por Sulamita Esteliam
O cartunista Cau Gomez posta sua versão do negrinho de um perna, de gorro e cachimbo, sua força mágica, imortalizado por Monteiro Lobato. E nos lembra no Instagram que o 31 de outubro é Dia Nacional do Saci-Pererê.
A data foi instituída pelo PL 2479/2013, contraponto nacional à cultura norte-americana do do Halloween, Dia das Bruxas. Mantenho o registro, apesar de as horas já terem se dobrado no relógio, enquanto escrevo.
O artista nos conta, na postagem, que sua arte foi feita sob medida, em tinta acrílica sobre papel, encomenda-homenagem ao escritor e também cartunista Ziraldo, que Cau chama de “Mestre”, numa coletiva no Rio de Janeiro, em 2007.
Ziraldo é o criador de Pererê, personagem de uma série de HQs sob o título “A Turma do Pererê”. Data de 1959 e foi publicada em forma cartoons na antiga revista O Cruzeiro. Nos anos 60, virou revista em quadrinhos, publicada pela mesma editora até 1964.
Em 2012 tornou-se série veiculada pela TV Brasil. E, desde julho, é exibida pelo mesmo canal em forma de motion comics, quadrinhos animados, a partir das tirinhas publicadas pelo Jornal do Brasil na década de 70 do século passado. A TV Animada vai ao ar de segunda a sexta, às 10:45 horas.
O criador se recupera de um AVC sofrido no final de setembro. Sáude, Ziraldo! Vem se submetendo a tratamento fisioterápico. Mesmo hospitalizado, encontrou forças para gravar mensagem de apoio a Fernando Haddad, pela democracia e contra o fascismo, no segundo turno das eleições.
Quanto ao Cau, ele vem de mais uma, dentre tantas premiações em seu currículo, quatro prêmios só este ano, desta vez na Viborg Cartoon Awards, na Dinamarca. Ficou dentre os três primeiros lugares, dentre 1.250 cartoons enviados de 80 países. “Um inquieto 3º lugar”, na definição do artista.
Os outros cartunistas premiados são: Cost, da Bélgica, 1º lugar e Heridari, Iran/França, em 2º lugar.
O tema Inteligência Artificial. Cau explica, também em postagem na rede social:
“O meu cartoon é fruto de uma antiga busca e pesquisa por técnicas particulares de pintura e novas soluções gráficas para o desenho de humor. Foi impulsionado pelo oportuno tema sugerido no regulamento: “Inteligência artificial”.
“Não gosto de explicar meus desenhos, mas posso dizer que consegui misturar em um mesmo espaço ícones clássicos e tecnológicos. Pedras preciosas, ostentadas numa poderosa coroa real, se transformaram em multifuncionais pictogramas dos aplicativos da comunicação nas mídias sociais que dominam o nosso dia a dia. “
Em Kopenhagen, o cartunista foi instado a se pronunciar, por palavras e traço sobre o o momento político no Brasil e a ameaça do fascismo. Não titubeou.
Somos amigos há 30 anos, desde que nossos caminhos profissionais se cruzaram na efervescente criação do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte.
Cau era apenas um garoto de 15 anos, tímido e franzino, mas dono de um traço personalíssimo, que a vivência da arte e a experiência só fez aprimorar o vigor.
Nos encontramos em Beagá em setembro, ele em férias, no retorno de São Paulo, aonde foi laureado com o primeiro lugar na categoria cartoon, na 45ª edição do tradicional Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
Pena que foi muito pouco tempo para tanta história a resgatar e a contar.
Criaremos oportunidades, afinal somos quase vizinhos. E combinamos que ele fará a capa do meu próximo livro.
Adorei conhecer sua companheira, incentivadora e cúmplice, Letícia Belém, adorável; uma mineira com quem se encontrou em Salvador, onde residem, e criam, e amam, e encantam.
A Tal Mineira 