por Sulamita Esteliam
O amigo Carlos Barroso, poeta, artista e jornalista, como se autodefine, e que sempre me honra com a presença aqui no A Tal Mineira, acaba de lançar mais uma obra poética. Desta vez em formato ebook: 41 Poemas Contra, em parceria com a Germinal Literatura.
Poesia política e social, contemporânea, na veia – em palavras e arte visual. E o que é melhor nesses tempos de dureza ampla, geral – ou quase, os milionários estão cada vez mais endinheirados, a despeito da pandemia, ou exatamente por causa dela – de graça. Basta um clique para acessar e outro para baixar.
Uma miniantologia bem editada, com todas as referências da publicação original dos poemas ou das exposições onde foram mostradas as obras de arte. Para o poeta-artista, é “uma maneira de maneira de localizar quem for ler/ver o e-book sobre a temporalidade e as circunstâncias de cada trabalho”.
A ideia do lançamento de livro virtual é fruto do obrigatório isolamento social em meio à pandemia de Covid-19. A repercussão, ano menos na terrinha, Belo Horizonte, foi das melhores.
Um aperitivo, para estimular o apetite poético (espero que Barroso perdoe a impossibilidade gráfica de respeitar a diagramação original):
BELO HORIZONTE
SUAS RUAS LAVADAS
BRILHAM
A DISTÂNCIA
ENTRE A INFÂNCIA
E A EXPLOSÃO DE UMA VIDA
QUE MESMO COSMOPOLITA
NUNCA CONHECEU A EXUBERÂNCIA
MAIS ÁVIDA
DO QUE SIMPLESMENTE
AMBÍGUA
NUNCA PODE, POR SI
EXPRESSAR SUAS CORES
ANTE O CINZA
QUE RESPINGA
EM SUAS ESQUISITICES CENTENÁRIAS
COMO BELO HORIZONTE BRILHA
COMO BELO HORIZONTE CHOVE
Como diz outro amigo mineiro, também jornalista e artista da palavra, Jurani Garcia, “a arte salva”.

+