A dor, a impunidade e a luta: 1 ano sem Miguel

por Sulamita Esteliam

Dia 2 deste junho fez um ano sem Miguel Otávio Santana da Silva. O menino recifense, de 5 anos, despencou do nono andar de um prédio de luxo no Cais de Santa Rita, no Recife.

A patroa da mãe o deixou entrar sozinho no elevador e apertou um andar alto. Qdo parou no nono andar, a criança desceu e por algum motivo subiu no parapeito e despencou da janela.

Miguel estava à procura da mãe, que tinha descido para passear com o cachorro da madame.

Até hoje a Justiça não ouviu a ré, Sarí Corte Real, ex-primeira dama do prefeito de Tamandaré, no Litoral Sul, de Pernambuco.

O marido dela, Sérgio Hacker (PSB) safou-se de impeachment por improbidade administrativa, mas não conseguiu reeleger-se. Ele usava a Prefeitura para pagar os salários da mãe, Mirtes Renata Santana, e da avó de Miguel, Marta Alves, domésticas em sua residência.

A impunidade torna a dor mais doída.

“Todo dia converso com meu filho, e peço para ele me ajudar a ficar de pé”, diz a mãe. Para se segurar, ela luta. Na quarta, mesmo, liderou caminhada até a porta do edifício de onde seu filho caiu, e onde mora a ex-patroa que o abandou à própria sorte.

Pior, além das travas no processo judicial, na audiência de que participou, Mirtes foi obrigada a assistir a tentativa da defesa de tornar seu filho de 5 anos o responsável pela própria morte. A algoz, Sarí, foi infantilizada.

O ato de protesto no Recife é parte da Semana Internacional Menino Miguel, levada a efeito com apoio da Articulação Negra de Pernambuco e Coalizão Negra por Direitos.

Na noite anterior à data, a ONG Chance.Org fez projeções no Recife e em São Paulo cobrando justiça.

A Coalizão Negra por Direitos pontua:

“É para É para defender a memória de Miguel, uma criança de 5 anos, saudável, estudiosa, generosa e cheia de sonhos, e por justiça a ele e todas as crianças negras vítimas do racismo, que a Coalizão Negra por Direitos convoca atos em diversos estados brasileiros e no Distrito Federal.”

Mirtes deixou de ser empregada doméstica; trabalha na ONG Curumim no Recife, que atua na proteção de crianças, e estuda Direito, com bolsa de estudo.

Sabe que o racismo matou seu menino. Sabe que o racismo estrutural e a discriminação de cor e de classe a colocariam na cadeia se a situação fosse inversa. Exige justiça.

Tem o apoio da sociedade casa vil, a parte que se importa.

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Fontes requisitadas:

Geledés

1 ano sem Miguel: Coalizão Negra por Direitos convoca atos por Justiça e em memória ao menino

Correio Braziliense

Mãe de Miguel se revolta com erro e ‘descaso’ da Justiça: ‘Um ano sem meu filho é uma eternidade’

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PSol-Recife e vereadora @daniportelapsol (fotos inclusive)
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