STF barra miliciano a serviço do golpe; e Dirceu analisa para o Poder 360

por Sulamita Esteliam

Foi de cinzas o Carnaval do miliciano travestido de deputado, Daniel Silveira (PSL-RJ). Ele teve sua prisão confirmada por unanimidade do colegiado de ministros do STF nesta quarta. Na terça, que seria gorda em tempos normais, fora preso a mando do ministro Alexandre Moraes, por ameaçar a Suprema Corte e, portanto, a Constituição Federal e a Democracia.

Agora vai ter que contar com a parcimônia de seus pares em defesa da tal imunidade parlamentar. Que existe, explique-se, exatamente em defesa da atividade congressual, que requer decoro e compromisso da as liberdade democráticas e a harmonia entre os três poderes da República; não para ameaçar e golpear.

O presidente da Câmara, aliado do capiroto, está com uma batata quente nas mãos. E quem pode salvá-lo é extamente a oposição e esquerda – PT, PCdoB, PSol e também PSB, PDT e Rede, entraram com pedido de cassação do mandato de Silveira. Se a Comissão de Ética acatar, está resolvido o dilema.

Há várias teorias a respeito do que estaria por trás do comportamento: Do ensaio de novo golpe a cortina de fumaça para o genocídio que acontece ao nível do desespero, a fome, a miséria o caos, e que parecem anestesiar o Brasil.

As ameaças não são novas, mas cada vez mais truculentas, e estão lá no Youtube para quem tem estômago para ver e ouvir.

Postura típica de escroque, do deputado pesselista – que se elegeu, todos se lembram, depois de quebrar a placa da rua com o nome de Marielle Franco, a vereadora do PSol do Rio de Janeiro que até hoje a polícia não sabe dizer quem mandou matar.

Arbitrariedade empilhadas, chegamos ao desmoronamento total.

Qualquer que seja a saída, é o caos que nos atormenta e parece não ter fim. Quem vai tirar o tubo do general de pijama, por exemplo? Até quando vamos viver sob ameaça dos coturnos?

Por hoje fico com a análise de José Dirceu, ex-ministro do governo Lula e ex-presidente do PT. Está no Poder 360. As charges do Aroeira e do Nando Motta traduzem o processo, mas não integram a postagem original. 

Liberação de armas e ataque ao se completam

por José Dirceuno Poder 360

Como é possível uma nação e um país como o Brasil voltar a se defrontar com o risco de uma ditadura, novamente. Como se não tivessem bastado os anos do Estado Novo corporativista e ditatorial respaldado pelos militares. E é bom sempre recordar que vivemos também 21 anos de ditadura militar (1964-1985), assumida e até agora insepulta e impune.

Agora nem a vitória de Jair Bolsonaro e o status de casta que os militares conquistaram com a recente reforma da Previdência os mantêm fora da política. Pelo contrário. Reivindicam o direito líquido e certo de exercer sobre o país a tutela militar, o poder moderador, nomes suaves e enganadores para uma ditadura legalizada de certa forma como a de 64, quando tínhamos partidos, eleições e até um Judiciário dócil e de joelhos.

Até onde irá a cumplicidade de nossas elites políticas e empresariais de direita com, de novo, a tentação ditatorial e a regressão política, mas também social e cultural que representa Bolsonaro? O que mais é preciso acontecer, fora o descalabro em todas as áreas do governo e a criminosa negação da pandemia com toda sua tragédia humanitária, para darmos um basta com todos os riscos que representa um impeachment?

Hoje nos defrontamos de novo com uma aberta tentativa de preparação de um golpe no caso de uma derrota eleitoral. Isso está claro com a liberação total de armas para as milícias civis de extrema-direita e a provocação de um deputado do entorno bolsonarista –Daniel Silveira, do PSL do Rio de Janeiro– contra a Suprema Corte com o objetivo expresso de retomar a pressão para o assalto ao Poder Judiciário depois da captura das Mesas da Câmara e do Senado.

É disso que se trata e não da soberania do Congresso ou da liberdade de expressão dos deputados e senadores. O que está em jogo é a democracia, a liberdade, é viver de joelhos e submissos ou livres e de pé ainda que nos custe sangue, suor e lágrimas. Que nos custe a vida e muitas vezes, como na ditadura militar, a própria liberdade.

Só nos resta uma alternativa. Lutar e lutar. Não há outro caminho senão o de agora ou nunca manter, com todos os senões, a soberania e a independência do Supremo Tribunal Federal. Isso para mim, pessoalmente, tem um custo alto. Já fui condenado sem provas na ação penal 470 por essa mesma Corte. Mas nada me cegará diante da ameaça de novo da ditadura, agora com um caráter fascista e militar. É hora de dar um basta.

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