
por Sulamita Esteliam
Não sei onde dói mais a indicação ao Oscar de Melhor Documentário para Democracia em Vertigem, da mineira Petra Costa: se nos calos, se nos cotovelos, se nos cornos dos golpistas.
O partido do bico duro e espinha mole, golpista de primeira hora, foi dos primeiros a chiar nas redes sociais, fazendo coro com os minions e jaspions do MBL e o capiroto em pessoa, que nem deve se lembrar da última vez que foi ao cinema.
Este blogue pode ser anão, mas não vai dar luz para essa horda, reproduzindo aqui seus comentários. É só buscar nas redes, quem se dispuser.
Aliás, a inclusão do filme de Petra no rol das indicações ao Oscar é o assunto do dia. Que tenha boa sorte. Concorre com outros três títulos: Indústria Americana, The Cave e Honeyland.
A ver o quanto a academia preza a democracia no país dos outros. Se vale para os críticos o que significou para o The New York Times ao incluir o documentário em sua lista de melhores filmes do ano. Lembra Eric Nepomuceno em artigo no Jornalistas pela Democracia:
‘Este documentário angustiante é o filme mais assustador do ano’.
O filme foi lançado pela plataforma de streaming Netflix em junho de 2019, e mostra o processo fraudulento do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Há imagens também dos protestos de junho de 2013 e da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De sua parte, naturalmente, a cineasta celebrou a indicação no Twitter como conquista democrática, e tem toda razão:
Quem também comemorou a indicação foi a ex-presidenta Dilma Rousseff, alvo do golpe de Estado de que trata o documentário:
O ex-presidente Lula, igualmente, usou o Twitter para dar os parabéns a Petra Costa pela indicação:
O Brasil disputou ainda, pela quinta vez, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, com A Vida Invisível, de Karim Aïnouz. Não chegou entre os finalistas.
Bom, não se pode ter tudo. Afinal, o filme saiu premiado de Cannes, juntamente com outro brasileiro Bacurau, de Kleber Mendonça.
E a triste figura que desgoverna o país diz que o Brasil não faz um filme bom faz tempo!
Não nos esqueçamos de que entramos na pauta outras vezes no passado: com O Pagador de Promessa (1962), de Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Ouro em Cannes; O Quatrilho (1996), de Fábio Barreto; O que é Isso Companheiro (1998), de Bruno Barreto e Central do Brasil (1999),de Walter Salles, co-produção franco-brasileira indicada também para o prêmio de melhor atriz para Fernanda Montenegro.
No Oscar de 2019 outro documentário brasileiro, também sobre o golpe que depôs Dilma Rousseff, O Processo, de Maria Augusta Ramos, foi pré-indicado, sem entretanto ser escolhido.
Dedos cruzados, portanto.