por Sulamita Esteliam
Na tarde da terça-feira, 02 passei pelo Cais José Estelita pela primeira vez, desde que a Prefeitura do Recife desenterrou o processo que permite ao Consórcio Novo Recife, liderado pela Construtora Moura Dubeux para derrubar os armazéns que beiram o cais.
É o poder público dizendo ao povo que quem manda é o poder do dinheiro. Tudo o mais cessa, quando o valor maior se levanta.
Deu uma tristeza imensa olhar os tapumes e constatar que, mesmo com liminar judicial suspendendo a derrubada das velhas edificações, praticamente, metade já foi para o chão.
Há várias ações judiciais impedindo a derrubada e a sequência do projeto.
O que está em disputa não é apenas o espaço, que poderia ser usado para suprir, por exemplo, o déficit de moradia que é absurdo no Recife, como em todo o Brasil.
Ao invés das torres imensas para poucos, um projeto de moradia popular, com espaço de convivência e lazer públicos, que preservasse o direito à vista, uma das mais bonitas da cidade, à brisa que vem do mar e refresca a aridez, o direito à cidade.
Está em disputa, também, a narrativa do que é melhor para o Recife.
No Marco Zero Conteúdo, uma reportagem densa, postada dia 27 de março, mostra como as peças estão colocadas no tabuleiro de xadrez.
Naquele dia, a construtora moveu para lá seu departamento de recursos humanos para receber currículos para futuras pretensas 500 vagas. Uma fila imensa de desempregados se fez ao longo dos tapumes.
Do lado de dentro, a ocupação segue, agora pressionada pela realidade de parte dos 12,5 milhões de desempregados deste Brasil em desmantelo.
Mas engana-se quem crê na ignorância do povo.
Compartilho o vídeo que acompanha a reportagem assinada por Maria Carolina Santos, que é ampla e pode ser lida clicando aqui.
A Tal Mineira 