Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
por minha alma indomável
(…)
(…)
It matters not how strait the gate,
How charged with punishment the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
Não importa quão estreito o portão
Quão repleta de castigo a sentença,
Eu sou o senhor de meu destino
Eu sou o capitão de minha alma.
(Invictus, de Willian Henley, poeta britânico, 1875 – primeira e última estrofes)
Nelson Rolihlahla Dalibhunga Mandela completaria 100 anos neste 18 de julho. Encantou-se há cinco anos, mas o Dia de Mandela existe desde 2010, por determinação da ONU. Dia de fazer o bem.
E não é que no Mandela’s Day, a ministra Rosa Weber, que ora preside o TSE, resolveu fazer valer a lei! Negou, ou melhor desconheceu, jogou no lixo, a ação do MBL que pedia o decreto antecipado da inelegibilidade de Lula.
Pedido “genérico” e extemporâneo, pois antes do prazo para as convenções partidárias que oficializam as candidaturas e, portanto, para seu registro que é 15 de agosto – aqui a íntegra da decisão.
A propósito, cá com meus botões, pergunto se a decisão do TSE não coloca sob questionamento a ferrenha oposição da juíza-carcereira, Carolina Lebbos. Ela nega o direito de Lula dar entrevistas ou gravar depoimentos como pré-candidato.
Encarregada da Vara de Execuções Penais de Curitiba, voltou a fazê-lo, desta feita, recusando o pedido do fotógrafo pessoal do ex-presidente Lula. Ricardo Stuckert requereu autorização para visitá-lo com o propósito de fazer imagens e gravar depoimentos a serem utilizados na pré-campanha.
Ora, se Lula não é inelegível, como atesta o tribunal encarregado de presidir as eleições, ele pode fazer campanha como fazem todos os pré-candidatos.
Suspeito que o STF deva ser provocado a se pronunciar a respeita desta, digamos, esquizofrenia jurídica. Apontada, registre-se por juristas de renome do Brasil e do mundo, e registrada por este blogue em diversas ocasiões, inclusive na postagem da última terça.
O colega Fernando Brito, que tem formação em Direito, vai mais longe e faz a contagem dos prazos para concluir que Lula, pode estar no horário eleitoral dito gratuito. Ainda que algum candidato venha pedir a impugnação de sua candidatura.
Poderia.
“Salvo o estupro da lei..,”, conforme assinala, para questionar: “Mas, como fazer isso se a juíza o proíbe de falar ou de gravar, como manda a lei, a sua participação nos horários eleitorais?”
Há cerca de dois anos, escrevi aqui que “o risco de prender Lula é fazer dele um Mandela”. Está feito, e não só o líder sul-africano como outras lideranças mundiais também perseguidas, muitos deles mortos, pelo arbítrio por suas posições em defesa da igualdade, da liberdade e da fraternidade, como Martin Luther King, Ghandi, Tiradentes, dentre outros.
Está na boca do povo, em imagens e palavras espalhadas pelo mundo digital – aqui, acola e alhures. Até música alusiva, em inglês, já cruza os continentes, e o A Tal Mineira já o registrou, semana passada.
Lula não está só. Não estamos sós.
Neste dia de Mandela coincide com a semana em que se completa 100 dias de Lula preso político. E justo nesta quarta, um ato em São Paulo lembrou a conexão inarredável.
Da prisão, Lula enviou um recado a respeito:
“Hoje faz 100 anos que nasceu Nelson Mandela. Nos encontramos algumas vezes, mas infelizmente não fomos presidentes ao mesmo tempo. A sua lição de luta, perseverança e que o perdão pode curar os ódios de uma nação dividida são importantes no Brasil de hoje, onde o racismo ainda é muito forte e onde querem reconstruir um apartheid social que lutamos tanto para diminuir. O ser humano não nasce odiando, ele é ensinado a isso. Então vamos ensinar as pessoas a serem mais justas, solidárias e sem nenhum tipo de preconceito.”
Por Luiz Inácio Lula da Silva
Um comentário