por Sulamita Esteliam
O Partido dos Trabalhadores tem uma prioridade absoluta em relação às eleições gerais de 2018: a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Todo o resto, mesmo as candidaturas viáveis, popularmente e dentro do PT, decorre dos acordos de aliança que serão feitos no plano nacional.
Palavras da presidenta nacional do partido, Gleisi Hoffmann, em coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira, em Contagem, Minas Gerais. Fala a propósito do lançamento da pré-candidatura de Lula esta noite, na cidade operária das Gerais.
Assista ao vivo a festa do lançamento:
Se dúvidas havia, agora deixam de existir. Nesse cenário, “o PSB é aliado preferencial”.
Vai entender. A não ser pela Paraíba, onde o governador Ricardo Coutinho tem-se mostrado leal na resistência ao golpe, mesmo antes da queda da presidenta Dilma, onde mais o partido é significativo? Ah, sim, também o senador amazonense João Capiberibe é um aliado de respeito.
Afora esses, é dureza de engolir. Em alguns estados como Minas e Pernambuco, há sinais de intempéries pela frente.
Aqui, na terra dos altos coqueiros, o partido tem uma candidata preferencial, que é a vereadora Marília Arraes, sobrinha do ex-governador Miguel Arraes, prima de Eduardo Campos.
Marília, ao contrário de seu antigo partido, deixou a legenda para não trair Dilma. Filiou-se ao PT com as bençãos de Lula, e agora quer seu direito à disputar a cadeira de Paulo Câmara, o dileto de Campos, golpista de primeira hora.
O pragmatismo eleitoral, em nome das alianças nacionais, já fez estragos bastante graves no quintal petista em Pernambuco, e isso é inegável.
Quem tem memória tem vivos os acontecimentos das municipais de 2012, quando o Diretório Nacional não reconheceu o direito do então prefeito João da Costa candidatar-se à reeleição. Mesmo tendo vencido a disputa interna com Maurício Rands. Este havia sido líder do governo Lula na Câmara com bastante êxito, reconheça-se, em pleno processo do “mensalão”, que não restou provado.
A emenda tirada do colete saiu pior do que o soneto: Humberto foi ungido candidato de ocasião, e nem mesmo João Paulo, o ex-prefeito que se imaginava popular a toda prova, foi capaz de dar dignidade à disputa.
O PT perdeu a eleição no primeiro turno, e para um poste de Campos, que vira na cisão a oportunidade de puxar o tapete do aliado, arrastando consigo o PCdoB, parceiro preferencial. A bancada de vereadores foi reduzida de cinco para três.
Tamanho estrago acompanha o partido até dias recentes. O PT, ainda com João Paulo, perdeu as últimas eleições municipais, e fez apenas uma vereadora: Marília Arraes, a sexta mais votada. Como no pleito anterior, os socialistas fizeram barba, cabelo e bigode.
Nas eleições gerais de 2014, Dilma venceu em Pernambuco, mas o partido, mesmo disputando apenas o senado com João Paulo, na aliança com o PTB de Armando Monteiro, não logrou êxito.
Pouco importou aos eleitores que o sucesso do governo socialista em Pernambuco tenha sido bancado pelo investimento pesado no desenvolvimento do estado pelos governos Lula e Dilma. O arranjo não conseguiu fazer frente ao fantasma de Eduardo Campos que, da tumba, fez Paulo Câmara, outro poste, governador.
Claro que a situação é peculiar pelo avesso. Lula é prisioneiro político, lidera com folga todas as sondagens de opinião e o país sob o golpismo está de ponta-cabeça, como destaca Gleisi Hofmann.
Mas, também por isso, o PSB de Câmara fez um péssimo governo, engolido pela crise e pela ponte para o abismo dos golpistas aliados.
Teoricamente, a lógica favoreceria Marília Arraes. Não obstante, quem diz que há lógica na política!?
A ver no que tudo isso vai dar.
Assista a íntegra da coletiva, que contou com as presenças das lideranças locais e nacionais do PT: os mineiros Luiz Dulci, vice-presidente Nacional e ex-ministro-Chefe da Casa Civil de Lula, e Gleide Andrade, secretária Nacional de Organização; os líderes no Senado, Lindbergh Farias e na Câmara, Paulo Pimenta, e a presidenta do PT Minas Gerais, Cida de Jesus.
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