por Sulamita Esteliam
Decidi reblogar uma postagem de outubro de 2018, antes do segundo turno das eleições gerais, porque ela segue atual.
Leitores deste blogue, que segue pequeno a despeito dos seus quase 10 anos, a serem completados em 11 de setembro, me levaram à decisão, ao colocá-lo como uma das 10 postagens mais acessadas desde a última sexta-feira.
Engraçado é que na segunda, ao abrir a reunião da Executiva Nacional do PT, esta mesma história de “ira santa contra o Partido dos Trabalhadores” foi levantada pelo ex-presidente Lula.
– Eu fui convidado para assinar o manifesto. Pergunto, Gleisi, o PT foi convidado?
Lula questionou a presidenta do seu partido, deputada Gleisi Hoffmann sobre a conveniência de embarcar na Arca de Noé política que se propõe salvar o Brasil do dilúvio.
Falava de três manifestos de frente ampla, dos advogados e intelectuais, com assinaturas de amplo espectro – de FHC e Temer – à gente supostamente de esquerda. Referiu-se também a editoriais do PIG, especialmente ao do jornal O Globo.
E lembrou que se tem gente boa, também tem as mesmas pessoas e veículos que ajudaram a derrubar a presidenta Dilma e a eleger o capiroto.
“Volto a dizer: não dá pra aceitar a ideia de que o Bolsonaro é resultado de um processo amplamente democrático. Ele é resultado de um processo que se deu desde a cassação de uma presidenta sem crime. Agora perceberam que o troglodita que eles elegeram não deu certo.”
Para Lula o Brasil não vai a lugar algum se a agenda economia e social atender apenas aos interesses do rentismo, sem tocar na desigualdade; mesmo sem o capiroto.
Estou dizendo pra gente não pegar o primeiro ônibus que tá passando. Estão querendo reeducar o Bolsonaro, mas não querem reeducar o Guedes. Tem pouca coisa de interesse da classe trabalhadora nesses manifestos. O editorial do Globo é uma proposta de acordo pra manter o Bolsonaro.
E o PT sabe porque quer tirar o Bolsonaro. A gente quer tirar o Bolsonaro pra defender a vida. Porque ele não gosta de mulher, não gosta de preto, não gosta de índio, não gosta do povo trabalhador. É por isso que estamos dizendo Fora Bolsonaro.”
Assista ao vídeo com a fala na íntegra:
A repercussão do puxão de orelha do ex-presidente mostra que ele acertou o dedo na ferida. Segue a tentativa de desqualificá-lo, à direita e à esquerda. Até múmias como Roberto Freire, ex-senador, ex-tudo, saíram do sarcófago onde se escondem, com razão, para criticar a postura de Lula e do PT.
Morrem de medo e de inveja do apelo popular e da capacidade de liderança que o ex-presidente detém. Queiram ou não queiram os detratores de plantão.
Clique para saber mais, antes de ler o que escrevi há um ano meio sobre “A ira santa sobre o PT e a escolha de Sofia”.
por Sulamita Esteliam
Esta velha escriba reconhece: não tem condições de acompanhar, sozinha, a velocidade dos acontecimentos graves desses tempos bicudos, que insistem em nos manter no caos, refletir sobre eles e depois tricotar aqui no blogue.
Assim, tenho me concentrado nas redes sociais, entre uma ou outra atividade doméstica indispensável. E as caminhadas na praia, estas quando possível, que me ajudam a relaxar e a manter a sanidade.
Não, ao contrário do que muita gente imagina, não estou nem estive em qualquer campanha, profissionalmente. Tudo que faço, inclusive o A Tal Mineira, é trabalho voluntário, militância cidadã.
Afinal, não vivemos, e vencemos, uma ditadura; não recuperamos o direito à democracia, ainda que engatinhante, para assistir de braços cruzados que nos levem o que nos resta de liberdade.
Luto pelo que acredito, como sempre fiz. Gerei e criei quatro frutos assim, sem tergiversar um milímetro. Quem me conhece, sabe de que fibra sou tecida.
Elegemos e reelegemos um governo popular que trouxe ao povo um vislumbre de vida digna durante 12 anos. Um arranhão, o suficiente, entretanto, para atiçar a sanha da casa-grande e seus manietados de plantão.
Chegamos aonde chegamos. Para alguns, é a escolha de Sofia.
Discordo da maioria das avaliações de que Lula e o PT esticaram a corda até o limite, escolhendo o fio da navalha como estratégia político-eleitoral.
Ao PT e a Lula não foi dado o direito à escolha, que não jogar o tudo ou nada.
Jogaram o jogo e levaram as eleições para o segundo turno. Fernando Haddad ficou em segundo lugar na votação, mas deixou bem atrás o terceiro colocado, e o resto.
Mesmo preso e condenado, sem crime e sem provas, Lula manteve-se líder em todas as sondagens de intenção de votos. E os transferiu em boa parte a seu escolhido, numa velocidade que botou os adversários contra a parede.
Uma façanha eleitoral que é fruto, de um lado a genialidade política de Lula, que endoida seus algozes. De outro, a memória que parcela do povo mantém do quanto suas vidas melhoraram durante os governos do PT.
São os fatos.
E Lula teria ganhado a eleição no primeiro turno, se não tivesse sido bloqueado em seus direitos políticos. Com fake news, notícias falsas, calúnias, com a máquina de mentiras movida por um exército de robôs, Cambribge Marketing, o diabo a quatro.
Direitos, aliás, reconhecidos inclusive pela ONU, mas ignorados pela nossa Justiça Eleitoral e pela Suprema Corte. Convenientemente parciais, como sempre foram, optam por transformar o Brasil num pária internacional.
São coniventes com a barbárie que vigora. E que agora bate à porta do própria Justiça.
A presidenta do TSE, Rosa Weber, está sendo ameaçada por partidários do coiso. Agora a Polícia Federal entra na dança.
Também agora, beirando a insensatez, o tribunal eleitoral reconhece que as mentiras contra Haddad e Manuela, divulgadas pela campanha do inominável, colocam em risco a lisura do processo eleitoral.
O TSE mandou retirar da propaganda eleitoral e de todas as mídias sociais a mentira sobre o famigerado Kit Gay, que não existiu.
A lembrar que o coiso e seus asseclas disseminam essa calúnia desde 2011.
Falta o Ministério Público tomar ciência e providências sobre a difusão do ódio, do racismo, da apologia ao estupro, à violência contra negros, mulheres e LGBTs.
Quantos vão ter que morrer?
Nesta quarta, enquanto Salvador homenageava mestre Moa do Catendê, em ato que reuniu milhares no Pelourinho, mais uma pessoa, um travesti, era assassinada a facadas, desta vez num bar em São Paulo. Os homicidas antes de fugir, deram vivas a você sabe quem.
A verdade é que a violência tenta impor pelo medo o que o bom senso e a memória histórica da barbárie nazifascista rejeitam no plano mundial.
Contexto tão bem descrito em artigo publicado por um jornal português este fim de semana, como mostra a foto ao lado.
Mais uma manchete internacional a expor a covardia da mídia nativa, a cobrir de vergonha o PIG nacional, se vergonha tivesse: “Um canalha às portas do Planalto”.
Tudo o mais, é piti forçado de gente grosseira do naipe do senador eleito pelo Ceará Cid Gomes (PDT), em coligação com o PT do governador reeleito, Camilo Santana.
Semana passada, logo após o primeiro turno das eleições presidenciais, escrevi aqui que é hora de os democratas mostrarem a cara.
Não foi mero jogo de palavras. Sou velha de guerra, não vidente. Cubro eleições desde 1982, desde as Gerais até as terras pernambucanas, passando pelo Distrito Federal e pelo Ceará.
Convidado a um ato pró-Haddad, em Fortaleza, na noite da segunda, 15 o ex-governador cearense não só desrespeitou a casa anfitriã, ao partir para o ataque despropositado ao PT.
Mostrou a que ponto chegam o oportunismo, a deslealdade e a falta de compromisso com os destinos da nação.
Cospe no prato que comeu, além do mais.
Obviamente que não falou por conta e risco. Mas como eco de uma egolatria familiar, que quem conhece sabe.
Aonde está Ciro Gomes, o macho, que não está aqui somando na Frente Democrática contra o fascismo? Em Portugal, dizem. Cansado, o pobre.
Seus eleitores estão felizes com a atitude escapista de seu candidato num momento de tal gravidade para o Brasil? Quem vai cerrar fileiras em 2022? Só faltam quatro anos…
Alguém precisa dizer para ele, e para o irmão-porta-voz, que seu tempo de palanque individual acabou, por ora. Que não se pode disputar eleição no segundo turno sem ter passado no teste do primeiro. E sua votação não foi suficiente. Fim de papo.

Eleições como essa não verás em nenhum país que não este.
Trata-se de um jogo duro, todos nós o sabemos, mas desleal. Mas o jogo é jogado, está em curso, e todo mundo sabe que se joga com a democracia, com o futuro, nessa ordem.
Na verdade, há uma má vontade permanente com o PT, que resiste e a tem superado através dos tempos. Vem de setores da classe média, particularmente, envenenada pela mídia venal e do meio político-empresarial.
E agora, contaminou os pobres inconformados em perder a qualidade de vida que experimentaram. Todavia, chutam a bola para o lado errado do campo, arriscando o gol contra.
Há incompreensão, há desinformação, há oportunismo e há irresponsabilidade.
O PT não é um coro de anjos. É feito de gente, com todos os defeitos, e qualidades, humanos. Cometeu erros, sim, como qualquer partido, inclusive no que se refere à economia.
Mas os acertos foram infinita e soberbamente maiores. Para Euzinha, contam especialmente três feitos nunca experimentados, na minha curta e acidentada existência: a redução da miséria e da desigualdade, com programas de combate à fome, valorização do salário mínimo e de acesso a oportunidades; e a recuperação da autoestima dos brasileiros.
Os erros, o partido já os reconheceu em diferentes ocasiões. O próprio Haddad já o fez antes e agora, novamente, durante a campanha.
Mas o PT não inventou a corrupção, antes assegurou meios para combatê-la. A Lava Jato não existiria em governos anteriores, bem o sabemos.
Se uns e outros dos quadros petistas atravessaram, estão pagando por isso. Aliás, pagam até os injustiçados, como José Genoíno e o próprio Lula.
O que pedem ao PT é um haraquiri em praça pública: que assuma ter armado uma quadrilha para assaltar o Estado. O que o partido não fará, por que isso não existe e nunca existiu.
Não cobram o mesmo dos demais partidos que passaram e se locupletaram no poder.
A insistente cobrança de mea culpa tem direção única e exclusiva, é parte da narrativa que há anos tenta desconstruir o partido.
Não tem fundamento, e muito menos é cabível num momento como este. Quando mais quando sai da boca de quem tem telhado de vidro.
Republicou isso em A Tal Mineira.