por Sulamita Esteliam
Catei milhas daqui e dali, mas não consegui viabilizar minha ida para o Fórum Social Mundial que acontece esta semana, em Salvador, na Bahia de Todos os Santos, e vai até o dia 17 – embora a coletiva de fechamento rol às 18 horas do domingo 18.
Nem preciso dizer que estamos muito chateadas – Euzinha, a militante, a jornalista-blogueira e a pessoa que nasceu com rodinhas nos pés, mas não com asas, e no momento nem capilé, para cruzar distância dessas.
Enfim, tudo é quando possível, mas esta edição parecia tão perto… e é o Fórum da resistência de um Brasil em desabalada deterioração social e política, longe de ser exceção no mundo, no lugar onde tudo começou.
Resta-me acompanhar pelas redes sociais. A marcha de abertura, capitaneada pelas mulheres saiu de Campo Grande em direção à Praça Castro Alves, que é do povo, juntou milhares numa turba de diversidade, num protesto alegre e emocionante, para quem participou, que cruzou a cidade por um Brasil e um mundo melhor.
A bem da verdade, das sete edições do FSM no Brasil, só compareci na de 2002, a segunda, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
O lema desta edição é Resistir é criar. Resistir é transformar.
Presenças confirmadas, dentre várias, são a presidenta Dilma Rousseff, a legítima; o ex-presidente Lula; a ex-presidenta da Argentina, Cristina Kichner e os presidentes do Uruguai, José Mujica, e do Paraguai, Fernando Lugo. Guilherme Boulos e a indígena Sônia Guajajaras, candidatos da chapa do PSOL às próximas eleições presidenciais, também estão presentes.
Representantes de diferentes países como Canadá, Marrocos, Finlândia, França, Alemanha, Tunísia, Guiné, Senegal, além de países Panamazônicos e representações nacionais. E intelectuais como o sociólogo Emir Sader, o cientista político Boaventura Santos, o filósofo Godefroid Ka Mana Kangudie, do Congo; a presidenta da Federação Democrática Internacional de Mulheres, Lorena Peña e Francine Mestrum, da Justiça Global.
Mais abaixo, compartilho o vídeo da tradicional marcha de abertura, que se encerra com ato cultural, produzido pela TVE Bahia e postado no portal do FSM
Pós-escrito, agrego fotos enviadas, via zap-zap, pela querida Reiko Miúra, amiga-irmã Japa, diretamente do front:
Trata-se de um encontro de diversidade e culturas de todos os cantos do planeta, com o objetivo comum de transformar o ser humano, melhorar o mundo e, portanto, a vida das pessoas. Acontece desde 2001, teve sete edições no Brasil, seis em Porto Alegre e uma em Belém do Pará (2009) e agora em Salvador.
É um espaço de diálogo e convergência para construir alternativas ao neoliberalismo, aos golpes antidemocráticos e genocidas que nos assombram nos sete cantos do planeta e, aqui o Brasil, especilamente. Há gente de 120 países no encontro que esperar reunir cerca de 60 mil pessoas.
São milhares de atividades – 1.600 este ano – autogestionadas e simultâneas, inscritas via internet por algo em torno de 1500 coletivos. A participação individual pode ser inscrita ao longo do evento, ao custo de R$ 35.
Naturalmente que há uma comissão, digamos, facilitadora, mas a ideia do FSM é de organização horizontal.
Rita Freire, da Rede Mulher e Mídia, da qual faço parte, e membro do Conselho da EBC – Empresa Brasileira de Comunicação, integra o processo. E, segundo leio no sítio dos Jornalistas Livres, foi ela quem abriu a coletiva de imprensa com a midia livre, no final da manhã, no Campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia, que sedia a maior parte das atividades.
A colega protestou publicamente contra “o ato de tirania” da direção da única empresa pública de comunicação do País que proibiu a cobertura do evento. Ouso dizer que a EBC deixou de ser pública no momento em que os golpistas usurparam o governo. As emissoras sob sua antena, agora, são instrumentos políticos do golpe.
Não há dimensão para a pequenez dessa raça. Todavia, nada é para sempre, e o que é deles está guardado.
Destaque para as mulheres nas atividades do FSM : a Assembleia Mundial de Mulheres, no Terreiro de Jesus, no Pelourinho, paralisa pela primeira vez as atividades do Fórum na manhã da sexta-feira, 16. No dia 15, pela manhã acontece o II Encontro de Mulheres Ciberativistas, no auditório da Escola de Enfermagem da UFBA, atrás da Reitoria.
No dia 14, há o Tribunal do Feminicídio de Mulheres Negras, pela manhã, e a Marcha das Mulheres Negras às 14 horas. Na noite do mesmo dia, está programada uma homenagem às mulheres do FSM.
Destaque para três atos político-culturais importantes: a Assembleia Mundial dos Povos e Territórios em Resistência; o Ato Político-Cultural Rumo ao Fama, que é o Fórum Alternativo Mundial das Águas, que acontece em Brasília, a partir do dia 17; e o Cortejo Cultural, que encerra as atividades do Fórum, ao meio dia do sábado, na Praça das Artes do Campus de Ondina.
Clique para acessar o caderno com a programação completa.
E aqui a íntegra das atividades, detalhadamente.
Fotos: Guilherme Imbassay e Cecília Figueiredo/Jornaistas Livres e Mídia Ninja BR