por Sulamita Esteliam
Este senhor é parte da minha caminhada, sempre que desço para a praia. A gente se cumprimenta, desde que certo dia Euzinha e o maridão resolvemos oferecer uma comida para ele, na volta pra casa. Desde então, quando não está curtido, acena a cabeça quando passamos, indo ou vindo, e a gente devolve o gesto.
Essa cumplicidade, notamos, ficou abalada quando resolvemos, por insistência minha, entregar uma boa sacola com roupas de uso pessoal e banho. A gente nunca sabe o limite dessas relações.
Hoje, foi boa surpresa ver que partilhamos o mar do que chamo de meu quintal – bem coletivo, aliás, como a vida deve ser.
Resolvi sextar na areia, e sem companhia. Caminhei até o final do Parque Dona Lindu (em homenagem à mãe do Lula, presidente) com maré seca de lua nova, que expõe o areial do leito do mar totalmente e por mais tempo.
Na volta, parei para tomar banho de cacimba de mar nos últimos vestígios de arrecifes do pedaço Sul da Praia de Boa Viagem. Delícia!
Aí, por que o mar e a areia estavam pra peixe, decidi estrear a barraca do Leo, uma simpatia em forma de gay que sempre nos cumprimenta no topo ou ao pé da escada no rumo da pracinha. É a primeira vez em dois anos e três meses que paro para consumir. Ele, me parece, ficou bem feliz.
Foi então que me deparei com nosso amigo. E vi que ele lavava máscaras nas águas do mar. E me senti intrusa fazendo as fotos sem pedir permissão.
Mas ele me viu, e acenou a cabeça, quero crer que autorizando. E resolveu mergulhar de corpo inteiro, e lavar-se também, quiçá aliviar-se, que é praxe nessas beiras.
Ainda estava na água, bem tépida, quando paguei a conta e subi ao calçadão. Iemanjá é mãe de braços, pernas e tranças longas para acolher. Odoyá!