
por Sulamita Esteliam
Bem que Euzinha gostaria de escrever sobre amenidades, porque hoje é sexta, e todos merecemos um refresco no fim de semana.
Mas, como verseja a poeta Ana Cruz, “a vida é dura vestida de chita…”
Você pode nem saber o que é isso, mas o salário mínimo não vai ter reajuste que compense a inflação, em ritmo de fôlego – apesar do desemprego, da desindustrialização, do desassossego para quem frequenta o andar de baixo, como diria Elio Gaspari em tempos muito idos. Que dirá aumento real.
Está ruim? Pois há de ser pior, para quem quem vive abaixo da linha da pobreza. Lembro, via navegação virtual, que o Bolsa Família completou esta semana 16 anos, e em acelerado processo de desmonte.
Aliás, como tudo que diz respeito a política pública e direitos neste país.
Há um milhão de famílias fora do programa que, nos governos Lula e Dilma, retirou 32 milhões da miséria absoluta de 2003 a 2014. O benefício alcança famílias em situação de pobreza extrema, com renda per capita de até R$ 89/mês, e de pobreza, com renda de até R$ 178/mês. Atualmente, o benefício médio pago a cada família,com crianças e m idade escolar comprovadamente matriculadas, é de R$ 189,21.
Este ano, o orçamento do programa foi desidratado em pelo menos 2,5 bilhões. O que significa que mais gente necessitada vai ficar a ver navios, e chorar, e perder o sono junto com os filhos, todos de barriga vazia.
Porque é isso que significa o chamado, pelos sem’alma, sem’noção, “bolsa-miséria”: a diferença entre comer e não dormir-tamanha a fome. A gente não tem a mínima condição de saber o que é isso.
No Twitter, a ex-ministra Teresa Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do governo Dilma Rousseff, aponta:
“Em 2019 voltamos ao patamar de nove anos atrás, de 2010. Só que hoje a economia vai mal, o desemprego é o dobro do que era há 9 anos, com muita precarização. Nesse cenário, um milhão de famílias que se enquadram nos requisitos do programa estão fora, tentando entrar, mas o programa está congelado.”
Em entrevista à Rede Brasil Atual, Teresa lembra que em um ano de desgoverno do capiroto, foram excluídas um milhão de famílias do programa Bolsa Família. Eram 13,3 milhões de famílias beneficiárias no início do primeiro semestre de 2019; em setembro passaram a 13,5 milhões.
Pior, a expulsão dessas famílias ocorreu no período em que a situação econômica do país andou de marcha-ré acelerada, e a vulnerabilidade social aumentou.
Em miúdos, o que já estava ruim piorou, e vai seguir cada dia mais ruim.
Assista à reportagem da TVT sobre o aniversário do programa, que referência e inspiração para o mundo: