por Sulamita Esteliam
A campanha da coligação Povo Feliz chega nesta terça ao Nordeste brasileiro, a partir de Salvador, Bahia. Lá está Fernando Haddad, candidato a vice e porta-voz de Lula enquanto ele estiver privado da liberdade, em Curitiba. Ou no que redundar todo esse imbróglio em que nos colocou o golpe jurídico-midiático.
É justamente no Nordeste que, segundo todas as pesquisas de intenções de voto, inclusive as mais recentes, que Lula é imbatível. Curiosamente, Pernambuco não consta do roteiro de visitas.
Assista ao vídeo inaugural da campanha:
Mas em Minas a notícia-destaque é a carta enviada por Lula candidato à repórter Edilene Lopes, da Rádio Itatiaia, em que fala de sua convicção de que em breve estará de volta a Minas e ao convívio do povo. Reitera, também, que, ao lado de Haddad, quer voltar à Presidência da República para “colocar o Brasil outra vez nos trilhos do crescimento econômico com justiça social”.
A carta à repórter mineira dá a ela a importância que a colega tem no cenário da imprensa brasileira. Foi a primeira jornalista a obter de Lula, em entrevista, a confirmação de que ele viria a ser, sim, candidato à Presidência da República, caso o seu partido, o PT, o indicasse. Isso há quase três anos, exatamente no dia 31 de agosto de 2015 – aqui neste blogue.
Desde então, tem merecido exclusivas com o ex-presidente; a última foi em 21 de fevereiro deste ano, quando da passagem da caravana Lula pelo Brasil em Minas. O A Tal Mineira registrou.
Edilene leu a carta na íntegra para os ouvintes da Itatiaia, sempre com a ressalva de que o faz em nome da isonomia devida pela emissora a todos os candidatos. Na impossibilidade de ouvir Lula em entrevista, devido à sua condição de encarcerado na sede da Polícia Federal no Paraná, transmite sua palavra.
Isso é Jornalismo, coisa que o PIG se considera desobrigado de praticar, quando o personagem em destaque é Lula ou qualquer nome do PT.
Está aí a resolução do Comitê de Direitos Humanos da ONU, sexta passada para não nos deixar ilusões. Trata-se de uma decisão rara, que por isso mereceu manchetes de jornais e emissoras no mundo inteiro, menos no Brasil.
O Comitê das Nações Unidas, determina, em caráter liminar, que o Estado brasileiro, diante da possibilidade “existência de danos irreparáveis”, adote “todas as medidas necessárias para assegurar que o requerente (Lula da Silva) usufrua e exerça todos os seus direitos políticos enquanto está na prisão, na qualidade de candidato nas eleições presidenciais de 2018, o que inclui o acesso adequado à imprensa e aos membros do seu partido político”.
Não é de se estranhar que o próprio governo brasileiro faça vistas grossas, entendendo como recomendação o que é obrigação. Estamos sob golpe, e o Estado brasileiro é desgovernado por usurpadores, com o Supremo com tudo.
O País é signatário de tratados e convenções internacionais que reconhecem as decisões do Comitê da ONU, não do Conselho, como determinantes.
Mas somos párias desgovernados pela mediocridade. Então, não há surpresas. Aguarde-se as consequências, que costumam vir a galope.

Leia a carta de Lula na íntegra – via lula.com.br:
“Minha cara Edilene Lopes, queridos e queridas ouvintes da Itatiaia.
Se eu pudesse estaria aí com vocês agora, comendo um bom prato de feijão tropeiro e ouvindo aqueles causos que só o povo mineiro sabe contar. Isto nas horas vagas, porque no resto do tempo eu e o Fernando Haddad estaríamos percorrendo esse estado, fazendo campanha para presidente e vice-presidente da República, porque é preciso e porque nós queremos colocar o Brasil outra vez nos trilhos do crescimento econômico com justiça social. E o Haddad e eu, com toda certeza, estaríamos também pedindo votos para reeleger o Pimentel governador e dar à Dilma uma votação histórica para o Senado.
Mas infelizmente eu não posso estar aí com vocês, porque aqueles que deram o golpe no povo brasileiro e derrubaram a primeira presidenta do Brasil, sem crime de responsabilidade, são os mesmos que me condenaram e me prenderam sem nenhuma prova de qualquer crime cometido. São os mesmos que deixaram Minas Gerais com uma dívida do tamanho que tinha a Serra do Curral antes de ser comida pela mineração.
São os mesmos que tentaram impedir a candidatura do Pimentel à reeleição, e que tentaram o tempo todo inviabilizar o governo dele, chegando inclusive a sabotar a renegociação da imensa dívida que eles criaram. E mesmo assim o Pimentel governou, e segue governando para todos os mineiros, principalmente para aqueles que mais necessitam.
E a vergonha dos nossos adversários é tanta que o candidato deles, o mesmo que não soube aceitar a derrota na eleição presidencial de 2014, achou mais prudente se esconder atrás de uma candidatura a deputado federal pra não perder de novo pra Dilma, dessa vez na disputa ao Senado.
Preso injustamente em Curitiba, exilado do povo brasileiro, faço aqui uma promessa, meus queridos e minhas queridas ouvintes da Itatiaia, minha cara Edilene, a quem darei uma entrevista exclusiva tão logo a democracia seja restaurada no nosso país. Mais cedo do que temem meus adversários, estarei de volta a Minas e ao convívio com o povo mineiro e com o povo brasileiro, comemorando a nossa vitória tomando uma boa salineira, porque ninguém é de ferro.
Um grande abraço, e até breve.
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato a presidente do Brasil.