17 anos para pagar.
A turma do agronegócio também pode vir a se dar bem, recebendo o perdão do calote de anos e anos na arrecadação do sistema de seguridade social; coisa pouca, R$ 10 bilhões.
O usurpador e a camarilha que tomou de assalto o poder têm que pagar a conta e rápido, ou o TSE pode ser convencido a cortar-lhe a cabeça.
Então, atacam em várias frentes, com o auxílio vergonhoso da mídia, do Congresso mais sujo que se tem na história, e do Judiciário que é parte da lambança.
Como as ruas gritam – e dia 24 os movimentos sociais vão ocupar Brasília, na terceira mobilização de massa em defesa de direitos em menos de um mês – é preciso tomar providências drásticas.
Vale o troca-troca: benesses por votos. Tudo no lombo do Zé e da Maria Povinho.
Quer dizer, vale-tudo para aprovar o desmonte da Previdência Social, a abolição da Lei Áurea, a degola dos direitos trabalhistas, o congelamento dos recursos para saúde e educação por 20 anos.
Então, estamos combinados: vamos fazer de conta que não há o menor problema em tirar dos pobres para dar aos ricos.
O noticiário de hoje fez lembrar de dois vídeos que recebi esta semana pelas redes. Um já conhecia, circula faz tempo – vem e vai… É um resgate sobre o papel da massa trabalhadora, o pobre que carrega a sociedade no lombo;
Quem discursa é Eduardo Marinho, um artista plástico e filósofo de rua. É dele a imagem que ilustra esta postagem. As ruas são sua morada, por escolha.
Uma história pessoal muito tocante e interessante, embora mais comum do que se pensa nas grandes metrópoles, e que está reproduzida na blogosfera.
O outro vídeo é do professor da USP, filósofo e jurista, Alysson Leandro Mascaro, palestrante requisitado. A temática central é o tamanho da crise capitalista mundial, desde os 70 do século passado, aos dias atuais.
Mas o que importa à nossa realidade, neste recorte de tempo, e a esta postagem em particular, é quando ele fala de como o sistema, mídia venal incluída, age para nos tornar massa de manobra.
Os duas análises me fazem lembrar uma historinha, na verdade uma paródia, que recebi num grupo no zap-zap, e que reproduzo, por vir a calhar. Não consegui localizar o autor, que suponho, a tenha postado no FB.
Vamos lá:
Nova história da Chapeuzinho
por André Figo
Chapeuzinho Vermelho chegou na casa da vovó e encontrou o Lobo Mau, que tinha tomado o lugar da Vovó após o golpe parlamentar.
Chapeuzinho estranhou um pouco,a final sua vó estava muito diferente, com atitudes estranhas. Então,ela perguntou:
– Vovozinha, para que essa PEC do teto de gastos?
– É para poder pagar os bancos melhor.
– Vovozinha, para que essa reforma da previdência tão profunda?
– É para sobrar dinheiro para pagar os bancos e para o povo (que pode pagar, observação minha) migrar para a previdência privada.
– Vovozinha, para que essa reforma trabalhista tão dura para o trabalhador?
– Para pagar minha dívida com a Fiesp.
– Vovozinha para que …?
– Aí entra a PM jogando bomba de gás, dando tiro de borracha e gritando:
– Tá perguntando demais! Isso tá parecendo manifestação de sindicalistas vagabundos. Prendam essa criança subversiva.
Chapeuzinho foi presa após levar bastante porrada.
Vovozinha continua desaparecida.
O Lobo Mau passeia livremente, de braço dado com um pato de borracha, gastando milhões no cartão corporativo.
E o povo que seguiu o pato?
Continua fazendo piada e fingindo que está tudo favorável.
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