O texto que transcrevo abaixo é forte. Topei com ele no Facebook, e achei bastante apropriado ao contexto da campanha #16 Dias de Ativismo pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, iniciados no 25 de novembro e que segue até o 10 de dezembro.
Era para tê-lo publicado no mês da Consciência Negra – que aqui no Brasil deve se estender a outras minorias oprimidas, como indígenas e ciganos. Em quaisquer dos casos são as mulheres e meninas as mais expostas à discriminação.
O relato é da lavra da amiga mineira Bernadete Lage, professora e ativista incansável da causa cigana.
A ele, pois:

“Pas de Cinq” com o Ministério Público do Vale do Aço.
por Bernadete Lage*
A doce senhorinha dona Otília, de um bairro humilde do Vale do Aço é definitivamente subversiva. Vale escutar.
Há duas semanas, recebemos uma ligação de um jovem cigano pedindo ajuda para a tia, senhora M., cigana legítima, 45 anos, mãe e avó, analfabeta, em situação dramática. Daqui de BH, marcamos audiência no Ministério Público daquela cidade e lá foi ela com a filharada.
As promotoras , dra. Caroline Pestana; dra. Deise Poubel , o promotor dr. Anibal Tamaoki e o funcionário dr. Sandro, foram extremamente humanitários. Além de acionarem a Ação Social, transcenderam, praticando o ato magnanimamente humanitário de se cotizarem e enviar alimentos, visto o estado de vulnerabilidade da família.
Foi verificado que ela precisa de acompanhamento jurídico e, de Viçosa, entra em cena o incansável defensor público dr. Glauco Rodrigues que conseguiu assistência gratuita em Fabriciano, na Unileste – Faculdade de Direito.
Pari passu, entra em cena uma vizinha, cujo filho Maicon sabe ler, e anotou os endereços do professor para dona M.
Aquela senhora não-cigana, dona Otília, se preocupa mais com os mais pobres do que com ela e sua família (primeira transgressão).
Ela também não exclui nem despreza pessoas da etnia cigana, como o fazem tantos pelo Brasil e o mundo (segunda transgressão).
E quando, emocionada, ouvi dela ” a rente faz o que pode pra ajudá eles, cada um aqui dá um pouco”, é que percebi que é nordestina.
É, essa mulher aprendeu a subverter a ordem com maestria. Perigosamente. (Saí a terceira transgressão: claro que sabe votar)
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