por Sulamita Esteliam
No vão das notícias do dia que passou, abro com a que me parece ser a mais significativa: o desgoverno jogou a toalha sobre a contra-reforma da Previdência, que sai da pauta de votação da Câmara.
Já era batalha perdida, pois o usurpador golpista, vampirão dos direitos do povo brasileiro, não amealhou os votos necessários para aprovar o desmonte.
Nem a peso de ouro, de compra deslavada de intenções, o conseguiu.
É ano eleitoral, e os parlamentares prezam mais a possibilidade de manter seus privilégios com mandatos renovados. Sabem que se votassem, não voltariam.
Daí a intervenção político-militar no Rio de Janeiro. É triste e indigno que a celebração justa carregue esse preço.
O consolo é que o que é deles, dessa raça golpista, está guardado. E é das urnas que vem o troco.
Não se pode cochilar. O povo há de se lembrar de cada um que garfou seus direitos, que ajudou ao País retroceder três séculos.
Esse golpe apenas começou com a farsa do impedimento da presidenta Dilma Rousseff, a legítima. Foram 54,5 milhões de votos garfados para a camarilha perdedora usurpar o poder.
O que esteve em jogo, sempre, eram os direitos coletivos da maioria, traduzidos em um mínimo de igualdade de oportunidades e redução da disparidade social e econômica abissal.
Daí, a PEC da morte, que congelou investimentos sociais; a entrega do Pré-Sal para as petroleiras do império do Tio Sam, aos invés de financiar a educação e gerar os empregos na indústria derivada e de suporte, como a Naval.
Daí, a degola dos direitos trabalhistas, e a oficialização do trabalho escravo, com a CLT jogada na lata do lixo.
Daí, nosso patrimônio e nossa soberania entregues de bandeja a capital externo.
Daí, o desemprego, a miséria e a fome retomarem o domínio nesta terra brasílis, enquanto os rentistas-golpistas se locupletam.
O desmonte da Previdência era a outra joia da coroa.
Fundamental a resistência dos movimentos populares, nas ruas e nas redes.
Sobretudo das mulheres, as principais prejudicadas, com a greve geral de março do ano passado; lembra uma professora sindicalista no carro de som da CUT, na tarde-noite de segunda-feira, na Praça 7, no centro de Beagá.
Mas há que reconhecer o trabalho incansável do senador Paulo Paim (PT-RS), que bate palmas para o povo brasileiro.
Palmas para ele, também.
Compartilho o vídeo em que explica o significado desse momento; é só clicar para ver e ouvir:
https://www.pscp.tv/paulopaim/1OdJrZaVkpYJX?t=49s
Nunca é demais reforçar: a Previdência Social não é deficitária, como tentam fazer crer. E quem o diz são os auditores fiscais da Receita.
Se a reforma é necessária e urgente, então que se faça o é preciso:
- Por fim à DRU – Desvinculação das Receitas da União: que retira bilhões de reais da Seguridade Social
- Acabar com isenções, anistias, parcelamentos como o Refis e outras formas de desvio de recursos e perda de receitas próprias da Previdência
- Cobras as dívidas bilionárias dos mega-devedores e responsabilizá-los, civil e criminalmente, pela sonegação e aprovação indébita
- Fiscalizar quem não cumpre a lei e combater com rigor as fraudes
- Rever o modelo atuarial adotado para se ter clareza das receitas e despesas do sistema
- Auditar a dívida pública: milhões são retirados da seguridade social para cobrir os juros da dívida pública, que só beneficiam o sistema financeiro e os rentistas.
Eis os pontos centrais do desmonte, por ora cataplético, enumerados pelo movimento popular em Defesa da Previdência:
- Idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres
- Aumento automático da idade mínima, a cada quatro anos, sempre que elevar-se a expectativa de vida dos brasileiros
- Aumento do tempo mínimo de contribuição: 40 anos para se aposentar com média integral
- Aposentadoria por invalidez deixa de ser integral
- Pensão por morte reduzida a 50% do valor da aposentadoria e mais 10% para cada dependente
- Legalizar um regime próprio de previdência para políticos, contrariando a Constituição
- Trabalhador rural teria que contribuir 15 anos, mensalmente, para se aposentar por idade
- Eliminar regras vigentes de transição para servidor público
- Fim da aposentadoria especial para trabalho insalubre e perigoso
- Idade mínima de 60 anos para aposentadoria de professor e professora dos ensinos médio, infantil e fundamental.
Ontem foi Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência. No país inteiro houve paralisações e mobilizações.
Aqui em Beagá, as atividades incluíram ato na Praça 7 e fecharam com um abraço à sede do INSS no centro da cidade.
Com chuva, com impaciência dos que não se conscientizam de que a luta é em defesa de todos, com direito ao Vampirão da Tuiuti, com tudo.
O A Tal Mineira esteve lá. Foi bonito.
Agrego os vídeos, com minhas desculpas pelo amadorismo.
O abraço à sede da Previdência em Beagá
A presidenta da CUT, Beatriz Cerqueira, nomeia deputados e senadores golpistas da bancada mineira no Congresso
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Postagem revista e atualizada dia 21.02.2018, às 10:12h: correção de erros de concordância verbal em alguns parágrafos; supressão de frase repetida; correção do link dos vídeos que fecham a postagem. Com as minhas desculpas.
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