
por Sulamita Esteliam
Confesso que Euzinha estou morrendo de inveja, boa, do povo da minha Macondo de origem. Em outubro, vai ter a oportunidade de votar em Dilma Rousseff novamente, desta vez para o Senado da República.
Aí, sei que algumas de minhas diletas amigas conterrâneas, como minha irmã jornalista Eneida Costa, devem pensar lá com seus botões: “bem feito, quem mandou na transferir o título!”
Cheguei a cogitar a possibilidade com ela. Aliás, Eneida me fez a gentileza de enviar as fotos da Convenção do PT Estadual e algumas informações ainda na noite do domingo. Só que foi batizado da minha neta caçula, e Euzinha estava em celebração familiar; só vi na segunda.
Posto agora, já que não sou mais escrava de prazo, ou gancho, ou furo qualquer, ou coisa que o valha. Aqui vale a transparência e o menu é à moda da casa.
Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós…
Bem que poderia ter transferido o título, sim, pois estive por lá em fevereiro para o aniversário de meus netos gêmeos, e aproveitei para curtir o carnaval belo-horizontino; adoro escrever esta palavra! Era só ter prorrogado um tiquinho mais a estada que teria dado certo.
Pois é. Mas não resolve chorar sobre o leite derramado. Sou eleitora em Pernambuco, minha Macondo de coração, e…
Pronto, lasquei-me todinha, pois minha candidata a governadora, Marília Arraes, agora integra o time de postulantes a uma cadeira na Câmara dos Deputados.
E como tem gente boa, e várias mulheres, candidatas nesse time pernambucano!
Em compensação, para o Senado, tudo como dantes no quartel de Abrantes: Humberto Costa é o eterno candidato petista, e na outra ponta o duplamente golpista Jarbas Vasconcelos (MDB) – golpeou Arraes, o avô do falecido Eduardo Campos, para ser governador; e golpeou Dilma.
Pois digo que, a menos que aconteça um milagre ou uma hecatombe, vai ser um parto a fórceps o PT manter sua vaga na Casa dos Estados, o que torna a representação de Pernambuco ali ainda mais conservadora.
Sempre se pode piorar.
Para ficar apenas nos mais cotados, no time de Armando Monteiro, ex-ministro de Dilma, e também traíra, estão dois golpistas empedernidos para disputar o Senado: Mendonça Filho, DEMo, (des)ministro da Educação do Temeroso; e tucano Bruno Araújo, a quem coube o voto que sacramentou a aceitação do pedido farsesco de impeachment da presidenta Dilma, a legítima.
Todo acordo tem seu preço, assim como toda tática parte do princípio de que o adversário seja imutável e falível. A conferir,
Só sei que em golpistas não voto nem que o mundo pare para Euzinha descer. Estou velha demais para esquecer ofensa dessa monta e nem meu espírito cristão é capaz de me soçobrar.
A soberania popular conta só na hora de pedir renovação de voto é…!? Vai ver se Euzinha estou lá na esquina, devo estar… E em companhia de muita gente boa, que faz toda diferença na hora da sacrossanta militância.
Bom, de volta a Minas Gerais, a conformação da chapa majoritária do PT teve a mão de Dilma no breque, e Pimentel teve que enfiar a viola no saco e dizer tchau ao MDB.
Só faltava a presidenta ter que engolir golpista, mesmo sem p, que foi a locomotiva do golpe que a derrubou, quando ela pode ser a salvadora da pátria nas eleições mineiras. Ora mais…!
O discurso de Dilma a convenção deixou bem claro o sentido da sua candidatura ao Senado Federal:
“Nós vamos, aqui em Minas, combater o golpe, que tem dois dos principais protagonistas aqui no Estado. Um que perdeu eleição, outro que destruiu o orçamento de Minas e entregou a [Fernando] Pimentel um governo falido. Vamos lutar contra eles.”
“Aqui em Minas Gerais é que vai se travar a luta decisiva. Se não ganharmos aqui, perderemos o Brasil. Somos desde aqueles que vão lutar dia a dia para eleger Lula presidente, Pimentel governador e, é claro, Dilma senadora. Esse trio é indissolúvel. Estamos nessa eleição pelo resgate da democracia. E a liberdade de Lula é a síntese da democracia no Brasil.”
Esta é a Dilma Vana Rousseff, como só uma mulher de princípios sabe ser. Correta. Honesta. Firme. Solidária. Leal.
A propósito, assista ao vídeo da campanha para financiamento coletivo da candidatura Dilma ao Senado por Minas Gerais. Em nome de novos tempos,do resgate da democracia com participação popular e menos desigualdade:
A segunda vaga, na chapa majoritária em Minas, estaria reservada a alguém do PSB. E tomara que seja fruto da banda socialista que não se deu ao desfrute de violar a Constituição.
Isso, caso a direção nacional do partido recoloque o ex-candidato ao governo, Márcio Lacerda, no lugar que lhe é devido. Até onde se sabe, a candidatura, cumprida a etapa das convenções partidárias, pertence à legenda, não ao postulantes.
Daí que é no mínimo esquisito que o ex-prefeito de Belo Horizonte tenha obtido guarida na Justiça, que deve conhecer de sobra o princípio legal.
Mas, é como se diz, de cabeça de juiz e bumbum de neném ninguém sabe ao certo o que vem.
Além do que, quem se filia a um partido, está disposto a seguir as regras internas. Legítimo brigar por posições enquanto há instâncias a apelar, como fez Marília Arraes e seu grupo político em Pernambuco.
Recorreram ao Diretório Nacional da decisão da Executiva em defesa da candidatura própria, confirmada no encontro estadual. Esgotada essa etapa, ouviram os argumentos e as razões, e acataram a decisão sem correr o desgaste de levá-la à Convenção Nacional. Por mais injusto que soe e troe.
Agora, perguntar não ofende: quem vai votar num sujeito que tem que brigar na Justiça com o próprio partido que não o quer como candidato?
Nesse aspecto, é bem compreensível que o AhÉCim!, de mau perdedor tenha se transformado em personagem de filme infantil. Só em ao invés de “esqueceram de mim”, o título deveria ser “escondidinho de tucano”, como aliás sugere o ex-presidente Lula, pernambucano de origem, em carta enviada à convenção de seu partido em Minas.
A ironia explícita de Lula se dirige ao medo do neto de Tancredo em enfrentar Dilma nas urnas. Ele sabe não pode com ela. A tucanada também.
“Não é por outra razão que o candidato deles, aquele que não aceitou a derrota em 2014 e acendeu o pavio desse golpe que trouxe de volta a miséria, a fome e a mortalidade infantil, achou mais prudente tirar o time de campo para não enfrentar nossa presidenta outra vez nas urnas. Aécio Neves, que chegou a pedir recontagem de votos após perder em 2014, está lançando um prato novo, meio diferente, que não tem muito a ver com a cozinha mineira nem é muito ecológico: o escondidinho de tucano. O povo mineiro não vai engolir essa receita indigesta nem para presidente, nem para governador, nem para o senado, nem para deputado federal.”
Clique para ler a íntegra da Carta de Lula ao Povo de Minas Gerais
O ex-presidente se refere à ausência do ex-governador e atual senador mineiro na convenção de seu partido que confirmou Antônio Anastasia candidato ao retorno – como o fantasma das sete pragas do Apocalipse.
Foram buscar reforços no DEMo. O próprio Geraldo Alckmin e mais o presidente da Câmara Demo-crata, Rodrigo Maia se arremeteram a Minas para convencer o já candidato oficial ao governo, um certo Rodrigo Pacheco, a retirar sua candidatura para somar como candidato ao Senado na chapa anastásica.
Talvez vislumbre a chance de passar o rodo, como é o estilo deles. Todavia, mesmo à distância, é possível captar um certo tremor no ninho, na contramão das pesquisas que colocam os bicudos na dianteira.
Credo em cruz, mangalô três vezes!
E por falar em golpe, a presidenta Dilma, candidata ao Senado por Minas, fez a aula inaugural do curso sobre golpe na UFMG, na Faculdade de Educação, em Beagá, noite da desta terça, 7. Foi ovacionada.
O curso “O Impeachment de Dilma Rousseff como Golpe de Estado: Perspectivas jurídicas, filosóficas, políticas e históricas” conta com 32 docentes da Universidade, doutores atuantes em áreas como Direito, Ciência Política, Educação, História, Psicologia, Arquitetura e Economia.
Dilma aborda os efeitos amargos do golpe de 2016. Deixo o linque ao vivo para você aproveitar:
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Postagem revista e atualizada dia 08.08.2018, às 22:18hs: correção de erros de digitação e repetição de frases, pelo que peço desculpas; também pelo vídeo sem eira nem beira que apareceu em lugar do que havia postado sobre a recepção da presidenta Dilma na UFMG; não sei o que aconteceu, mas Ana Amélia como substituta é, no mínimo, piada de mau gosto. por isso exclui.