“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.”
Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro
por Sulamita Esteliam
Neste domingo, 19 de setembro, celebra-se o centenário de Paulo Freire, educador e filósofo pernambucano, nascido no Recife, e que se tornou célebre internacionalmente.
Sua Macondo o homenageia com evento-teste no Teatro do Parque, totalmente reformado: a apresentação da peça pa(Idea) – Pedagogia da Libertação, promovida pelo mandato da vereadora Liana Cirne (PT). É às 16 horas.
O menino pobre, que ficou órfão de pai aos 13 anos, é reverenciado mundo afora por unir educação, cultura e consciência crítica, como bases da formação cidadã.
Criador do método infalível de alfabetização, a partir a vivência cotidiana das pessoas, é considerado um dos pensadores mais notáveis da pedagogia mundial – a pedagogia crítica, naturalmente.
Por conta disso, foi acusado de disseminar o “comunismo” e perseguido pela ditadura civil-militar que se instalou no Brasil em 1964.
Viveu 16 anos no exílio, no Chile, para onde levou seu método de alfabetizar adultos, e nos Estados Unidos, onde lecionou em Harvard.
Nesses tempos, com o país imerso no obscurantismo, o autor, dentre outras obras, da Pedagogia do Oprimido volta a ser considerado uma ameaça que precisa ser destruída.
Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica.
No livro, Freire alerta sobre como a educação pode reforçar as desigualdades ao preservar a ordem social ao invés de transformá-la.
A opressão desumaniza, é preciso libertar-se do pensamento único. Na filosofia freiriana, é preciso humanizar a nós mesmos e aos outros, exercer o livre arbítrio para melhorar o mundo através do trabalho, da empatia e da solidariedade.
Esperançar é fundamental.
Assista ao documentário 40 Horas de Memória, que resgata a passagem do educador pernambucano em Angicos, no Rio Grande do Norte, aonde testou seu método para alfabetizar adultos.
Num determinado trecho, as pessoas que viveram a experiência falam de como aprender a escrever o próprio nome e a ler mudou sua noção de mundo.
Uma filha, que aprendeu escrever junto com mãe e pai, lembra que Paulo Freire falava da importância de cada pessoa conhecer seus direitos e deveres.
E cita a frase da própria mãe numa carta que escreveu, depois de ser transformada pelo aprendizado: “Eu agora não sou massa, sou povo”.
Paulo Reglus Neves Freire encantou-se em 2 de maio de 1997, em São Paulo.
Viva Paulo Freire! Paulo Freire, presente!
De educador para educadores, obras essenciais:
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- Educação como prática da liberdade (1967)
- Pedagogia do oprimido (1968)
- Cartas à Guiné-Bissau (1975)
- Educação e mudança (1981)
- A importância do ato de ler em três artigos que se completam (1982)
- Pedagogia da esperança (1992)
- Política e educação (1993)
- À sombra desta mangueira (1995)
- Pedagogia da autonomia (1997)
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Fontes requisitadas
Instagram/Liana Cirne
Teatro do Parque faz evento-teste com peça sobre Paulo Freire
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