Hipocrisia mata, em nome de ‘Deus’!

por Sulamita Esteliam

A lenga-lenga de defesa da vida de feto para obrigar mulheres, pior, meninas a parirem o fruto de um estupro é de tamanha crueldade, que embrulha o estômago.

E o estuprador pedófilo, cadê, vai pro inferno? Quem vai mandar? O que é feito dele, quem quer saber?

Sabe quantas meninas de 10 a 14 anos são atendidas só na rede pública por complicações de aborto? A média é de seis por dia. Todas vítimas de estupro.

Na verdade, a quantidade de estupros de crianças e adolescentes é 20 maior. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública alerta: a cada hora quatro meninas de até 13 anos são estupradas no Brasil. E este blogue já publicou a respeito. A maioria é feita de meninas negras.

Parabéns para o médico-chefe da maternidade do Cisam-Recife, centro de referência em obstetrícia de complexidade, que salvou a vida da menina do Espírito Santo, vítima do tio, desde os 6 anos.

Uma vergonha que a criança e a avó tenham sido obrigadas a viajar 2 mil quilômetros para verem atendida a autorização judicial, à luz da Constituição.

O obstetra Olímpio Moraes Filho é um sobrevivente de excomungações, tem duas. A primeira por defender a distribuição da pílula do dia seguinte durante o Carnaval. A segunda por realizar idêntico procedimento numa menina pernambucana de 9 anos, estuprada pelo padrasto, grávida de gêmeos, em 2008.

Ele conta ao Correio Braziliense  (links referidos ao pé da postagem) que costuma usar uma frase, do ex-presidente da Sociedade Internacional de Ginecologia Obstetrícia, Mahmoud Fathalla,  que explica muito:

“As mulheres não morrem porque sua doença não pode ser tratada; elas estão morrendo porque as sociedades ainda não tomaram a decisão que suas vidas devam ser salvas.”

Salve a mulherada do movimento feminista do Recife, que botou a horda fundamentalista para correr, ajudando a garantir que o procedimento se realizasse.

Fico por aqui. Deixo você em boa companhia:

UMA MENINA FOI ESTUPRADA

por Eneida da Costa – no Facebook

Fundamentalistas brancos, atiçados por uma branca maldita, cercam a clínica médica onde uma menina negra de dez anos, que foi estuprada, vai fazer um aborto.

Em nome de deus bradam assassina para a menina negra de dez anos, que foi estuprada, que teve sua infância abortada.

Em nome de deus ameaçam o médico que vai retirar do ventre da menina negra de dez anos, que foi estuprada, o filho do seu estuprador.

A matilha branca, escravista, não se conforma.

Uma menina negra de dez anos, que foi estuprada, não vai deixar nascer o bastardo, mais um negro marcado na origem pela violência.

A malta cristã branca e raivosa grita assassina para uma menina negra, de dez anos, que foi estuprada pelo tio.

Cristão brancos furiosos esbravejam e babam um ódio gosmento.

Uma menina negra de dez anos foi estuprada seguidamente, desde os seis anos, ficou grávida de um pedófilo e vai fazer um aborto.

O nome da menina negra, de dez anos, que foi estuprada desde os seis, foi divulgado por uma mulher branca que não se conformar em perder um pretinho para a sua senzala.

O caso da gravidez, de uma menina negra, de dez anos, que foi estuprada, desde os seis, foi parar na mídia.

O ministério, que deveria proteger a menina negra de dez anos que foi estuprada desde os seis, divulgou a história para a imprensa.

A menina negra de dez anos, que foi estuprada e engravidou, será apontada nas ruas.

A menina estuprada que teve sua inocência assaltada, sua infância roubada, não terá adolescência. Nem juventude.

Será sempre apontada como a menina negra de dez anos de idade que foi estuprada, ficou grávida e se livrou do filho do seu estuprador.

A pastora do ministério que deveria cuidar dela, jogou seu caso na mídia.

O nome da menina negra de dez anos, estuprada desde os seis, que vai se livrar do filho do seu estuprador foi parar nas redes sociais.

A vida da menina negra de dez anos, estuprada desde os seis.

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Acesse as fontes

 

 

 

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