por Sulamita Esteliam
Trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil, liderados pelas diferentes centrais sindicais e pelos movimentos sociais, desembarcam nesta quarta-feira, 24 na capital federal. É o #OcupaBrasília em defesa dos direitos trabalhistas, previdenciários e sociais, e por eleições gerais e diretas para sucessão do desgoverno.
Num conchavo dos desesperados, o que resta da base aliada do mordomo usurpador tenta, a qualquer custo, dar sobrevida ao moribundo, atolado na própria lambança. Como, aliá, na tradução impecável de Aroeira, para variar.
Foi o que se tentou fazer nesta terça-feira, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado: passar o trator para acelerar o processo de tramitação do projeto aprovado pela Câmara que degola os direitos trabalhistas.
Projeto de um desgoverno ilegítimo, e em decomposição avançada, é bom frisar. Simular uma sobrevida ao mordomo e sua camarilha, enquanto o tucanato, que se coloca acima de qualquer ser vivo, prepara o desembarque.
Sob a batuta do presidente da Comisssão, Tasso Jereissatti, senador cearense, não por acaso conhecido em sua terra como “coronezin dos zoio azul”.
Certamente por orientação de Jereissati, o relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES) quebrou o acordo de cavalheiros dentre seus pares, que era de suspender a discussão do projeto de deforma trabalhista, enquanto não se debela a crise política e moral sistêmica, após o grampeamento do mordomo usurpador.
Após quatro dias de debandada, o relatório foi colocado em pauta na CAE. A oposição obstruiu, e impediu a leitura, dentre outras coisas, porque o rito regulamentar foi quebrado – o relatório sequer foi publicado antes, como manda o regimento interno.
Os ânimos ficaram “exaltados”, na definição de colegas jornalistas, por razões óbvias. E o presidente da comissão e seus parceiros acusam os senadores contrários de “promoverem o ódio”.
A senadora Gleisi Hoffmann responde à acusação: “A oposição não está exaltada, está defendendo o povo”.
Assista ao vídeo transmitido pela TV Senado:
Nada mais a cara de tucano do que a dissimulação: posar bem no voo público, enquanto nos bastidores preda o que não lhe interessa.
E a escolha de Tasso Jereissatti para a presidência do PSDB, em substituição ao AhÉSim!, pego com a boca na botija com o pedido descarado da bagatela de R$ 2 milhões como propina, não é de graça.
Jereissatti, de fala mansa e trato aparentemente cortês, é especialista.
Os tucanos preparam seu desembarque do desgoverno Temer, o mesmo que ajudaram a implantar, golpeando o mandato legítimo da presidenta Dilma, e rasgando a Constituição. É o que leio na blogosfera em notícias e análises dos acontecimentos mais recentes.
Mas o fazem de maneira bem peculiar aos habitantes do ninho, esses pássaros de voo curto e bico duro: entregando aos financiadores a encomenda que subsidiou o golpe, acabar com os direitos dos trabalhadores, em favor dos patrões, do tal deus mercado.
O senador Paulo Paim é muito feliz quando observa, em audiência pública convocada por ele no Senado Federal , há coisa de seis meses, sobre esse processo de desmonte que desgoverno e aliados, mídia incluída, chama de “reforma” ou “flexibilização”, que em miúdos quer dizer anulação de direitos.
“Nem na ditadura se mexeu com os direitos dos trabalhadores e aposentados dessa forma”, afirma Paim – vídeo logo abaixo.
Na verdade, sim, o FGTS foi criado em setembro de 1966, e acabou com a estabilidade no emprego, que obrigava o patrão a desembolsar de uma vez indenizações “altas”, em caso de dispensa sem justa causa.
O FGTS ameniza esse “dispêndio”, permitindo o recolhimento mensal, e abrindo as porteiras para a rotatividade no emprego.
E até isso está em risco, se o Congresso aprova o desmonte da CLT. Quando se cria o trabalho intermitente, a terceirização e a figura do “trabalhador autônomo fixo”, sem quaisquer direitos, por exemplo. Sem falar no garrote nos sindicatos e, praticamente, a extinção da Justiça do Trabalho.
Acusam a CLT de ser uma lei velha, incompatível com a modernidade. Na verdade, embora venha da década de 40 do século passado (1943), como querem os golpistas e seus miquinhos amestrados, a lei sofreu várias alterações ao longo desses 70 anos. Preserva, entretanto, a espinha dorsal, que garante um mínimo de civilidade nas relações do trabalho.
Ou isso ou a barbárie.
Curioso é que, nessas horas, nesse caso, ninguém compara, sequer lembra, que a Constituição dos Estados Unidos, país e modelo que o complexo de vira-latas tupiniquim tanto bafeja ou inveja, tem 230 anos, e é respeitada.
Para fechar, A Tal Mineira compartilha o comentário do colega Bob Fernandes no jornal da TV Gazeta, na segunda, 22. Fala sobre o estado do desgoverno e a situação geral da Terra Brazilis:
Aqui a transcrição do texto do Bob Fernandez, capturado no youtube:
O governo Temer acabou. O que ainda se move e fala são zumbis. Os que há um ano deram vida a isso aí estão divididos.
Uns pretendem manter os zumbis; ainda querem a entrega do serviço contratado.
Outros, até pra escapar à contaminação, querem se livrar dos zumbis. Esse zumbinato nasceu de uma Farsa.
Presidente do Supremo quando das condenações no “Mensalão”, Joaquim Barbosa definiu essa Farsa como “Impeachment Tabajara”…
.
Um conjunto de gambiarras para mascarar como “legal” a junção de interesses econômico-financeiros, e ressentimentos. Ressentimentos de classes e por sucessivas derrotas eleitorais.
Políticos também corruptos, obscuros e notórios “Movimentos” -que agora se escondem- instigaram e arrastaram multidões.
Sempre com fundamental apoio midiático nessa Cruzada, parcial, contra a “corrupção”.
Enfim exposta amplamente a corrupção, não apenas porções selecionadas, pergunte-se: onde estão aquelas multidões e helicópteros?
Onde editoriais pela queda imediata dos governantes corruptos? Temer ocupou redes de rádio e Tv: onde estavam as panelas?
Por cinco anos cansamos de repetir aqui: “a corrupção político-partidária-empresarial é ‘Sistêmica’, envolve todos os grandes”.
Agora, à revelia de Curitiba, Joesley&Friboi entregou: doou R$ 600 milhões para 1.829 candidatos de 28 partidos. Contaminados Ministério Público e Tribunais.
O DNA dessa corrupção estava nos dados das empreiteiras. Escolheu-se o que investigar e o que não enxergar.
Escolhas com profundas, graves consequências econômicas, sociais, político-eleitorais.
Ainda sem provas conhecidas, Joesley&Friboi entregou megaorganização criminosa. Joesley, segundo sua própria delação, portava-se como gangster.
E, segundo Temer, Joesley acrescentou mais um aos seus muitos bilhões; ao especular na Bolsa com os efeitos da sua explosiva delação.
Perdoado pela Justiça, Joesley mudou-se com empresas e bilhões para os EUA.
Com citações, loas ao onipresente “mercado”, seguem brados, basicamente, contra… “us puliticus”. Ainda não entenderam: “us puliticus” são os serviçais, os capatazes…
Vasta porção do topo do capitalismo brasileiro, o mesmo que ora patrocina, ora caça “corruptos”, é a cabeça deste “Sistema” podre.
Expostos intestinos, brandindo legalidade que estupraram, os cabeças buscam agora pilotar o futuro pós-Zumbis.