A semana que passou e o horizonte futuro

por Sulamita Esteliam

Cá estou de volta, após três dias sem tempo para amanhã. Não me esqueci, todavia, de que ontem, 03 de novembro, minha mãe, dona Dirce, teria feito 90 anos, caso lhe tivesse sido dado o desfrute de mais 23 anos e meio de vida.

Só não tive como traduzir lembrança em palavras para além do nosso particular… E é o que importa. Dona Dirce deve estar bem feliz com a retomada do Brasil aos trilhos, apesar de todas as dificuldades resultantes de seis anos de atraso.

Deve estar feliz também por estar presente no espírito da novíssima geração familiar. É que ontem, 03 de novembro, minha neta caçula, Agatha Luna, também fez aniversário: 5 anos de pura vivacidade, criatividade e exercício do ser feliz.

Concentrei-me nela, que por si demanda todas as atenções, e só hoje cumprimentei minha querida amiga Rô, dos tempos da faculdade, que também inaugura novo ciclo sob a regência de Escorpião, dia 03.

Mas só nos vimos, Euzinha e Agatha, no início da noite, quando ela e a mãe passaram aqui em casa para pegar a vovó para celebrar com ela. Criada entre adultos, dispensou a festinha na escola; escolheu comer sushi num bar aqui perto de casa.

No entanto, passou todo o tempo no parquinho, e só cedeu em cantar parabéns, quando a noite já ia alta e não havia mais condições de protelar. A hora do parabéns é também despedida, e ela como a maioria de nós, é inimiga do fim.

Sei o que lhe passa pela cabeça: nada a ver com a horda que pertuba a vida das pessoas, e contribui para abreviar algumas, com a balbúrdia pela derrota do inominável. No nosso circuito, a alegria, não o terror, é que faz a festa.

Vovô Julio não foi: está de repouso absoluto devido a cirurgia recente de catarata. Recomendação médica que já consegue bulir com a paciência dele, mas ao menos até a segunda-feira, vai cumpri-la à risca, posso garantir.

É um dos motivos também pelos quais me eclipsei aqui no blogue: se o maridão faz repouso, sobra para a dona Maria todas as tarefas domésticas das quais ele se encarrega: da coleta de lixo às compras, passando pela lavagem de louça e cuidados com o bichano.

Parece nada, mas a rotina da casa pode ser estressante. Ou Euzinha estou mesmo ficando velha rapida e inexoravelmente, e o que tirava de letra há pouco tempo, me deixa cansada, pura e simplesmente, agora.

De qualquer forma, usei esses dias para não me incomodar com a patacoada dos “patriotas” de carteirada, cassete, armas, ignorância e delírio em punho a bloquear estradas para golpear a vontade do povo, a golpear a democracia.

Arruaceiros é o que são. Matilha atiçada pelo silêncio criminoso do presidente-candidato derrotado em 30 de novembro, e que já está sob investigação da Polícia Federal, por determinação do Ministério Público e sob olhar atento do Supremo Tribunal Federal.

O Coisa-ruim só veio a público 45 horas após o TSE confirmar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República a partir de janeiro de 2023. A fala durou pouco mais de 2 minutos, e não incluiu os cumprimentos ao vencedor.

Deixou ao chefe da Casa Civil a tarefa de anunciar que a transição está autorizada – e de fato já começou nesta quinta-feira. Depois, atravessou a Esplanada e foi, na expressão correta de uma amiga, “pedir penico” ao STF. Se Maomé não vai à montanha…

Acabou!

E, surpresa, não há dinheiro no orçamento para programas sociais de qualquer natureza; nem mesmo recursos para o Auxílio Brasil de R$ 600, farmácia popular nem para mererenda escolar, que dirá para o reajuste do salário mínimo acima da inflação.

A equipe de transição, com o vice Geraldo Alckmin no comando, vai ter que fazer milagre para garantir o essencial já anunciado como prioridade da gestão que se inicia em 1º de janeiro.

Na verdade, já nesta sexta-feira, 4, sabe-se o tamanho do rombo: 400 bilhões de reais, usados para assédio eleitoral e compra de votos, surrupiados dos cofres públicos para a tentativa vã de vencer a qualquer custo.  O chamado orçamento secreto é um esbulho à viúva e ao povo.

Reportagem do colega Caco Barcerlos, do Profissão Repórter, programa da TV Globo, inclusive, escancarou o uso do Auxílio Brasil para achacar votos no interior do Mato Grosso do Sul.

O mesmo método usado nas igrejas, sobretudo as pentecostais, onde cultos foram transformados em comício, e os resistentes ameaçados com o fogo do inferno.

Agora, depois de consumada a derrota, a vitória de Lula se deu “por vontade de Deus”. Palavra do Edir Macedo, o bispo-arrecadador Universal.

Deu ruim, está posto.

Todavia, o modus operandi é retrato em preto e branco do que sempre foi o despresidente: um ser medíocre, oportunista, miliciano e covarde.

Arruaceiro desde criancinha, com profundo complexo de rejeição, que tenta compensar em arroubos de valentia. Vem daí o sociopata, a psicopatia. Mas é só aparecer alguém que bata o pé, que sai ganindo feito vira-latas.

Irresponsável, manietado pela plutocracia que financia suas diatribes e pelos militares que se beneficiam do liberou geral. Seu papel foi sufocar a cidadania pela eclosão do espírito trevoso da sociedade brasileira, inoculado desde a invasão. Cumpriu-o, já não tem mais utilidade.

A despeito dos fatos, é o espírito das trevas que vigora nas rodovias atravessadas por caminhões, tratores e fundamentalistas delirantes, a golpear a vontade popular manifestada nas urnas, a própria democracia.

Mas é o último suspiro da barbárie.

Áudios que circulam pelas redes sociais, e que estão sendo investigados pela Polícia Federal, comprovam que partiu do clã do Coisa-ruim, o deputado estadual Eduardo ou o filho 03, a ordem insufladora dos baderneiros.

Só por isso o despresidente saiu do mutismo, para tentar disfarçar sua responsabilidade no processo.

E nem ao menos é original: copia métodos já manjados da extrema-direita mundial, que faz das suas até nos Estados Unidos, que se autointitula guardião das repúblicas mundo afora.

Não há combustível para seguir adiante. É o regurgitar da extrema-direita, que deve ser devidamente enquadrada para que se dissolva no próprio chorume.

As instituições devem mirar-se no exemplo do passado, que deixou impune as bestas-feras que continuam nos assombrando. Não há anistia possível.

Enquanto isso, o Brasil volta a ser referência no cenário internacional. Nem tomou posse e Lula já tem o primeiro compromisso além-fronteira: convidado de honra da COP27, a Conferência do Clima no Egito, de 06 a 18 deste mês.

De volta ao começo…

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