Lula faz duas jogadas de craque, daquelas de quebrar o adversário e entortar beque da roça

por Sulamita Esteliam

Do ponto de vista politico e eleitoral, a chapa Lula-Haddad-Manuela, por esta escriba denominada triplex dos sonhos, é um golaço. É o casamento da estratégia e da argúcia com a experiência técnica e tranquila, mais a audácia da juventude engajada nas boas e necessárias causas.

Ou, como define a presidenta do PT, Gleisi Hoffman, no Twitter: “É o legítimo triplex! O triplex da esperança e da renovação. É o triplex que o povo quer para um Brasil melhor.”

Jogada de craque, que só podia sair da cabeça de um certo senhor Luiz Inácio Lula da Silva, que mais do que nunca tem tempo de sobra para matutar e elaborar com estilo. Sabe aquele tipo de inteligência e liderança que surge a cada 100 anos? Pois é.

Ouvi de alguém ou li em algum das dezenas de blogues e sítios de mídia alternativa pelos quais navego diariamente: a chapa Lula-Haddad-Manuela põe fim à tática da desobediência civil de esticar a corda até que que o golpe se oficialize, e se impugne a candidatura Lula para então substituí-la.

Coisa nenhuma. O processo de resistência segue mais alicerçado do que nunca, só que agora oficialmente aberto a todas as possibilidades. E haja jogo de cintura e tática para escapar a tanto casuísmo.

Aos quarenta e quatro minutos do segundo tempo, na escalada golpista nacional que inclui mudar as regras no meio do jogo para barrar o adversário, a perspectiva que se prenuncia é a seguinte: Lula e Manuela levam no primeiro turno; se impugnam Lula, consolidando o golpe, Haddad e Manuela estão no segundo turno.

Como diria o velho e saudoso narrador e comentarista esportivo de Minas, o ex-goleiro do Galo, Olavo Leite Kagunga Bastos:

“Não tem coré-coré, o gol é barra limpa!”

E a galera vai à loucura com o triplex dos sonhos, e a casa-grande surta.

Lula só não entra com bola e tudo, porque está em situação de impedimento para ir além, por enquanto. Mas orientou sua defesa a retirar do STF a ação cautelar que pede sua liberdade.

Com isso, inviabiliza a manobra de Edson Fachin, que numa de beque da roça, liberou para a pauta o pedido de liberdade engavetado quando se lhes convinha, na tentativa de antecipar o julgamento da inegibilibidade de Lula.

Ao contrário do que quer fazer crer a mídia venal, como O Globo, não é por “medo de ter a candidatura impugnada” que Lula, ainda que temporariamente, abre mão da liberdade, mas é  “em nome da dignidade e do compromisso com o povo brasileiro”, explicita Paulo Haddad, seu porta-voz oficial.

Vamos combinar que é difícil essa raça entender propósitos desta nobreza. Mas o mundo segue de olho e, não sem espanto, registra cada movimento

Não obstante, muita coisa a partir do anúncio dessa coligação com o PCdoB fica esclarecida no que toca à tática eleitoral do PT.  O partido de Lula quedou-se humilde para garantir a presença do PCdoB no palanque e não ser acusado de inviabilizar a unidade das esquerdas.

Embora fique de fora o PSol, do Guilherme Boulos. E não tenha a amplitude que caracterize uma frente ampla, que incluiria o, digamos, centro, que o Ciro Gomes representa. Ou o próprio PSB, com quem não há acordo formal.

Fato é que o PT de Lula teve que engolir o PSB como parte do acordo nacional em que o partido só promete não atrapalhar.

Por conta disso, mandou para o banco de reservas a candidatura Marília Arraes, de grande apoio popular em Pernambuco, para não empatar Paulo Câmara, golpista arrependido na conveniência da necessidade.

Todavia, não somente porque era importante ter ao menos parte do PSB como aliado em Minas, e assim dar a possibilidade de Fernando Pimentel ir ao segundo turno. Um combustível a mais na força carreada pela candidatura ao Senado da presidenta Dilma Rousseff, a legítima.

Mas porque Luciana Santos, a presidenta do PCdoB, é a vice na chapa socialista ao governo pernambucano. E por que em Minas, Jô Moraes é vice na chapa do PT mineiro que concorre à reeleição ao governo do Estado.

Marília, seu grupo de apoio e a base, ao que se anuncia, depois de referendar a candidatura própria, terminaram aceitando os argumentos políticos de seu partido. A meta da candidatura ao governo é adiada, enquanto Marília sai para deputada federal, com a responsabilidade de levar pelo menos mais cinco com ela – Leia a Nota Oficial.

Lá em Minas, o caldo entornou legal, mas da banda do PSB. Segundo noticia meu amigo Orion Teixeira, em seu blogue, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, levou o partido à Justiça, e vice-versa. O que mostra o quanto anda degradada a solução política.

Na próxima postagem, falo mais sobre as definições em Minas.

Assista mais abaixo ao vídeo com a entrevista de de Gleisi e Haddad com os detalhes de como o ex-presidente e candidato Lula recebeu a notícia dos arranjos de coligação oficializados:

Assista também o anúncio da aliança pela chapa PT/PCdoB, já na madrugada desta segunda-feira, 6

Postagem revista e atualizada dia 07.08.2018, às 20:10: correção de erros de digitação e substituição de palavra repetida.

Um comentário

  1. Só precisa combinar tudo isso com o eleitor. Pelo menos em Pernambuco esse tiro sairá pela colatra. Nem Paulo câmara vencerá, muito menos Humberto Costa, e erroneamente abriremos espaço para dois direitistas virar senador. Aguardemos!

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