por Sulamita Esteliam
Há pelo menos um século é assim: as feridas abertas da Serra do Curral sugam a água e a vida que correm em seu corpo de pedra e ferro – à mercê de predadores e entreguistas de plantão. Mas Serra, moldura e manancial da minha Macondo de origem, há de resistir.
Um vídeo que recebi num dos grupos de zap-zap tenta traduzir o espírito da Serra do Curral, além de trazer imagens impactantes. Publiquei no Twitter mais cedo, com parte da frase que abre esta postagem:
A campanha #TireoPédaMinhaSerra para barrar o licenciamento do projeto da mineradora Tamisa, no Complexo Minerário da Serra do Taquaril, continua. Mesmo que não tenha sido capaz de sensivilizar o Copam, órgão de “aconselhamento” do Governo do Estado para questões ambientais.
A Justiça volta a ser acionada, com pedido de liminar, para barrar o aval do Copam. Há três ações protocoladas, uma delas pela Rede Sustentabilidade.
Continua a mobilização política para tombamento definitivo de todo o complexo da Serra que é considerada patrimônio da capital mineira, em cujo território está o maior trecho dos seus 11 quilômetros de extensão – de Sabará a Nova Lima – e o cume, o Pico Belo Horizonte.
Mesmo que em tentativas anteriores, inclusive pelo Ministério Público, a Justiça tenha se posicionado em favor da depredação.
Note-se que a sociedade civil, que também participa do órgão de “aconselhamento” do governo do estado, não tem maioria suficiente para impedir decisões potencialmente danosas. O Copam faz o que seu mestre mandar.
O poder da mineradora e a ganância dos que ignoram até a lei pelo acordo dissonante do metal falam mais alto. Foram cerca de 18 horas de discussão, no último dia de abril, para se definir o que, de fato, já se esperava.
A autorização de lavra a céu aberto de minério de ferro, significa instalar unidade de tratamento de mineirais, pilhas de rejeito e também bacias de contenção de sedimentos.
Em área limítrofe de grandes adensamentos populacional: os bairros Taquaril e o Aglomerado da Serra , na Zona Sul de Belo Horizonte.
Com todos os riscos de desastres que Minas conhece bem por carregar em suas veias rios de aço em forma de montanhas. Estão aí Brumandinho e Mariana para não nos deixar esquecer. O governo ignora.
Às favas com a proteção ambiental. Vai faltar água potável para abastecer as cidades? Dane-se! A qualidade do ar vai piorar, e daí? O risco de enchentes devastadoras também pode aumentar, que importa?
A imagem que abre a postagem é captura de tela de reportagem a respeito do conflito ambiental x exploração econômica – muito boa, aliás – veiculada no programa Balanço Geral Minas, da TV Record.