Marília Arraes diz não à Executiva do PT e vai para a base decidir

Marília Arraes em coletiva de imprensa, cercada por membros da direção e do diretório PT
por Sulamita Esteliam

No afã de assegurar apoio à candidatura Lula, a Executiva Nacional do PT azeda o caldo em Pernambuco e, posso estar errada, mas comete um baita erro político, mais um.

Rifar a candidatura de Marília Arraes ao governo do estado, a promessa de renovação de liderança do partido no Nordeste, em troca de “neutralidade” do PSB na campanha nacional, é simplesmente inacreditável.

Embora previsível, conforme o A Tal Mineira já acenara.

A primeira pergunta é: quem é o PSB em termos nacionais? Afora Pernambuco, o coração infartado do partido, o socialista tem lastro forte na Paraíba. No estado vizinho a Pernambuco, detém o governo cujo titular, Ricardo Coutinho, se posicionou contra o golpe que derrubou a presidenta Dilma; ao contrário do governador pernambucano.

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O que não está dito, formalmente, mas é o que tudo indica, é que, no toma lá dá cá que envolve negociação de alianças, Pernambuco é a moeda de troca para que o PSB não lance candidato próprio em Minas Gerais e apoie Fernando Pimentel.

Assim, na engenharia da burocracia de cúpula petista-socialista, saem Marília em Pernambuco e Márcio Lacerda em Minas Gerais para facilitar a sobrevida das candidaturas à reeleição dos governadores dos respectivos partidos.

Só esqueceram de combinar com os russos.

Marília e a base que a apoia no estado e nacionalmente não engoliram, e recorreram ao Diretório Nacional, instância superior à Executiva, que se reúne na sexta, em São Paulo, às vésperas da Convenção Nacional.  Em entrevista coletiva no início da noite desta quarta-feira, anunciou que sua candidatura está mantida.

O Encontro Estadual sobre Tática Eleitoral, marcado para esta quinta, 02 de agosto, também está mantido, e a se respeitar as regras, não pode ser cancelado. A vereadora está firme e confiante no voto da maioria dos 300 delegados eleitos no Encontro Estadual que decidiu pela candidatura própria, há um ano.

Em Minas, é o candidato do PSB e sua base, que, se não recusam a acatar o anunciado, não escondem sua decepção e “indignação” com a proposta da direção nacional de seu partido.

Lacerda diz, no Facebook, que “percorreu o estado para constituir-se em alternativa viável para a solução dos graves e sérios problemas de Minas Geras”.

Vamos combinar que as possibilidades da candidatura Márcio Lacerda em Minas sejam mais para dividir a bola do que para somar.  Até porque, essa eleição tem o ingrediente Anastasia, líder nas pesquisas, que tenta retomar o comando do estado para os tucanos. Mas, vá lá, pretensão e água benta…

O cidadão Márcio Lacerda não suporta tamanha desfaçatez. Ex-prefeito de Belo Horizonte, numa aliança que rachou em meio à primeira gestão, o fígado ainda se ressente das estocadas.

Mas certamente Pimentel não se esquece do que foi urdido quando, em 2012, cedeu ao PSB a primazia na chapa que o sucedeu no Executivo Municipal. Com as bençãos aecistas, não se pode esquecer.

Curioso é que tanto o governador de Minas como o governador de Pernambuco têm suas reeleições meio que na corda bamba, por motivos diversos.

Pimentel porque não conseguiu equacionar a contento, a despeito de toda ginástica administrativo-financeira, o caos que herdou de 12 anos de administração tucana nas Gerais. Só para dizer o mínimo, o parcelamento de salários dos servidores deixou de ser calo para ser chaga exposta nos calcanhares.

Paulo Câmara tem a habilidade política que se espera de um poste, e não se sabe o que fez nos quatro anos de governo. A propalada competência como gestor, que o elegeu – ungido pelo fantasma de Eduardo Campos -, foi pra o ralo junto com a escassez de recursos de uma economia nacional em bancarrota promovida pelo desgoverno.

Uma ponte para o abismo em consequência do golpe que teve o decidido apoio do governador e seu partido, não se esqueça.

Então, a teia armada sob o manto de sustentação da candidatura do ex-presidente Lula, ao que tudo indica, não tem sustentação política nem eleitoral.

A própria Marília Arraes, e também a deputada Tereza Leitão, que é membro da direção nacional do PT, deixam isso claro: qual tipo de apoio o PSB neutro pode agregar à candidatura Lula, se no estado em que é o coração do partido, pernambuco, o governo capenga!?

E o que é mesmo neutralidade em política!?

Sinceramente, morro e não vejo tudo.

Transcrevo a íntegra da nota da Executiva Nacional do PT

O Partido dos Trabalhadores, por meio de resolução do Diretório Nacional de dezembro de 2017, decidiu conferir prioridade absoluta à candidatura do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.

A primazia do projeto nacional nas eleições de 2018 foi reiterada em sucessivas resoluções do Diretório Nacional e da Comissão Executiva Nacional, orientando e vinculando a este projeto as alianças nos estados.

Com o objetivo de fortalecer a unidade do campo popular em torno da candidatura Lula, e na perspectiva de construir as condições políticas para que uma aliança progressista governe o país a partir de janeiro de 2019, a direção do PT desenvolveu intenso diálogo com outros partidos, prioritariamente PSB e PCdoB, com os quais temos vínculos históricos.

PSB e PCdoB estão entre os cinco partidos que assinaram conosco, por meio das fundações partidárias, o manifesto programático Unidade para Reconstruir o Brasil. Nestas eleições, já estamos juntos na Bahia, Acre, Ceará e Maranhão, e trabalhando para constituir alianças no maior número possível de estados.

O PT entende que a unidade do campo popular é necessária para superarmos a profunda crise do país, reverter a agenda do golpe e retomar o projeto de desenvolvimento com inclusão, onde o povo e os trabalhadores voltem a ser o centro das ações de governo.

Nessa perspectiva, o PT decide incorporar-se às campanhas em que esses aliados históricos disputam governos estaduais, criando as condições para ampliar nacionalmente o apoio à candidatura Lula.

Diante disso, a Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, com base no Artigo 159 do Estatuto do PT e cumprindo as resoluções do Diretório Nacional sobre a candidatura do companheiro Lula à Presidência da República, resolve, como diretriz estabelecida por esta instância:

Apoiar, nos estados do Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco, os candidatos a governador do PSB, assim como já apoiamos a candidatura do PCdoB no Maranhão;

Formalizar este apoio por meio da integração do PT às respectivas coligações majoritárias;

Formalizar o convite ao PROS para integrar a coligação nacional em torno da candidatura Lula.

Brasília, 1º. de agosto de 2018

Comissão Executiva Nacional do PT

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Posaemrevista e atualizada dia 02.08.2018, às 14:19hs: correção de erros de digitação e ortografia.

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