O crime que arrasou Bento Rodrigues e a vida de sua gente faz três anos e segue impune

por Sulamita Esteliam

Ismael dos Anjos, primo-sobrinho e coleguinha de profissão, mas fotojornalista de primeira, além de bom escrevinhador, lembra no Instagram e no Facebook os três anos da tragédia-crime de Mariana.

E posta cinco fotos das dezenas, talvez centenas, que ele fez em reportagens sobre o maior desastre ambiental de todos os tempos no Brasil. Quem comentar e marcar três pessoas, concorre ao sorteio das fotos, que acontece dia 09 próximo.

As regras do sorteio podem ser acessadas em instagram.com/ismaeldosanjos/

São imagens de cortar o coração, ao tempo em que carregam uma indignação sem medida.

É a impunidade as nos esfregar na cara o poder do dinheiro.

Hoje e amanhã, como ontem e sempre. Como diz Ismael “um crime continuado, ad eternum”.

Fotos de arrombar, retratos de uma tristeza imensa de vidas interrompidas, estancadas sob a lama.

Escreve Ismael dos Anjos

“Desde 2015, a cada dia 05 de novembro, se repete um aniversário que não se comemora. Hoje se completam exatamente três anos que o maior crime socioambiental do Brasil aconteceu.
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O processo criminal que deveria responsabilizar as mineradoras Samarco, Vale do Rio Doce e a BHP Billiton ainda se arrasta na Justiça. As vítimas, de Bento Rodrigues (MG) à Regência (ES) continuam sofrendo seus impactos: além dos entes queridos que não voltam mais, os que perderam suas casas não têm um lugar definitivo pra chamar de lar e os que dependiam do Rio Doce têm um rio contaminado onde antes iam pescar ou se banhar.
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Quando o crime fez 6 meses, soltei 12 quadros nas ruas de Belo Horizonte (na frente de sedes da Vale) e São Paulo para fazer barulho, incomodar um pouco e não esquecermos desse absurdo contínuo. Farei o mesmo essa semana, dessa vez por aqui. Na sexta-feira, vou sortear cinco quadros de 50x75cm com essas 5 fotos do post (capturadas em Bento e Regência) entre os seguidores que comentarem nesse post (as regras estão descritas abaixo). Assim, cada vez que alguém olhar para a parede da casa de vocês, o recado fica claro: #nãoesqueçamariana.
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Peço que, na medida do possível, ajudem a fazer barulho. As regras do sorteio e das entregas, pra não ter bagunça: comentem no post, me sigam (se já não o fazem) e marquem dois ou três amigos. A retirada dos quadros será em São Paulo ou Belo Horizonte (caso seja necessário, o envio para outras cidades fica por conta do sorteado). Sorteio sexta, 09.11.”

Pronto, é a contribuição deste A Tal Mineira, modesta, reproduzir aqui o apelo para “fazer barulho”: #nãoesqueçamariana.
Nossa vida se tornou, mesmo, uma barafunda. Claro, há que discorde, e sempre haverá, sobretudo aqueles que creem que o mundo gira em torno deles, e para alguns, poucos, é verdade.
As perspectivas do País e o impacto da lama, literal e figurativa, na existência coletiva, mas sobretudo na dos que mais precisam da presença do Estado, são de estrago permanente.
O MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens organizou uma jornada de lutas para não deixar cair no esquecimentos os três anos do rompimento da barragem de rejeitos da Samarco (Vale e BHP), ocorrido no dia 5 de novembro de 2015.

Começou no domingo 4,  com o encontro de mulheres e crianças atingidas. Segue até dia 14 de novembro. Marcha que percorre cidades e comunidades que foram atropeladas pela avalanche de rejeitos de minério e vidas.

A lama atingiu cerca de 43 municípios ao longo da bacia do Rio Doce, até o Mar no Espirito Santo. Fez quase duas dezenas de mortos, na contagem oficial. Ainda hoje, e para sempre, há pelo menos um desaparecido.

Destruiu casas, arrastou bens, desmontou modos de vida, desarticulou fontes de renda, arrasou sonhos e projetos.

Resistir é navegar, mesmo contra a maré.

Diz o lema do Movimento dos Atingidos por Barragens:

“Do Rio ao Mar: Não vão nos calar! 
Seguimos em luta por direitos e justiça.”

Então, para além da resistência, há a necessidade de consolo, solidariedade, afeto. Há muitos deprimidos dentre os sobreviventes, boa parte jovens que se viram de repente sem passado e sem horizonte.

Por isso, o MAB, também, faz um apelo: quem puder e quiser, escreva uma carta de apoio e envie para mab@mabnacional.org.br/ Ou grave um vídeo solidário e poste nas redes sociais com a tag #3AnosDeLamaeLuta

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