por Sulamita Esteliam
Não temos o que celebrar neste 1º de Maio, com desemprego a todo vapor, obscurantismo sem freio, as ruas estão repletas de pedintes e o Brasil rola feito carroça desembestada transpondo o fundo do abismo.
E para acabar de completar, Beth Carvalho encantou-se, aos 72 anos, no Rio, justo na véspera do Dia do Trabalhador. Ela que foi incansável na promoção do samba e na defesa dos direitos da massa que carrega este país nas costas e que perdeu o direito de ser feliz.
Mas, como a própria Beth canta, e bem lembra o colega Fernando Brito, no Tijolaço, “desesperar jamais…” Se é verdade que “aprendemos muito nesses anos“, é bom momento para mostrar.
“Afinal de contas, não tem cabimento, entregar o jogo no primeiro tempo…”
Escolho um show de 2009, no Circo Voador, onde Beth interpreta esta música com Mariana Aydar. Um primor:
Beth sempre esteve do lado certo da História. Não cambaleou nem vacilou nos momentos mais graves do Brasil.
Foi voz e presença na campanha das Diretas Já, antes da redemocratização. Esteve com Brizola, com Lula, com Dilma – na eleição e na resistência ao golpe. Apoiou Fernando Haddad, quando bloquearam Lula.
Quem pode esquecer Beth na cadeira de rodas no Festival Lula Livre no Rio? Foi há pouco tempo, no ano passado!? Ela cantou o samba Lula Livre, de Claudinho Guimarães:
Descanse em paz, Beth. Muita luz para você!
E obrigada por ter sido pessoa maravilhosa que atravessou nossas vidas como um raio de alegria, quando tudo parecia trevas.
Obrigada por ter sido a mulher de atitude, a cidadã consciente e participativa, como todos e todas deveríamos ser.
Para ajudar a matar a saudade, encerro com Andanças, de Paulo Tapajós, Danio Caymmi e Edmundo Souto, uma das minhas preferidas na voz da madrinha do samba: