Uma carta para Lula, que emplaca 73 anos, com direito à virada de #HaddadSim, o recomeço

por Sulamita Esteliam

Primeiramente, meu abraço fraterno e repleto de bons fluidos pelos seus 73 anos, oficiais ou de fato (27 e 6 de outubro, qual das duas, afinal, é nascimento ou registro?), querido e eterno presidente Lula.

Muita saúde e energia boa para segurar o tranco, enquanto a justiça não se faz presente e conectada com seus direitos de cidadão.

Que você possa em breve, enfim, voltar a nos inspirar ao vivo e, como se diz aqui em seu torrão natal, de corpo presente, e no vigor de sua sabedoria.

Escrevo-lhe agora a carta que não consegui alinhavar nestes mais de 200 dias desde aquele sofrido 07 de abril deste ano que não quer acabar. Tudo a seu tempo.

Talvez ainda não tenha chegado a você o coro de milhares de vozes pernambucanas cantando parabéns para você, direto do Pátio do Carmo, a pedido do Fernando Haddad. Um vocal de desejos de felicidade misturados aos louvores das palavras de ordem que todos sabemos de cor e não nos cansamos de ecoar.

Foi lindo, Euzinha estava lá e cantei também.

Mas, certamente, você ouviu o alarido da festa bonita que a gente combativa e resistente da Vigília Lula Livre fez para você neste sábado. Um dia inteiro de comemorações, com direito a bolo gigante, discurso de Gleisi, a presidenta do PT, e muita cantoria.

Afinal, aprendemos ao longos desses anos que solidariedade e alegria sustentam a resistência.

E a noite fecha com outra grande boa notícia: encerramos a véspera do segundo turno das eleições presidenciais, e para os executivos estaduais onde há nova votação, numérica e rigorosamente empatados nas intenções de votos com o inominável.

Sim, como pode ver, e se puder acessar outras postagens deste A Tal Mineira, no curso desta campanha, verá que me recuso a escrever o nome dele. Não sou tamborim para repicar marcha de, como diz Haddad, “soldadinho de araque”.

Parêntese feito, volto ao que dizem as pesquisas, que também não costumo divulgar. É meio a meio, detecta o Vox Populi em levantamento financiado por leitores do Brasil 247. Detalhe, todas as entrevistas feitas neste sábado.

No Ibope e DataFolha a diferença é maior, mas cobrem dias ao longo da semana, e tbm a CNT/MDA, desde ou na sexta. Ainda assim, todas confirmam Haddad em ascensão “volumosa” e o adversário em declínio acelerado – palavra de especialista. E um dia nestas eleições equivalem a uma eternidade.

Significa que podemos virar para cima do coiso ruim. Haddad está confiante na virada, e a possibilidade de vitória é real. As urnas dirão.

As estatísticas não conseguem capturar as nuances que a rua traz, bem o sabemos.

Há, sim, uma onda vermelha do #HaddadSim puxando o cordão da #DemocraciaSempre e do repúdio ao fascismo. Demorou, mas as pessoas, finalmente, percebem que seu voto é a escolha entre a vida e a morte.

A hora é de optar entre a civilização e a barbárie. É a luz contrapondo-se à escuridão, a empatia, a solidariedade e a sororidade rompendo a intolerância, a mentira. As mulheres, os jovens e os evangélicos fazem a diferença.

O amor vencendo o ódio, o cinismo, a hipocrisia, a violência. O espírito cristão escolhendo a humanidade que é a sua essência.

Todos esses sentimentos estão presentes, juntos e misturados, como um cataclisma, porém.  De um lado a intempérie, de outro a alegria, o afeto, as manifestações coletivas e individuais de apoio.

Os tempos andam sombrios desde o primeiro turno, você sabe. Há vilipêndios irreparáveis e inaceitáveis, inclusive mortes: Moa do Catendê em Salvador, um homossexual em Curitiba, um travesti em São Paulo.

E agora, em manifestação pró-Haddad, um jovem de 23 anos foi executado durante carreata em Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza. Também na capital cearense, esta semana, uma jovem negra foi alvo de “estupro corretivo” por colegas da Unifor. Lola Aronovich, professora da universidade e blogueira feminista que você conhece, denunciou o crime político no Twitter.

Neste sábado, em Pernambuco, partidários do inominável agrediram o Jaime Amorim, que acabou detido em Caruaru. Sim, o Amorim, que você conhece bem, aquele que, junto com outros ativistas dos movimentos sociais, fez 45 dias de fome pela sua libertação.

Pois bem, ele e outros militantes panfletavam em favor de Haddad, foram provocados, tentaram argumentar, apanharam, e acabaram no quartel da PM e depois na delegacia. Foram liberados duas horas depois, já que não havia crime eleitoral na ação de rua de que participavam.

Aqui em Pernambuco, o TRE-PE segue o diapasão da censura à manifestação do pensamento que impera Brasil afora, e que tem valido sanções até a universidades de Norte a Sul do País: notificou o bispo auxiliar de Olinda e Recife para abster-se de fazer campanha em suas homilias.

O que dom Limacêdo Antonio da Silva fez é o que religiosos responsáveis devem fazer: orientar seu rebanho a escolher o melhor caminho à luz do Evangelho: o bem coletivo.

As universidades, por sua vez, cumprem o papel de promover o esclarecimento e a reflexão acerca do que acontece na sociedade.

E foi com esse princípio elementar da civilização que, acredite se puder, a ministra Cármen Lúcia determinou a suspensão das liminares que invadiram o território autônomo da produção de conhecimento..

Na Curitiba de sua reclusão, Roger Waters, líder da lendária banda Pink Floyd, não pôde lhe visitar, como desejava e requereu, mas voltou a protestar no show desta noite, mesmo sob o risco de prisão: a 30 segundos das 22 horas, horário previsto na lei para cessar manifestações públicas amplificadas, projetou no telão a mensagem:,

“Essa é a nossa última chance de resistir ao fascismo antes de domingo”: “ele não”,

Waters tem-se oposto ao modus operandi do coiso ao longo de sua turnê pelo Brasil. Desde São Paulo, quando incluiu o inominável na lista mundial de políticos nazistas.

O artista, que passou também pelo Rio, por Brasília e Belo Horizonte, fora advertido pelas autoridades eleitorais locais do risco de prisão, caso desobedecesse o limite.

Tudo isso em pleno sábado, seu aniversário e último dia de campanha eleitoral, presidente.

Pois lhes digo que, nunca antes neste país, de meus anos de cobertura política e de eleições, desde 1982; de militância cidadã, desde os bancos da faculdade, na segunda metade dos anos 70 do século passado, assisti a tamanha catarse.

Em tempo algum, nestes meus quase 65 anos, vi algo parecido com esse curto circuito que perpassa essa terra de meu Deus.

Aqueles eram tempos de ditadura explícita. Os coturnos e o longo braço da censura e do terror nos sufocava a todos. Essa memória deveria claramente nos indicar o caminho: ditadura nunca mais.

Todavia, estes são tempos de non sense, da falta de sentido e lógica que se assenhoraram de parcela da nossa gente. Fruto do escárnio, egoísmo e da desfaçatez das elites nativas, com o auxílio nefasto dos asseclas, mídia venal incluída, e oportunistas de plantão.

Alguém, nas redes sociais, escreveu algo bem ao estilo Lula de filosofar:

“Antigamente se dizia que as paredes têm ouvidos. Hoje, a gente constata que os ouvidos têm paredes”.

Dentre as centenas de memes que pululam no ambiente virtual, um traduz à perfeição o que as urnas expuseram no primeiro turno:

“Era uma vez a cigarra, que, com raiva da formiga, escolheu o inseticida.”

É o que parecia, mas só que não. O povo, como Deus, tem seu tempo e sua hora, e necessariamente não é no ritmo da nossa ansiedade.

Uma senhorinha, que trabalha no prédio onde moro, aqui em Boa Viagem, fez sinal de positivo quando viu o adesivo #Haddad13 no peito da minha filha esta semana. Em tom de segredo disse que o marido vota no coiso e, para não brigar, ela diz que vota em nenhum, mas ela é Lula e “Andrade”.

A cabine eleitoral é local indevassável. Muita gente só se decide lá, com o dedo na tecla.

E as ruas, você sabe mais do que ninguém, falam e cantam a canção que a gente, que carrega a experiência das lutas bravias, sente, quer e precisa ouvir ouvir: vira, vira, virou!

Nas palavras de um aliciador de banhistas para uma das barracas da praia, na travessia da beira-mar, também quando nos viu com o adesivo:

“É isso aí, é 13! Vamos dar uma lapada no coiso, dessas de tirar o couro…”

Pode não ser bem assim, mas é muito bom ouvir da boca do povo, o que já está em nossas cabeças e corações.

As ruas estão dizendo isso faz dias, e neste sábado o povo que quer ver o Brasil Feliz de Novo não saiu das ruas e das redes; como tem sido todos os dias da última semana, sobretudo – pelos sete cantos do País.

Militantes em todos os lugares, artistas no Rio, São Paulo e Beagá, donas de casa, bordadeiras de Sampa e das Linhas do Horizonte, pastores, leigos e até crianças.

Arredios e antipetistas de todos os quadrantes também entram na roda, se não para virar, abrir o voto já virado.

Cito três, para você ter ideia de como está o clima: o ex-ministro Joaquim Barbosa declarou escolher Haddad, “por medo do inominável”. O ex-procurador Rodrigo Janot, propulsor da Lava Jato, também, “por exclusão”. O apresentador Marcelo Tass, veja só, chama o PT de arrogante, mas vota “pela democracia”.

Até a Marina se achegou esta semana, crítica como sempre, mas humilde como nunca, reconhecendo sua parca contribuição em termos de voto. Mas cada voto é um voto, quanto mais numa disputa plebiscitária acirrada, não é….

Se não vem pelo amor, vem pela dor.

Alguns nem pela dor.  O Ciro voltou no descanso, mas ficou no #EleNão “em nome da democracia”. Pelo visto, o nome o #HaddadSim é pimenta na língua dele.

Prepotência e caldo de galinha nunca é na conta certa.

Certo é que a esperança, mais uma vez, vai vencer o medo, e em grande parte por causa do horror que se prenuncia – e não é nenhum fantasminha camarada -, se o resultado for bom para você sabe quem.

Só que #EleNÃO.

Assista à apresentação da orquestra organizada pelo maestro Joaquim França, professor da Escola de Música de Brasília, no auditório da ADUnB – Associação dos Docentes da Universidade de Brasília. Quem informa é a colega blogueira Conceição Lemes, em postagem no Vi o Mundo.  Agrego pós-escrito.

Como diz #HaddadSim, alto e bom som:

“Nós vamos ganhar esta eleição.”

É no que também acredito. Melhor presente que esse, impossível, não é…

Só não sei se ele, Haddad, ou mesmo a meiga Ana Estela e você sabem: Haddad fala pela boca de um Anjo que traz o Fogo Divino para defenestrar o capiroto. O mesmo Anjo escalado para ajudá-lo a pacificar este nosso Brasil.

Obrigada por nos trazer o professor e a guerreira Manuela, e de quebra o equilíbrio da Estela. Sua escolha é sábia, e é nossa escolha o caminho para um Brasil democrático e inclusivo.

Bons sonhos, querido Lula; aqueles que se sonham juntos se transformam em realidade.

Feliz novo ciclo para você e para nós todos.

Xêros e cafunés desde o Recife tão amado.

*******

Postagem revista e atualizada às 12:56 hs: correção de omissões e erros de digitação e gramática; com as minhas desculpas; e novamente em 29.10.2018, para agregar informações sobre a orquestra no penúltimo vídeo.

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