por Sulamita Esteliam
Sempre digo que desfruto de atenção e concentração difusa. Que me perdoe a Psicologia, que está aí para me contraditar.
Traduzo assim: sou capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo e ainda conversar sobre assuntos diversos; mesmo que ao interlocutor possa parecer que não estou prestando atenção.
Pois bem, digo que nas últimas semanas, em Minas e sobretudo em São Paulo, tenho feito de tudo, menos me concentrar. Embora tenha distribuído atenção a granel.
Resultado: não tenho conseguido escrever. E a atualização do A Tal Mineira foi para o espaço. Lamento, mais do que você que me honra com o acesso.
Alguém há de se lembrar que estou ficando velha. Isso é fato. Assim como a única verdade possível é que só não fica velho quem morre cedo. Como diz a minha irmã Lili, a gente já nasce com prazo de validade, só não vem com etiqueta ou código de barras.
Estou de volta ao Recife, desde a madrugada da última quarta, 22. Sim, foi a saudade que me trouxe pelo braço. E não era apenas o maridão o objeto do banzo.
Até porque, estivemos juntos durante a semana em Sampa, após minha longa estada na Macondo de origem, pós-lançamento Beagá. E foi essencial tê-lo ao meu lado, e em situação inusitada para mim: o lançamento do meu novo livro – Em Nome da Filha, Viseu/2018 -, pela primeira vez na pauliceia desvairada.
Quando do primeiro livro – Estação Ferrugem, Vozes/1998 -, há 20 anos, não tive costados para dar as caras por lá.
O que me trouxe de volta, numa pausa da divulgação necessária em outras praças, foi a saudade do meu canto, da minha cama, das minhas coisas, do meu quintal pleno de brisa e maresia.
E claro, da prole e da prole da prole daqui em terras pernambucanas.
Fôlego primordial.
Pedi licença à dona Maria para vir aqui justificar minha ausência prolongada. Ela está no comando desde que girei a chave e adentrei ao lar. Alás, baixa com força sempre que retorno de longa temporada fora de casa, por motivos óbvios.
E assim é. Retomo devagarinho… e em má companhia!
Abstenho-me de analisar a estada no Recife do capitão-fake-delirante que desgoverna o país. Necessário dizer, porém, que ele pegou carona na reunião anual da Sudene para dar as caras por aqui, onde definitivamente não é bem-vindo.
Em Petrolina, para onde seguiu direto da capital pernambucana, a Câmara Municipal recusou a proposta de dar-lhe o título de “cidadão honorário”.
O que não quer dizer que não tenha apoiadores.
Fernando Bezerra, por exemplo, que já foi ministro de Dilma e depois apoiou o golpe que a depôs, agora é líder do desgoverno no Senado.
Vamos convir que o sobrenome lhe cai como uma luva – haja teta!
O Marco Zero Conteúdo cobriu a visita presidencial a Pernambuco. A reportagem está bem equilibrada.