PM de Zema não apenas barbariza, ostenta, no melhor estilo fascista

Essas crianças e dezenas iguais a elas não têm mais escola, várias perderam o teto – Foto: BdF
por Sulamita Esteliam

A covardia e a indignidade fizeram história nesta sexta-feira em Minas Gerais, com a concretização do despejo de parte das 453 famílias do Quilombo Campo Grande, em Campos Gerais, depois de mais 60 horas de resistência por parte dos habitantes da área.

Tudo em plena pandemia e  sob Estado de Emergência, o que caracteriza total ilegalidade.

Se é que se pode chamar de boa notícia, o despejo cessou esta tarde-noite. Além da escola e das lavouras destruídas no primeiro dia, seis ou sete famílias perderam suas moradas.

Há quatro pessoas presas na vizinha Alfenas e restaram dois feridos, além do trauma da violência, do medo de perder tudo que se construiu em duas décadas. E toda a comunidade ficou exposta à contaminação por coronavírus.

Entretanto, para aí.  É o que informa no aúdio abaixo, publicado em sua conta no Twitter, o deputado Rogério Correia (PT-MG), enviado pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara dos Deputados para checar a situação dos agricultores da ocupação:

O “desatino”, como quer Correia, e a barbaridade não podem ficar por isso mesmo. Pior ainda quando o governo não apenas faz, ostenta. A Polícia Militar transmitiu a desocupação ao vivo, transferindo para os agricultores-alvos os atos truculentas que seus homens(?) praticavam.

A presidenta Dilma Rousseff, no Twitter, definiu com todas as letras ato e atitude: “guerra híbrida fascista”

Há poréns a considerar: a desfaçatez da corporação produz provas que podem ser usadas contra ela mesma em tribunais, se não agora, certamente num futuro que, a bem do Brasil e da sua gente, não pode estar muito distante.

A presidenta Dilma publicou uma sequência de tuítes em que narra e condena o horror desta sexta-feira, em que a Polícia Militar de Romeu Zema, desalojou 450 famílias da terra que ocupam e em que produzem há 22 anos:

A pergunta é: se não pode ocupação durante 22 anos, não caberia usucapião? O rural pode ser requisitado a partir cinco anos de uso e produção ininterruptos, pela Lei 13.105/2015.

Agora conheça a história e avalie:

O Brasil de Fato tem a prova do crime – clique para ver.

O MST-MG publicou nota em que denuncia a violência do governo Zema. Transcrevo:

MST denuncia violência cometida pelo governo Zema

Da Página do MST

O Movimento Sem Terra no estado de Minas Gerais vem a público denunciar o despejo violento realizado pela Polícia Militar de Minas Gerais na tarde desta sexta-feira, 14.

Em meio à pandemia, o governador Romeu Zema colocou a vida e a saúde de milhares de pessoas em risco, demonstrando o seu descaso com o povo, mostrando sua face covarde e criminosa.

Após 56 horas de resistência no Acampamento Quilombo Campo Grande, o despejo marcado para esta quarta-feira, 12 de agosto, se concretizou com um ataque violento da polícia às famílias organizadas. Foram três dias de tensão, violações de direitos humanos e solicitações para que o governador Romeu Zema suspendesse a ação policial.

A mobilização do aparato policial promoveu aglomeração expondo não somente as famílias Sem Terra, mas também toda a população da região à propagação do Coronavírus, inclusive grávidas, idosos e outras pessoas do grupo de risco.

Denunciamos que a área de 26 hectares inicialmente constadas no processo judicial n. 6105218 78.2015.8.13.0024, que já estavam desocupados, foi ampliada para 52 ha no último despacho da Vara Agrária e a operação policial foi além da determinada pela liminar, destruindo a casa e lavouras de sete famílias.

Mais uma vez, o Estado se coloca contra os interesses do povo e promove a escalada de violência no campo. Além de realizar um ataque direto à educação do campo, quando a operação derruba a Escola Popular Eduardo Galeano, local que oportunizou à inúmeras crianças, jovens e adultos o direito de aprender a ler e escrever.

Esse é o novo que o governador Zema quer para o povo de Minas Gerais. O projeto de violência e de morte que considera os interesses da burguesia acima de todos. Chega de despejos, é preciso que o governador seja penalizado pelos crimes que cometeu.

Mesmo com as violações e perdas, é importante ressaltar que nesse árduo processo a unidade da classe trabalhadora e a solidariedade da sociedade, ao denunciar e se mobilizar contra o neofacismo que se instala em nosso país, foi fundamental para que enfrentássemos os desmandos do Estado de cabeça erguida.

Assim, reafirmamos, seguiremos firmes na luta pela terra e que as 450 famílias permanecem nas terras da antiga Usina Ariadnópolis, produzindo alimentos saudáveis para o povo brasileiro.

Despejo zero!

Minas Gerais, 14 de agosto de 2020

Direção Estadual do MST – MG

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