por Sulamita Esteliam
O Brasil já foi para o beleléu! E o que ficou no lugar é o oco do mundo. Não tem para onde correr e não sobrou ninguém a quem recorrer. Então, nem adianta apertar os cintos.
Por essas e outras, artista do brilhantismo do cartunista e artista plástico Ique Woitschach, se despede do ringue onde lutou com as armas da inteligência, do humor crítico e da criatividade por mais de 40 anos. Obrigada.
Neste 25 de outubro, ele publicou no Instagram sua charge de despedida – que abre esta postagem – e um texto emocionado e emocionante em que tece suas razões.
Disse nos comentários e repito aqui que é uma pena, embora compreensível. Há dias que a gente quer é parar o mundo para descer. E quem pode, tem mais é que focar no lhe faz bem.
Euzinha, no ofício que me toca, e dentro das minhas limitações, penso em fazê-lo vez por outra.
Ameaço ir, mas volto. Sou do tipo que insiste em teimar em buscar uma saída. Ainda há tempo e jeito? Precisamos acreditar que sim, e esperançar.
Recorro, uma vez mais, ao mestre João Guimarães Rosa, em Grande Sertão, Veredas. Trecho preferido, que hoje encontrei anotado um bloquinho sobre a mesa de trabalho:
"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta, e daí afrouxa,
sossega e depois desinquienta.
O que ela quer da gente é coragem."
E digo que é preciso ter coragem para sair de cena. Desejo muito boa sorte para o Ique, que só conheço pelo trabalho e, mais recentemente, pelas rede; de coração.
Retomo o mote: para nenhuma surpresa de quem presta atenção do curso dos acontecimentos, o escândalo do dia nos mostra quem governa o Brasil: sua majestade, o imperador André Esteves, do Banco Pactual, nada mais é que a imagem do escarro da plutocracia financeira, bem na nossa cara.
Isso mesmo: antes ele comprava jornalistas e confabulava com ministros; agora o banqueiro, que também é dono da Óia-Veja – que não desiste de ser esgoto do Jornalismo -, dita as taxas de juros gerenciadas pelo Banco Central.
Na verdade, ele é apenas o ponta de lança do capital financeiro que faz e desfaz ao seu bel prazer. Associado e incensado pelos agentes do PIG – Partido da Imprensa Golpista.
Gerenciadores do golpe e das tragédias, que arrotam importância para empanar a própria mediocridade bem-remunerada; para fazer o que seu mestre mandar.
Dane-se que o Brasil voltou ao mapa da fome.
Dane-se que haja um exércido de brancaleone nas ruas do país.
Dane-se, se os invisíveis sequer têm mais a fila do osso para disputar o que antes se descartava para fazer sabão.
Dane-se que a Covid-19 continue matando brasileiros e brasileiras, ainda que em menor número a somar-se aos mais de 606 mil.
Mas está aí o relatório da CPI, a ser votado nesta terça-feira pelo Senado para não deixar esquecer. Mesmo que se acovarde ao não incluir o genocídio no rol de crimes praticados pelo inominável e seus asseclas.
Em meses de ouvida de dezenas de testemunhas, escancarou as responsabilidades sobre o efeito devastador da pandemia no país.
No mundo do faz de conta, é preciso decretar o fim da epidemia, observa o parceiro de vida, Julio Soares, diante dos estímulos à retomada da normalidade.
É normal a inflação pré-fabricada, o apego ao teto de gastos, que já morreu de velho, a entrega do que resta do nosso patrimônio. Mentiras a rodo.
Voltemos ao “imperador do Brasil”, conforme Luis Nassif e o professor Luís Gonzaga Beluzzo, economista de primeira linha, no debate de hoje na TV GGN. Deixo o link ao pé da postagem.
Sensibilidade zero. O sujeito é predador, à imagem e semelhança do Paulo Guedes, que degringola a economia, determinado a fazer do Brasil um velho Chile.
É outro mentiroso compulsivo. Palavra do economista Eduardo Moreira, do Instituto Conhecimento Liberta:
Embora medíocres, do tipo que se lambuzam em dinheiro arrancado do suor alheio, como a maioria capitalista, sobretudo nesse ponto abaixo da linha do Equador.
Por que só no Brasil a capacidade de ganhar dinheiro explorando as deformações do Estado e as fragilidades do próximo é considerada genialidade.
O vazamento do áudio da conversa do André Esteves com o presidente do Banco Central, em que sugere o nível da taxa de juros suportável – para o tal do deus mercado -, é uma indecência, para dizer o mínimo.
E quando a gente de bom senso dizia que a famigerada independência do BC seria botar cabrito para tomar conta da horta, atiravam tomates podres – para garantir que tenham a cor que os “comunistas” devem ter.
Pois é disso que se trata: se o capital sempre deu as cartas nesse e noutros cantos do Planeta, que inspiram as inconciências, em maior ou menor grau. Se antes manietava, agora dirige, e diz que é da lei. E a cara nem cora.
Faz boa parceria com o capiroto-presidente, aquele que se dá ao displante de afirmar em transmissão ao vivo que “vacina dá Aids”. E o máximo que acontece é o Youtube retirá-lo do ar por uma semana ou 10 dias.
E aí, vem sua excelência, presidente da Câmara, do alto da pilha de 165. e diz “Se ele fala sem base cientifica, vai ter que responder…” Ora, se!?
O que é uma mentira a mais para quem se elegeu sustentado em fake-news? Com a palavra, o TSE, que dormiu dois anos e meio sobre o processo, e finalmente vota sobre caçar ou não a chapa Bolsonaro-Mourão.
Dou o nome aos bois para ver se os fluidos chegam à decisão dos ministros, aquela que as pessoas de bom aviltre esperam que aconteceça.
O Brasil precisa de uma chance, mesmo que tenha que apertar os cintos ao menos pela próxima década. O estrago foi tamanho, que nem dois governos serão capazes de botar ordem no furdunço.
Não é todo dia que acontecem milagres. Todavia, precisamos torcer para que o raio volte a cair sobre as nossas cabeças, e possamos renascer das cinzas, como fênix.
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Fontes requisitadas:
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