
por Sulamita Esteliam
Muito triste o que aconteceu em Bento Rodrigues. Seja qual for a causa do rompimento das barragens de rejeitos e água da lavagem de minério, a vida das pessoas que ali tinham um lar, uma história pessoal e coletiva, virou de ponta-cabeça. Terão que recomeçar, não obstante. Sorte de quem carrega na mente o que viveu. Memória é referência, ponto de partida.
Os sobreviventes ainda devem agradecer a chance de seguir adiante, de poder contabilizar prejuízos, de poder chorar seus mortos. Não é fácil, mas essa energia é combustível essencial. A vida não tem preço, é fato. Só que, às vezes, cobra cada miligrama de ar. É preciso pulmões de aço para tocar em frente.
Decorridas mais de 36 horas, não se sabe ainda o número de mortes. Confirmada uma. Há 13 desaparecidos, segundo o Corpo de bombeiros; 45 de acordo com o Metabase – o sindicato que abriga os trabalhadores da mineração – e que fala em até 16 mortos.
É óbvio que a prioridade, nessas circunstâncias, é atender as vítimas, resgatar e tratar os feridos, buscar e identificar os mortos. Sobretudo, cuidar para que os redivivos toquem suas vidas com um mínimo de conforto e dignidade enquanto buscam recuperar o prumo.
Acidente ou descaso, contudo, é a questão que não cala, sempre que nos deparamos com tragédias feito esta. Tragédia humana, patrimonial e ambiental, cujas causas têm sim, que ser apuradas com rigor.
Governos federal e estadual estão em sintonia para as providências devidas. O governador Fernando Pimentel, através de nota oficial e de visita pessoal aos locais atingidos. A presidenta Dilma Roussef, via Twitter, onde se solidarizou com as vítimas e anunciou medidas de auxílio às pessoas e ao estado.
A mineradora Samarco, empresa do grupo Vale, assume a responsabilidade. Embora afirme que desconheça os motivos do rompimento, e admita que há risco de novo acidente com uma terceira barragem do sistema. Isso é grave.
Além de Bento Rodrigues, o distrito de Paracatu de Baixo, esta totalmente coberto, de acordo com as reportagens locais. A lama atinge outros três distritos – Águas Claras, Ponte do Gama e Pedras – e mais a vizinha cidade de Barra Longa, a 70 km do povoado.
O lugarejo de Bento Rodrigues é um vale encravado entre Mariana, da qual é distrito, e Ouro Preto, ao largo do caminho pela MG 129. É um sítio histórico, como de resto toda a região, com cerca de 600 habitantes. O tempo, ali, se recusa a passar, desde a fundação 1718, a despeito das cicatrizes que o avanço da mineração da riqueza de seu solo imprimem nas montanhas circundantes.
Tudo agora é um mar de lama.

Reportagens e notas oficiais sobre a tragédia:
- Estado de Minas/Portal Uai: Barragem de rejeitos se rompe em mineradora de Mariana
- O Tempo: Barragem de mineradora se rompe em Mariana
- Hoje em Dia: Samarco não descarta problemas na estrutura da terceira barragem
- Agência Brasil: Rompimento liberou 62 milhões de metros cúbicos de rejeito, diz mineradora
Mineradora diz que não sabe as causas do rompimento das barragens
- El Pais/Brasil: Barragem se rompe em Minas e deixa mortos e dezenas de feridos// Imagens do mar de lama
- No Google, um painel fotográfico sobre o desastre.
- Agência Minas Gerais: Governo de Minas une esforços para ajudar a população de Bento Rodrigues e Região
- Leia também a Nota à Imprensa, divulgada na quinta, pelo Governo de Minas
- Blog do Planalto: Dilma lamenta rompimento de barragens em Mariana e anuncia liberação do FGTS para os atingidos
- Samarco informa: Comunicado 1 e Comunidado 2

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