por Sulamita Esteliam
O vídeo acima é do ano passado e se insere numa série de produções culturais do projeto A Arte Abraça Brumadinho, realizado em fins de abril de 020, na perspectiva de que A Arte Transforma Realidades.
Um projeto solidário, que reuniu artistas de Minas, Rio e São Paulo para promover atividades culturais preparadas em conjunto com representantes da comunidade de Brumadinho.
Já se passaram dois anos desde o crime humanitário e ambiental sem precedentes na história de Minas e do do Brasil. E que seque impune e sem reparação da Vale para as famílias dos mais de 272 mortos soterrados sob a avalanche de lama e minério a partir do rompimento da Barragem do Córrego do Feião, em Brumadinho. Ainda há 11 corpos não localizados.
Desde aquele 25 de janeiro, continua fazendo vítimas, todos os dias. A dor da perda dos entes queridos extrapola os laços familiares. A cidade inteira foi abalada, e os sobreviventes lutam ainda hoje contra a depressão, a ansiedade e tentativas de suicídio.
Em reportagem do Brasil atual, uma moradora resume o drama coletivo:
“As pessoas continuam a morrer diariamente. Pessoas que sequer fazem parte das estatísticas, mas que morrem de diversas doenças causadas de forma direta e indireta por esse crime da Vale, pessoas que sentem na pele, que morrem de depressão, muitas tentativas de autoextermínio e muitas doenças causadas por tristeza, porque as pessoas tiveram a sua dignidade abalada.”
Problemas emocionai e carências materiais – da água à comida, tudo ficou escasso na área atingida pelos rejeitos de lama e minério, que mataram o Rio Paraopeba e retiram a fonte de sobrevivência da gente ribeirinha.
O medo é companhia constante. A luta contínua por justiça e reparação é o que move aquela gente sofrida da Bacia do Paraopeba.
No aniversário do crime que originou a tragédia,, o dia começou com os atingidos, organizados em torno do MAB – Movimento dos Atingidos por Barragem em MInas Gerais, trancando a MG 155, na altura de Citrolândia, em Betim.
Uma série de atos simbólicos para reivindicar reparação e denunciar a falta de direitos retirados pela mineradora Vale: em São Joaquim das Bicas, Juatuba, Congonhas, Citrolândia, Brumadinho e em frente ao Tribunal de Justiça, em Belo Horizonte.
À noite, projeções no Museu da República, em Brasília, lembraram a responsabilidade da Vale na morte de quase três centenas de trabalhadores, na destruição do rio e dos meios de sobrevivência dos habitantes no entorno da Bacia do Paraopeba .
De seu lado, a Vale afirma estar “empenhada em reparar integralmente os atingidos e as comunidades impactadas”. Em nota, a empresa afirma que há um “diálogo construtivo com o Governo de Minas e as instituições de Justiça” para um possível acordo com as populações prejudicadas.
Diz, também, que vai “reparar os danos causados de maneira justa e ágil” e assegura estar priorizando iniciativas e recursos para esse fim.
Sobre os acordos, a empresa diz estar “comprometida em indenizar, de forma justa e célere todos os impactados”. Segundo a Vale, já foram pagos mais de R$ 2 bilhões de indenizações, por meio de 3,8 mil acordos assinados.
Leia a íntegra da matéria no Brasil de Fato .
