As mulheres decidem, e podem se orgulhar

Linda foto clicada pelo querido Paulo Lopes no Encontro Rede Mulher em Comunicação em Maragogi/AL, promovido pelo Centro de Mulheres do Cabo/PE  em outubro de 2010. Onde estiver, sei que está feliz. Se estivesse entre nós, votaria Dilma 13, com certeza
Linda foto clicada pelo querido Paulo Lopes no Encontro Rede Mulher em Comunicação em Maragogi/AL, promovido pelo Centro de Mulheres do Cabo/PE em outubro de 2010. Onde estiver, sei que está feliz. Se estivesse entre nós, votaria Dilma 13, com certeza
Por Sulamita Esteliam

Nós mulheres somos mais da metade da população brasileira: 51,3%, segundo o Pnad /IBGE 2012 e 52% do eleitorado, de acordo com o TSE. De há muito ocupamos as universidades – 57% das matrículas no ensino superior. No mercado de trabalho, também, beiramos a metade: 49,3% da população economicamente ativa, pelos dados da OIT – Organização Internacional do Trabalho.

Se dúvidas havia, já provamos que podemos, sim, governar um país. E devemos nos orgulhar de termos essa oportunidade, ainda rara no mundo, pela segunda vez.

Comandamos nossos lares, não apenas como mães, donas de casa, cuidadoras: 65,8% das mulheres casadas contribuem com 40,9% das despesas dos lares, ainda segundo o IPEA. A cada ano, mais e mais mulheres são responsáveis pelo sustento de suas famílias: 37% nas diferentes classes sociais. Ombro a ombro com os homens ou sozinhas, somos cada vez mais protagonistas de nossos destinos.

Ganhamos salários menores que os homens, mesmo em funções idênticas. Somos minoria, ainda, nos cargos de direção, postos executivos, públicos e privados, legislativos, judiciários, sindicais, religiosos. Ainda reclamamos parceria na dupla, tripla jornada.

Não obstante, estamos a um passo de ter um segundo mandato na Presidência da Republica. Só depende de nós. Afinal, somos a maior parte do eleitorado: 51,8%, para ser exata.

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Amassamos barro, manejamos enxadas, rodos e vassouras. Pilotamos fogão, tanques e máquinas de lavar. Mas também dirigimos empresas, clínicas, hospitais, escolas, hoteis, mercados. Comandamos obras, redações, linhas de produção, veículos individuais e coletivos – lares, templos, terreiros e bordeis. Brilhamos nos palcos das artes e da vida.

Nos perdemos e nos achamos em meio a fraldas, livros, cuecas, computadores, laços, tratores,  espinhas, terços, cólicas,  textos, véus, tintas, cálculos, desejos, culpas e odores – redes, humores e lençóis. Sangramos, regularmente. “Bicho esquisito”, já cantou Rita Lee.

Parimos. “Somos metade da humanidade e mãe da outra metade”, ecoa a frase de uma líder comunitária recifense, há coisa de 14 anos.  Somos mãe, e isso é sublime, quando temos o direito de escolha. Nosso existir vale mais do que querem nos fazer crer o moralismo obsceno e o fundamentalismo conveniente. Também temos o direito ao cuidado da vida.

Semeamos. Esperneamos. Plantamos. Regamos e colhemos. Pintamos e bordamos. Muitas vezes, tudo ao mesmo tempo: somos estéreo – múltiplos canais para diferentes ressonâncias. Talvez por isso, nos traduzam anjas ou demônias – trôpegas, loucas, absolutas. Quem não é?

Mulher assertiva é autoritária, agressiva? Ou é fêmea que se impõe num mundo onde o macho sempre deu as cartas? “Mulher que nega, nega o que não é para negar”? Ou valoriza o direito de ser senhora dos seus próprios caminhos.

Há quem ache que mulher pode, no máximo, ser sindica de prédio. Claro, miss simpatia, também. O estereótipo da imagem não sustenta nossa realidade. Nosso cotidiano é faina. Nosso tecer é teia delicada, muitas vezes, nas dobras do talvez. Ainda assim seguimos adiante, dominamos nossos medos, galgamos escarpas, construímos trilhas – passo a passo.

Somos de Vênus, sim. Mas também somos de Marte. Navegamos conforme a maré. Todavia,  sabemos nadar contra a corrente, contornar obstáculos, feito o rio que traça seu próprio curso. Temos mãos que afagam e pulso que sustenta.

Provamos que podemos governar, e bem, um país.

Minha geração levou duas décadas para poder votar para presidente da República. Vivenciamos  o obscurantismo da negação da nossa cidadania por 21 anos. Esta reles escriba faria 29 anos quando votou para governador pela primeira vez, em 1982. Fomos para as ruas na campanha das diretas, muitas de nós empurrando carrinhos de bebê ou com filhos no colo e/ou pelas mãos. Nas camisetas, o fato: Minha mãe (Meu pai) nunca votou para presidente. Diretas, JÁ!

Euzinha mesmo pintei as camisetas de meus três rebentos, e os arrastei “feito chaveirinhos” – expressão que tomo emprestada ao meu primogênito e único filho, Elgui -passeata após passeata, comício após comício…

Só conquistamos o direito de escolha cinco anos depois, em 1989.

A nova geração de mulheres brasileiras vive outro tempo, outra realidade. Quem tem hoje 16 anos, a idade da minha segunda neta, pôde dar seu primeiro voto para uma mulher, no primeiro turno destas eleições. Minha filha caçula o fez aos 17 anos, em 2010.

Melhor, há quatro anos, no primeiro turno, meninas de todas as idades puderam optar entre duas mulheres; nestas eleições eram três candidatas do nosso gênero. Não três mulheres quaisquer, porque mulheres existem de diferentes matizes. Mas três mulheres forjadas na luta, na defesa dos direitos democráticos e da cidadania plena. Uma delas se tornou a mulher mais votada de todos os tempos no Brasil, quiçá do Planeta – por livre expressão da vontade popular.

Estamos a dois passos de decidir os destinos da Nação, numa segunda oportunidade de escolha. Um gesto, aparentemente, simples, mas de profundo impacto no futuro de várias gerações.

Mais uma vez, há dois projetos, bem distintos, em disputa. E ainda há muito o que fazer para o Brasil se tornar um país mais justo e igualitário, um país com oportunidades reais para todos seus filhos e filhas. Podemos avançar ou retroceder.

Nós decidimos.

Sobretudo, as mulheres decidem.

Não fujamos de nossa responsabilidade. Antes, dela nos orgulhemos.

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PS: Este texto foi publicado, originalmente, na  , por ocasião do segundo turno das eleições em 2010, quando elegemos a primeira mulher presidenta do Brasil.

Fiz algumas adaptações para adequá-lo à realidade atual.

Para as céticas, sugiro ler a análise das propostas e posturas de Dilma para e com as mulheres em comparação com o adversário  – na Agência Patrícia Galvão.

Bom Dilma 13 no domingo.

Latuff para o Brasil 247
Latuff para o Brasil 247

 

Sim, agora, ao escrever a saudação, lembrei-me da colega jornalista mineira, Luciane Almeida, e de uma mini-crônica, digamos assim, que ela me enviou para publicar no blogue. Acabei esquecendo-a entre as zilhões de mensagens da minha caixa de correio.

Luciane afastou-se do jornalismo depois de um acidente que limitou seus movimentos. Já publiquei escritos dela aqui – também aqui, aqui, aqui e aqui. É do tipo que ainda acredita que jornalista pode ser imparcial.

Desta vez, brinquei com ela, falando sério: “Menina, A Tal Mineira tem lado, e não o esconde. Mas também abomina a censura”.

Aí vai:

AMARELO X VERMELHO

MINAS NAS ELEICOES

por Luciane Almeida

Pela primeira vez em Minas eu vi um espetáculo curioso durante o primeiro turno das eleições: foi marcada pela briga do amarelo x vermelho. Como sempre, o PT veste de vermelho para homenagear o partido. A cor  vermelha identifica os seus  eleitores. Pois bem, usando a mesma estratégia, Aécio Neves lançou a campanha do amarelo. Os eleitores de amarelo do Aécio e os de vermelho da Dilma. Pelas ruas e nos locais de votação era visível o amarelo e o vermelho. a briga do amarelo x o vermelho. O espetáculo deve se repetir na disputa do segundo turno. Que vença o melhor!

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