Militantes iniciam greve de fome no STF, e são recebidos com gentileza à moda da Cármen

 

por Sulamita Esteliam

É de um simbolismo atroz, e não deixa de ser tristemente irônico, que as pessoas que trabalham a terra, ou que representam aqueles que trabalharam a terra – porque um dia estiveram na lida, e se fizeram lideranças -, tenham a iniciativa de colocar a vida como adubo da luta por democracia, justiça e liberdade.

Talvez porque o povo brasileiro seja, de fato, movido a esperança. Falo do Zé e da Maria Povinho, aquele e aquela que acreditam na possibilidade de uma nação, e que carregam o País no lombo, e que no lombo recebem chibata dos senhores e senhoras da casa-grande, aspirantes de vir a ser  e seus capitães do mato.

Não raro vestem toga, quando não fardas. Costumeiramente usam colarinho branco.

Não foi impunemente que os seis grevistas iniciaram nesta terça, 31 de julho, greve de fome em defesa da liberdade de Lula, pela retomada da democracia, dos direitos do povo e da soberania do Brasil. Foi com repressão, com truculência, em nome da ordem, no palácio que abriga a Corte Suprema guardiã da Constituição.

É a maneira que a presidente da Casa, ministra Cármen Lúcia, dá o exemplo de como o Brasil precisa e pode “voltar a ser gentil”.

“É assim que nós somos tratados nesses espaços de poder. Os trabalhadores quando chegam aos espaços que deveriam ser públicos e do povo são tratados desse modo.”

Tradução de Rafaela Alves, do Movimento de Pequenos Agricultores de Sergipe, uma das duas mulheres grevistas que compõem o grupo. E que pretende jejuar “até que Lula seja solto”, conforme Jaime Amorim, do MST de Pernambuco.

“Nossa greve de fome é uma oportunidade que oferecemos ao STF de se limpar dessa sujeira, de ser manipulado por um juiseco de primeira instancia, defendendo a liberdade de Lula como o caminho para restabelecimento da ordem democrática e constitucional do país, os direitos do povo e a soberania nacional.”

A outra mulher integrante do grupo é Zomália Santos, do MST de Rondônia.

“Ainda tenho essa opção (de fazer greve de fome), para que tantos outros não venham a passar fome, não venham a chegar a morrer de fome, pois nosso país está tomando rumo muito complicado, muito difícil.”

Integram o grupo Frei Sérgio, também do MPA, do Rio Grande do Sul, Vilmar Pacífico, do MST e  Luiz Gonzaga (Gegê), da Central dos Movimentos Populares, do Recife.

A greve de fome faz parte da jornada de lutas pela democracia e pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É um gesto extremo de protesto, decidido e organizado pelos movimentos sociais ligados à Via Campesina Brasil, basicamente, Os grevistas são voluntários ciosos dos motivos que justificam a radicalidade, nas palavras de Frei Sérgio.

“A situação de desgraça e desespero que nosso povo vive tem muitas causas econômicas e sociais, mas os agentes diretos que operam o massacre, a injustiça e a destruição da Constituição, têm nome e sobrenome e eles são os responsáveis por estarmos em Greve de Fome entre eles o juiz Sérgio Moro; os desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Vitor Laus; os irmãos Marinho, donos das organizações Globo; os ministros e as ministras, Luiz Edson Fachin, Cármem Lúcia, Luiz Roberto Barroso, Rosa Weber, Luís Fux e Alexandre Moraes.”

Eis o vídeo compartilhado pelo Brasil de Fato:

A íntegra do Manifesto dos grevistas protocolado junto ao STF, antes do show de gentileza à moda de Carmen Lúcia, via página do MST:

MANIFESTO DA GREVE DE FOME

Nós, militantes dos movimentos populares do campo e da cidade, ingressamos conscientemente na “Greve de Fome por Justiça no STF”, iniciada no dia 31 de Julho de 2018 em Brasília, por tempo indeterminado.

Nossa opção por esse gesto extremo de luta decorre da situação extrema na qual se encontra nossa Nação, com a fome e as epidemias retornando e o desemprego desgraçando a vida de nosso povo.

O que motiva nossa decisão é a dor e o sofrimento dos brasileiros e brasileiras.

Nossa determinação nasce também pelo fato de que o Poder Judiciário viola a Constituição e impede o povo de escolher pelo voto, soberanamente, o seu Presidente e o futuro do país.

BRASÍLIA – DF, 31 DE JULHO DE 2018

*Com informações do MST e Brasl de Fato.
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Postagem revista e atualizada dia 1° de agosto de 2018, às 13:26 hs: correção De erros de ortografia e digitação.

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