O microfone e o machismo galopante

por Sulamita Esteliam
Rafael Freire, presidente do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba, em ato em frente ao Sistema Correio
Rafael Freire, presidente do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba, em ato em frente ao Sistema Correio – Foto: Sindjor PB

 

O radialista Fabiano Gomes
O radialista Fabiano Gomes

Acabo de receber, via Rede Mulher e Mídia, nota de repúdio do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba contra manifestação explícita de machismo e dose maciça de ignorância, para dizer o mínimo, de um radialista da Rádio Correio, da vizinha João Pessoa, Paraíba. A colega Sônia Lima compartilhou.

É prova cabal de que as pessoas com acesso a meios de comunicação precisam refletir sobre a responsabilidade que é ter um microfone, uma tela, um teclado, uma página de papel ou virtual à mão. Quem fala e  escreve o que quer, escuta e lê o que não quer.

E tem que estar disposto a pagar o preço. Mesmo que conte com a cumplicidade temporária do veículo de ocasião. Na hora em que o bicho pega, meu irmão, o patrão se safa e deixa o empregado na sarjeta.

Transcrevo o trecho principal da nota:

NOTA DE REPÚDIO A FABIANO GOMES E AO SISTEMA CORREIO

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vêm a público manifestar seu mais veemente repúdio às declarações preconceituosas, machistas, caluniosas e violentas proferidas pelo radialista Fabiano Gomes nas edições dos dias 04 e 05 deste mês do programa Correio Debate (Rádio Correio – 98.3MHz).

No primeiro episódio, Fabiano usou de toda uma sorte de baixas palavras para se referir às mulheres, incitou a violência física, moral, de gênero e revelou seu absoluto despreparo profissional para atuar como radialista, profissão da qual se exigem preparo técnico e intelectual, compromisso com a verdade, com a ética e com os direitos humanos.

Imediatamente, o jornalista Rafael Freire, que é presidente do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba e vice-presidente regional da Fenaj, transcreveu em sua página pessoal no Facebook um pequeno trecho do comentário que o radialista acabara de fazer ao vivo. A reação na rede social foi imediata, gerando centenas de compartilhamentos e grande revolta entre o público em geral, mas especialmente em dezenas de jornalistas, que condenaram a atitude de Fabiano.

Já no dia seguinte, o apresentador usou os dez primeiros minutos do programa para, de maneira absolutamente hipócrita, desculpar-se com os ouvintes e as mulheres que se sentiram ofendidas com seus comentários no dia anterior. Logo em seguida, após o intervalo comercial, esta mesma pessoa, que acabara de falar em tom manso e que até mesmo se colocara como vítima de preconceito, atacou, aos gritos, de forma mentirosa e violenta,o jornalista Rafael Freire, chamando-o de vagabundo, invejoso, “babão”, afirmando que não representava a categoria e que seu diploma universitário de jornalista não vale nada porque lhe falta talento.

Por fim, afirmou que a postagem no Facebook era mentirosa e que se fosse provado que correspondia ao que ele dissera no dia 04, retiraria tudo o que dissera no dia 05.

Muita coisa poderia ser dita sobre o companheiro Rafael Freire, mas vamos nos limitar a afirmar que, em seus 12 anos de militância política, tem se dedicado integralmente às lutas estudantis e do povo trabalhador, contribuindo (com sua formação política e profissional) em inúmeras ações para a transformação social do nosso país, sonho de qualquer homem ou mulher de bem. Além disso, Rafael se formou em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela UFPB, em 2006, e, desde então, exerceu diversos trabalhos como assessor de imprensa em entidades sindicais, como repórter-fotográfico e como jornalista responsável pelo periódico A Verdade.

Os gravíssimos fatos aqui relatados são um ataque frontal à cidadania. O mal uso dos veículos de comunicação na Paraíba e no Brasil está institucionalizado e deve ser combatido por toda a sociedade, que sofre com este tipo de comunicação sensacionalista, grotesca, venal, tendenciosa e antijornalística. Infelizmente, isto tudo não é consequência apenas do comportamento isolado de uma pessoa. É fruto de uma estrutura das comunicações cada vez mais monopolizada, preocupada apenas com seus interesses comerciais e sem nenhum compromisso com o interesse público e a transformação social.

No mais, queremos responsabilizar também o Sistema Correio de Comunicações por tudo que é publicado e veiculado por suas empresas, uma vez que o rádio é uma concessão pública, cedida pela União/Governo Federal. Ou seja, a liberdade de expressão vai até o limite do respeito e das leis vigentes, limites frequentemente transgredidos por este sistema, já que responde na Justiça por ter exibido num programa do apresentar Samuka Duarte uma cena de estupro e porque, no último mês de setembro, foi autuado pela fiscalização do Ministério do Trabalho (a partir de denúncia feita pelo Sindicato), em 23 infrações diferentes por descumprimento da legislação trabalhista (especialmente pela falta de pagamentos de horas extras), e isso apenas em relação aos profissionais do jornal Correio da Paraíba.

Incitar à violência, incidir em preconceito, caluniar, xingar é crime. Exigimos o direito de resposta a Rafael Freire no referido programa, com o mesmo tempo de duração do comentário danoso, e declaramos que vamos buscar os meios legais para que mais este fato não fique impune e que não se repita.

João Pessoa, 06 de dezembro de 2013

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba (Sindjor-PB)

Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)

Clique para ler também no sítio do Sindicato da Paraíba.

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Os áudios dos ataques às mulheres e a Rafael Freire, presidente do Sindicato dos Jornalistas, estão postado no Youtube. São documentos para subsidiar as devidas providências pela Comissão de Ética da Fenaj -Federação Nacional dos Jornalistas.

Ouça-0s, mas adianto que é preciso ter estômago:

1 -Machismo é pouco!

2 -O que é isso, companheiro!?

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