O surto das pesquisas, do eleitor, ou o êxtase do deus colérico…

Bang
por Sulamita Esteliam

A cinco dias das eleições mais dramáticas da história deste País, as pesquisas de opinião parecem  ter entrado em surto. Pior, se retratam a realidade, apontam para o eleitorado querendo selar o destino da nação no pântano em que  nos pôs o golpe derrubou a presidenta Dilma Rousseff.

Como assim, se, no sábado 29,  milhares de mulheres, e homens juntos, foram às ruas do Brasil e do mundo em protesto histórico contra você sabe quem?

Será que o discurso dos direitos humanos é captado pelas pessoas, mulheres seduzidas pelo machismo brutamontes como um discurso moral que merece revide contra si mesmas?

Quem será o Deus de parte dos evangélicos, e também dos católicos, aqueles cujos pastores e fiéis pregam a insanidade?

É o vingador colérico, armado até os dentes, que desce em carruagem de fogo sobre os incréus – e a todos consome, inclusive seus crentes, e filhos, e filha desses eternos pecadores de tamanha fé?

E o pobre migra para o exército de insanos, simplesmente porque a força gravitacional de ser capacho do ódio ou escravo da remissão do pecado é irresistível?

Como assim, o inominável cresce e o foguete Haddad paralisa, se todas as pesquisas até então mostram o coiso estagnado e o candidato de Lula em acelerada ascensão?

Como assim, se todos os demais candidatos, incluindo o macho alfa paulista-nordestino, permanecem onde estavam; e, somados, não dão conta do recado?

Como assim, Ciro ganha de todos num eventual segundo turno, se ele não vence no primeiro!?

Que diabo de perguntas constam dessas pesquisas que levam a tamanha confusão?

IMG-20181002-WA0000A distonia, talvez aparente, das pesquisas foi o assunto do café da manhã e do almoço aqui em casa. Está na boca do povo, e em todas as redes sociais.

É motivo de inconformismo e, até, de pânico, mas também de piada, bem ao gosto da gente nordestina, que sabe como ninguém rir de si mesma,

Talvez a explicação não esteja, tão somente, na “margem de lucro”, como ironiza meu amigo blogueiro do Sul, em resposta ai meme, ao lado, que distribui aos meus contatos do zap-zap.

Talvez, também, seja um exagero pensar que  todos os valores cessam na última semana de campanha.

Ainda que a história das eleições presidenciais brasileiras, desde a primeira da redemocratização, atestem exatamente isso: vale tudo.

É por essas e outras que evito repercutir pesquisas. Parece samba de eleitor maluco, em surto de opinião. Uma desconhece a outra, embora todas tenham o mesmo propósito: medir a intenção devotos naquele dado momento,

Muita calma nessa hora, porém.  O diabo mora nos detalhes. Respire, olhe à sua volta, pense em você, sim, mas lembre-se que não é sozinho no mundo.

Pense que qualquer ser humano deve ter uma vida digna: trabalho remunerado, um teto, comida, escola para as crias, assistência médica, remédio para dor de cabeça, roupa para cobrir a nudez, sapatos para seguir adiante.

São necessidades básicas que você não logra cobrir se não tiver oportunidades.

Sim, por que se você, caso se inclua no rol do vale-tudo contra o PT, certamente se esqueceu de um detalhe da maior importância: o inominável é parte do desgoverno que usurpou o poder, que afundou o Brasil, levou seu emprego, seus direitos de trabalhador, sua cidadania, sua saúde e pode levar também seu 13º e sua liberdade.

Perguntei ao motorista do aplicativo que nos levou, a mim e minha filha e neta, à manifestação no Recife, no sábado 29, quando ele, por conta e risco, nos disse seu candidato:

– Você é rico?

– Não, claro que não.

– Então, por que você vai votar no candidato dos banqueiros?

– Porque nenhum dos candidatos vai fazer algo por mim. Algum deles vai fazer alguma coisa para a senhora?

– Não é esta a questão. O voto é pessoal, mas a escolha tem que olhar além do umbigo. Que tipo de projeto o candidato tem e quem ele vai beneficiar, se um grupo se a maioria, a começar pelos mais carentes. Você consegue ser feliz assistindo a miséria à sua volta?

O rapaz não respondeu. Dei uma trégua, curta, e perguntei:

– O que você fazia antes de ser Uber?

– Tinha uma pequena empresa.

– O que aconteceu com ela?

– Quebrou, tive que fechar.

– E quando isso aconteceu?

– Em 2015, meio do ano.

– Pois é. Nisso, eles são muito bons.

Fico por aqui.

Mas deixo o link de artigo do jovem cientista político pernambucano, Rodolfo Costa Pinto para reflexão.  Uma análise sobre o panorama eleitoral identificado pelas pesquisas.

Está publicado no Poder360, sítio de notícias do jornalista Fernando Rodrigues. Costa Pinto é o responsável pelas pesquisas Datapoder360.

Cheguei ao texto via Tijolaço, a partir de comentário do colega Fernando Brito, que sempre me inspira.

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