por Sulamita Esteliam
O Brasil é de fato o país do inacreditável futebol clube. Pressa para ampliar a vacinação, não tem. Celeridade para dar ao SUS condições para o enfrentamento da pandemia, nem pensar. Auxílio emergencial decente para os 15 milhões de desempregados e 19 milhões na bacia das almas da miséria, passa mais tarde. E as Universidades que se virem para funcionar e fazer pesquisa com orçamento reduzido à míngua.
Beiramos o colapso sanitário com 465 mil mortos por Covid 19, e 16,5 milhões de infectados, e UTIs transbordando em filas de espera, não só para a pademia. Não há refluxo: a peste deita e fola na imprevidência, e insiste em permanecer num platô indesejável, Pior, há cepa nova em circulação e alertas de que a terceira onda é inescapável,
O processo de vacinação travado – apenas 10,3% da população tomarmu a segunda dose de quaisquer das vacinas disponíveis, e pouco mais de 20% receberam a primeira. A testagem em massa continua na promessa e o capiroto-genocida no deboche.
Quem não tem pão, dá circo. E vem aí a Copa América de Futebol. Se alguém não barrar a irresponsabilidade, começa em duas semanas, 16 de junho. É cuspir na nossa cara e esfregar com o pé para espalhar bem.
Miguel Nicolelis, cientista ativo nas redes sociais, que tem se batido pela necessidade de bloquear o vírus, comenta:
Vai sobrar para governadores a tarefa de bancar ou bloquear o espalha-vírus: Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte; Paulo Câmara, de Pernambuco; Rui Costa, da Bahia, já disseram não.
A escolha, segundo a crônica esportiva, recai sobre Manaus, Brasília e, claro, Rio de Janeiro. Parlamentares e partidos se movem para suspender o certame junto ao STF. O motivo é óbvio: falta de segurança epidemiológica.
O mesmo motivo pelos quais os governos da Colômbia e da Argentina, coma pandemia recrudescendo, se negaram a receber o torneio gerenciado pela Commebol.
Só Nero se recusa a ver, porque ele precisa de atenção. Só se dá bem no caos, embora sua obra tenda a não resistir à tempestade que o cerca.
Não obstante, escárnio maior só mesmo dizer que a Roma brasileira tem governo.
Está aí o Boletim de Conjuntura Abril/Maio do Dieese, divulgado semana passada, que não nos deixa mentir: o desgoverno é a crise.
Deixo o link da íntegra ao pé da postagem, mas ouça o que diz o diretor técnico Fausto Augusto Silva, sob os dados da última Pnad – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua, do IBGE:
Resta-nos três destinos: ou se morre de Covid, ou de fome ou de raiva.
A alternativa é derrubar o governo, lembrando que não vai ser fácil recomeçar. E para isso, é preciso que reste algum Brasil.
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Fontes requisitadas:
Rede Brasil Atual
El país Brasil
Copa América é inaceitável para a saúde pública e pode impulsionar a terceira onda
Congresso em Foco
Parlamentares e epidemiologistas criticam Commebol no Brasil
Dieese