por Sulamita Esteliam
Meu portátil está na UTI. Feito o Coisa-ruim et caterva, que até agora não engoliram o gosto amargo da derrota. E não adianta Euzinha dizer à máquina o que disse aos delirantes partidários do inominável em New York, New York, o supremo ministro da Corte Suprema: “Perdeu, Mané! não amola”.
Na verdade, além de longos oito anos de serviços prestados, cometi uma sulada com o PC, e o bicho apagou geral. Até sair o diagnóstico, minha vida intelectual, digamos, está à beira do precipício.
Sinta o meu desespero: no HD estão os livros em fase de produção – um romance, seleção de crônicas, contos e poesias. Está tudo que produzi nos últimos 25 anos: os originais dos livros publicados, os inéditos infantis, textos avulsos, memória dos lançamentos dos livros já publicados, fotos pessoais, familiares, profissionais, projetos.
Para acabar de completar, não faço backup desde, se bem me lembro, o ano passado, e produzi bastante nesses tempos quase de pandemia.
Não é desleixo, é teimosia e ignorância. O HD externo tem se recusado a conectar no computador, e esta escriba é cismada com a tal da nuvem. Depois dessa, vou ter que despachar a cisma, sacudir a preguiça e migrar; dói menos do que o inevitável.
A boa notícia é que a memória auxiliar, o HD externo, está viva. O não-funcionamento se deve a duas coisas, me disse o técnico: maresia acumulada e a, digamos, vontade própria do equipamento de 1 terabyte, que prefere portas com capacidade de 3 gigas, e as do meu PC é de 2 gigas. Até rola… na sorte.
Pois não é o que eu digo… Tecnologia é benção, quando funciona.
Significa que, ao menos, o passado se faz presente, e neste caso, é um alívio, um refrigério.
Escrever no smartphone é autoflagelação, e não sou chegada a masoquismo. Boto fé no sorriso do Romero, o técnico meu salvador no Recife. E enquanto não sai o diagnóstico do portátil e sua possível recuperação, vou me virando por aqui.
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A Tal Mineira 