por Sulamita Esteliam
No mar de aflições acionadas pelo dilúvio que se abateu sobre o Recife e Região Metropolitana, sobretudo, o resgate dos mortos e desaparecidos e o socorro dos sobreviventes, não se pode esquecer: neste 2 de junho faz dois anos que o menino Miguel Otávio Santana da Silva despencou para a morte do nono andar de uma das duas torres gêmeas que miram o estuário na fronteira do Bairro de São José com o Bairro do Recife. Ele tinha 6 anos.
Pois a Justiça, pela qual a sociedade, a que se importa, clama, começa a ser desenhada: no último dia de maio, saiu a condenaçao de Sari Corte Real, ex-primeira dama de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco: oito anos e seis meses de prisão em regime fechado, por abandono que resultou em morte de incapaz. O Código Penal lhe dá o direito de recorrer em liberdade.
A mãe de Miguel, Mirtes Renata, trabalhava na casa de Sari, e deixou o filho com a patroa, enquanto foi passear com o cachorro da família. O menino reclamou da ausência da mãe, quis ir ao seu encontro e a dona da casa deixou que ele entrasse sozinho no elevador, apertando o último andar, onde o menino desceu e de onde caiu para o nada profundo.
Ao alternativo Marco Zero Conteúdo, Mirtes comentou por telefone a decisão do juiz José Renato Bizerra, da 1ª Vara de Crime contra Crianças e Adolescentes do Tribunal de Justiça de Pernambuco:
“Por mim, seria o tempo máximo, seria 12 anos. Mas o juiz entendeu dessa forma e não vou ser contra. Valeu à pena todos os nossos esforços. (Recorrer em liberdade) é um direito que ela tem, mas eu só vou ficar realmente satisfeita quando ela estiver presa e sem recurso.”

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